Monday, May 14, 2007

- Não acredito que estou fazendo isso. Devo ter desmaiado e acordado num universo paralelo.
- Não reclama Evie, não é tão ruim assim. É só um jogo pela vaga na semifinal. - eu disse.
- E também porque Iago quer se exibir pra você não é Milla? Ouvimos o jeito que ele pediu para você vir ao jogo. Tão bonitinho... – disse Vina.
- É, e ela até sabe que é pela semifinal, antes ela nem saberia explicar porque este jogo é importante. - disse Annia , e começou a rir com as outras.
- Há, há muito engraçado, suas tontas. – respondi de bom humor e tornei a olhar para o alto. O jogo estava acirrado, a Ansuz precisava vencer se quisesse uma chance de disputar a copa das casas e um dos times havia pedido tempo.
- Recomeça o jogo. E a goles está com Oblonsky, que faz uma jogada ensaiada com Kerenin e é ponto da Berkana. - e a metade do estádio vaiou e a outra metade aplaudia. Logo a Ansuz recuperava a goles. O narrador se empolgou:
- E os artilheiros da Ansuz estão mostrando garra: a posse está com Ivanov, ele está jogando com força total, lançou para Parvanov que desviou de um balaço lançado por Karkaroff, mas o batedor da Berkana Zagrev chegou a tempo e rebateu o balaço, que desequilibrou o artilheiro da Ansuz e ele soltou a goles. Vejam Dimitrov recuperou e parte com tudo pra cima do seu adversário, o goleiro Dolohov.
É agora, é agora, arrreeeeeee o goleiro salvou o aro, e a Berkana tem a posse da goles novamente, mas por pouco tempo vejam como Ivanov roubou a goles e dá uma volta para escapar de Karkaroff, lá vem um balaço lançado por Zagrev, Tolstoi da Ansuz rebate o balaço com força e quase acerta Medved que desvia. É, o jogo vai ser longo, e ninguém quer desistir, é a vaga para a semifinal.
De repente o apanhador da Ansuz viu alguma coisa e começou a descer rápido, o apanhador da Berkana foi atrás, e logo estavam emparelhados de braços esticados, e a arquibancada prendia o fôlego.
- Eles vão bater. - disse Vina apavorada.
- Eles não, só o nosso apanhador vai se dar mal nesta. – respondi automaticamente percebendo que a vassoura dele não iria frear e levantar vôo antes da pancada.
Não deu outra. Logo o narrador gritava:
- E VENCE A BERKANA! Medved pega o pomo e encerra partida: 250 a 100, este é o placar. A Berkana vai disputar a semifinal... - e continuou falando. Eu e minhas amigas começávamos a sair da arquibancada, enquanto os dois times se reuniam no campo. Um para comemorar e o outro para superar a decepção, quando ouvi uma menina do meu lado:
- É briga! Aposto que foi o Karkaroff...
- Porque ele iria brigar? Ele venceu. – respondeu Evie, não parei para ouvir mais nada, já descia rápido em direção ao campo. Logo os professores entravam e apartavam a briga, mas de onde eu estava já dava para ver alguns narizes sangrando. Consegui chegar perto de Iago e ele não era exceção. Parecia ter levado um bastão no rosto, o nariz sangrava e um hematoma já se formava no seu queixo. Luka tinha o lábio e o supercílio sangrando, além de um olho que ia ficando roxo. Ambos ainda se encaravam de punhos fechados. Ao ver o estado dos dois assim tão de perto, fiquei assustada. Só ouvi as ultimas palavras que trocavam:
- Da próxima vez controle a boca do seu apanhador Luka...
- Sabia que isso não ia durar muito. Você não resiste a uma pancadaria...
- Iago o que houve?- perguntei e tentei por a mão em seu braço, tentando acalmá-lo.
- Nada. Deixe-me sozinho. – ele se esquivou do meu toque e saiu do campo rapidamente. Fiquei ressentida e ameacei ir atrás dele, Luka me segurou:
- É melhor deixar ele esfriar a cabeça.
- Porque estavam brigando? O jogo já tinha acabado, e você nunca briga – disse irritada enquanto puxava meu braço.
- Talvez antes eu não tivesse um motivo real para brigar com ele, Milla. - e me encarava sério. Seu olho direito começava a fechar e antes que eu dissesse mais alguma coisa o professor de vôo o mandou para a enfermaria. Encontrei minhas amigas e após verificarmos na enfermaria que Max, o irmão de Evie estava bem, eu disse:
- Quero saber onde o Iago está. Ele não veio para cá e está machucado.
- Ele deve ter voltado para a república dele. Para onde mais ele iria?- respondeu Vina enquanto íamos para nossa casa. Ao passar em frente da Chronos, disse a elas para continuar que logo eu voltaria para casa. Entrei e estava tudo silencioso. Ouvi uma movimentação na parte de cima e resolvi subir até os quartos. Aproximei-me e bati na porta antes de entrar.
Iago estava deitado na cama coberto com um lençol, de olhos fechados e uma pasta alaranjada estava em cima do seu queixo. O amigo dele Riven, estava terminando de amassar alguma coisa numa tigela.
- Oi Milla. Estava me perguntando quando você chegaria aqui. - sorriu.
- O que você está fazendo? - perguntei me aproximando da cama e notando as vestes sujas de sangue jogadas no chão. Iago parecia dormir e marcas azuladas estavam em volta do seu nariz.
- Já consertei o nariz dele, agora estou fazendo este ungüento para a dor. Ele vai ter dificuldade para respirar por um tempo, depois que acordar. Tive que sedá-lo, a pancada foi feia.
- Riven, sei que sua intenção é boa, mas ele estaria melhor sendo tratado por um curandeiro de verdade e não por um aluno. Pode haver seqüelas...
- As poções que uso foram ensinadas pelo meu pai, curandeiro chefe em Glasgow. Sei o que estou fazendo, e não é a primeira vez que cuido dos ferimentos dele.
O amigo do Iago era tão cuidadoso no preparo da poção, e parecia tão confiante que relaxei:
- Desculpe duvidar de você. Vai ser bom termos um auror curandeiro no Ministério. O que faço para ajudar?- ele após pensar um momento no que eu havia dito, sorriu e me entregou uma bacia com água limpa e antisséptico. Enquanto Riven espalhava o medicamento no rosto dele, eu limpava os outros vestígios de sangue com uma esponja molhada. Em dado momento eu comentei:
- Queria entender porque houve esta briga idiota. Era só um jogo.
- O Volchanov, disse que a Berkana estava roubando e quando Iago o chamou de mau perdedor, ele perguntou se Iago ia exibir a marca negra para assustar, aí ele perdeu a cabeça. O Iago odeia ser comparado ao pai.
- Como vocês ficaram amigos?- perguntei.
- Havia uma turminha aqui que adorava espancar os alunos e os roubava. Um dia, ele sem me conhecer comprou briga com eles. Era uma turminha que achava serem os donos da escola, mas tinham certo respeito por ele, pois Iago já tinha fama de ser violento. Deixaram-me em paz, mas no fim daquela semana, Iago voltou para casa todo machucado e eu percebi o que tinha acontecido. Peguei meu kit de poções e lembrei de tudo que meu pai havia ensinado e cuidei dele. Nunca falamos sobre isso, mas começamos a andar juntos. – eu olhava com admiração para Iago e via sua respiração se tornar mais suave, a expressão de dor havia sumido.
- Fico feliz porque ele pode contar com você Riven.
- Ele é meu amigo. Vai poder contar comigo sempre. - ele respondeu sério. Ficamos cuidando dele até tarde. Depois Riven me acompanhou até a Avalon e ao me deitar agradeci a Odin, pelos bons amigos que surgiam em nosso caminho.

Riven acabou se tornando um medibruxo, Iago se machucava demais nos jogos.