Sunday, July 05, 2009

It's time to say goodbye...





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Terminar um Blog é sempre triste, principalmente quando foi um Blog que criamos de uma hora pra outra, e da mesma forma se tornou um dos nossos favoritos. Nossos personagens sofreram em nossas mãos, mas todos cresceram com tudo que passaram e terminam os estudos com futuros promissores. Daqui pra frente, cada um continuará suas histórias no seu próprio espaço e o Instituto Durmstrang ficará fechado.

Para sempre? Claro que não. Logo ele será ativado outra vez, com novos personagens e novas histórias sinistras para contar, mas ainda não temos previsão de quando eles darão as caras por aqui.

Então enquanto os novatos não vêm, ficamos acompanhando as doideiras que os nossos bons e velhos personagens irão inventar agora que já são adultos formados e cada um tem as responsabilidades da carreira que escolheu.

Agora é cada um no seu quadrado:

http://www.fairytales-in-reverse.blogspot.com/
http://www.close-ward.blogspot.com/
http://www.sweet-sinister.blogspot.com/
http://www.redemption-word.blogspot.com/
http://www.just-for-boys.blogspot.com/
http://www.alchemist-boy.blogspot.com/
http://www.os-renegados.blogspot.com/

Sendo assim, declaro encerradas as atividades no Instituto Durmstrang, ao menos até que nosso juízo entre de férias e novos personagens passem das nossas mentes férteis para o papel.

Malfeito Feito.
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

Charles Chaplin



Depois da noite agitada de formatura, com a festa terminando mais de 2 horas da manha, havíamos combinado que ninguém podia dormir. Íamos passar nossa última noite em Durmstrang todos juntos, então depois que nossas famílias foram embora, nos reunimos na beira do lago. Vimos o dia amanhecer sentados na grama, encolhidos do frio e tentando nos aquecer com cobertores, enquanto falávamos bobagens, contávamos histórias e fazíamos planos para as férias. Havíamos todos passado a semana inteira adiando aquele momento, mas com o sol já iluminando os jardins, não podíamos mais deixar para depois: era hora de arrumar as malas.

Nos separamos dos meninos no caminho das repúblicas e antes mesmo de pisarmos na varanda da Avalon o clima já era de tristeza. Ao mesmo tempo que estávamos muito felizes pela formatura, estávamos tristes por isso significar ir embora para sempre. A república ainda estava silenciosa, a maioria das meninas dormia sem preocupação, apenas esperando a hora de tomar café e embarcar para as férias de verão, e subimos sem fazer barulho até o sótão.

Cada uma tratou logo de se ocupar com a sua cômoda e tentávamos não conversar, apenas se concentrar em dobrar as roupas e colocar na mala, para evitar que começássemos a chorar. Mas era como tentar evitar o inevitável. Não demorou muito e ouvi Milla fungar baixinho. Olhei para ela e mesmo estando de costas, sabia que estava segurando uma peça de roupa. Ao ouvir Milla ameaçar começar a chorar, Vina não agüentou e caiu em prantos, esfregando um cachecol no rosto. Abandonamos tudo e corremos até ela no mesmo instante.

‘O que foi, Vi?’ Nina perguntou segurando suas mãos.

‘Esse cachecol, ele... ele...’ Vina sacudiu o pedaço de pano e começou a chorar mais alto.

‘Vina, não estamos entendendo o que você está dizendo’ Falei tentando tirar o cachecol da mão dela, mas Vina o puxou com força e afundou o rosto nele.

‘Eu estava usando esse cachecol quando conheci o Victor e o Ricard!’ Vina falou com a voz abafada por ele e a abraçamos todas juntas ‘Eu não quero ir embora!’

‘Ai gente, é melhor arrumarmos essas malas logo, ou vamos inundar o quarto’ Annia se separou do abraço e voltou até sua cama.

Milla e Nina fizeram o mesmo, mas eu não sai do lugar. Minha atenção se desviou por alguns segundos para uma marca na parede atrás da porta. Caminhei até lá e sorri ao passar a mão nos rabiscos. Era onde marcávamos nossa altura, desde que nos mudamos para cá.

‘Lembram de quando começamos a marcar isso aqui?’ Falei apontando para a parede e todas pararam de arrumar as malas outra vez ‘Não consigo me lembrar o motivo’

‘Foi porque vocês falaram que eu ia ficar anã, pois não tinha crescido nada no verão’ Nina falou fazendo uma careta.

‘Ah é verdade, foi logo que começamos o segundo ano’ Milla parou do meu lado na parede e riu ‘Nina quis provar que estava crescendo e acabamos todas marcando a parede no começo de todo ano’

‘Uma pena que as novas moradoras vão acabar apagando isso’ Vina comentou dando um longo suspiro ‘Vou sentir tanta saudade desse quarto... Lembram como viemos parar aqui?’

‘Claro, como vamos esquecer?’ Annia riu ‘Fomos banidas aqui por matar o Bolhinha da mamãe’ Disse imitando a voz da Olga, a veterana que presidia a republica no nosso primeiro ano e rimos.

‘Aquela garota tinha sérios problemas’ Comentei voltando para minha cama e elas concordaram ‘Por causa daquele peixe idiota, tivemos um primeiro ano difícil’

‘É, ela não facilitou as coisas mesmo, mas a gente se divertiu muito aqui rindo pelas costas dela’ Milla completou e rimos.

‘Meninas?’ Ouvimos uma batida na porta e o rosto de Georgia apareceu pela fresta ‘Posso falar com vocês um minuto?’

‘Claro, Georgia, entre’ Nina respondeu e ela sorriu, entrando no quarto.

‘Não vou demorar muito, sei que estão ocupadas, só queria dizer algumas coisas’ Georgia respirou fundo, como se estivesse tomando coragem, e nos encarou uma a uma ‘Sei que fui uma vaca durante seis anos aqui e nunca ajudei vocês em nada, sempre arrumava um jeito de dificultar as coisas e hoje admito que fazia isso por inveja. Sempre tive inveja da amizade entre vocês, sempre tão unidas. Mas acho que nesse ultimo ano eu mudei e pude até conhecer vocês melhor, o que me permitiu descobrir que perdi seis anos onde poderia ter tido ótimas amigas. Enfim, só queria agradecer por terem me dado esse voto de confiança e dizer que, graças a vocês, hoje posso dizer que tenho amigos de verdade’

Georgia parou de falar e continuou nos encarando, mas logo abaixou os olhos. O primeiro contato que fiz foi com Vina, que deu de ombros parecendo um pouco perdida, então fomos olhando uma para as outras e abrimos um sorriso, indo todas juntas para cima de Georgia e a abraçando ao mesmo tempo, fazendo bagunça. Georgia acabou relaxando e riu.

‘Bom, eu acho que falo por todas aqui quando digo que, contrariando todas as expectativas, hoje também podemos chamar você de amiga’ Falei sorrindo e as meninas concordaram.

‘Mas você foi mesmo uma vaca’ Milla completou e Georgia riu ‘Muito vaca. De verdade’

‘Ok, acho que ela já entendeu, Milla’ Nina falou olhando séria para Milla e rimos.

‘Eu sei, e peço desculpas por qualquer transtorno que tenha causado a vocês’ Georgia falou sorrindo, mas se apressou em secar uma lágrima que queria escorrer ‘Obrigada por tudo que vocês fizeram por mim esse ano, meninas. Não se assustem muito, mas eu amo vocês, ok?’

‘Oohnn!’ Fizemos caras de tia apertando sobrinho fofo e abraçamos Georgia de novo, que acabou não conseguindo conter o choro. Quando nos afastamos ela tinha o rosto todo molhado e o abanava tentando não piorar a situação.

‘Agora preciso ir, ainda quero passar no teatro uma última vez e me despedir do professor Ivo’ Ela sorriu secando o restante das lágrimas e abriu a porta ‘Nos vemos no trem’

Georgia saiu do quarto e depois de nos recuperarmos do choque, demos um tempo nas recordações e voltamos a arrumar nossas malas. Já estávamos acostumadas com o processo de desfazer nossa bagunça nas gavetas e amontoar tudo em uma única mala, mas sempre sem preocupação caso ficasse alguma coisa pra trás, afinal, íamos voltar dentro de dois meses. Agora era diferente, não podíamos esquecer de nada e só de pensar que o motivo era porque não voltaríamos nunca mais, dava até um aperto no coração. Mas cada uma seguiu com a sua arrumação em silencio, controlando a vontade de chorar, e uma hora depois nossas malas já estavam fechadas em cima das camas e as gaiolas com gatos e corujas encostadas no canto perto da porta.

‘É, acho que terminamos’ Nina falou olhando ao redor do quarto ‘Não faltou nada, empacotamos tudo’

‘Mas então porque estou com a sensação de que está faltando alguma coisa?’ Vina suspirou, sentando na beirada de sua cama.

‘Podíamos deixar um registro nosso... O que acham?’ Milla sugeriu.

‘Claro, vamos pixar uma propriedade particular, papai vai adorar’ Annia falou com sarcasmo e rimos.

‘Mas já riscamos a parede, que mal vai fazer mais um pouco de tinta?’ Nina falou dando de ombros ‘E o que pode acontecer? Sermos expulsas?’ E rimos.

‘Se Nina Olenova está dizendo que devemos fazer isso, então é porque não é ilegal’ Falei já animada, puxando uma pena da bolsa ‘E esse quarto foi nosso primeiro, ninguém esteve aqui antes, é nosso direito’

‘Certo, tudo bem!’ Annia se convenceu ‘Mas o que vamos fazer? Só deixar nossos nomes?’

‘Que tal deixar um recado pras próximas gerações de isoladas que morarem aqui?’ Sugeri com um sorriso no rosto e entreguei a pena a Vina ‘Sua letra é mais bonita, você escreve’

‘Escrevo o que e aonde?’ Vina pegou a pena e perguntou.

‘Aqui atrás, assim não fica visível e na primeira arrumação do quarto, elas encontram’ Milla arrastou a cômoda que ficava encostada na parede da janela para o lado, liberando um espaço limpo.

Nos ajoelhamos perto da parede e perdemos um tempo decidindo o que poderíamos escrever, mas logo já sabíamos exatamente o que fazer. Vina molhou a pena no tinteiro e encostou a ponta na parede, começando a desenhar as palavras.

“Atenção, novatas,

Vocês agora são donas de um quarto mágico, e com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. Ele não é um quarto qualquer. Aqui, fortes laços de amizades foram construídos. E devemos tudo a esse quarto isolado do resto da república, que permitiu que nos conhecêssemos melhor. Aqui nós crescemos, amadurecemos, regredimos, choramos, rimos, rimos uma das outras, brigamos, fizemos as pazes, nos apoiamos, nos consolamos, sofremos, nos magoamos, juramos odiar garotos, percebemos que não vivemos sem eles, bolamos planos que nunca foram para frente, perdemos pessoas queridas, acolhemos novos amigos, ficamos sem chão, encontramos uma mão que nos puxasse de volta, dividimos momentos bons e ruins, superamos obstáculos, enfim, aqui fomos muito felizes. E esperamos que todas as gerações de meninas que dividam esse quarto daqui pra frente, possam passar por tudo que passamos e tenham uma à outra para se apoiar e chegar ao fim dos sete anos de estudo com a certeza de que fizeram amizades para a vida inteira. Porque nós fizemos.

Boa sorte.

Evie Stanislav, Milla Kovac, Vina Durigan, Annia Ivanovich e Nina Olenova. As meninas da Avalon.”

Vina terminou de escrever e assinamos nossos nomes, arrastando o móvel de volta para o lugar. Ficamos de pé e enfeitiçamos nossas malas e gaiolas para descerem sozinhas, enquanto olhávamos uma última vez para aquele cantinho que nos proporcionou tantos momentos inesquecíveis. Não dava mais para enrolar, era a hora de deixar as lembranças para trás e seguir em frente. Nina sacudiu a varinha fechando as cortinas e nos abraçamos, saindo juntas do quarto enquanto eu fechava a porta com o pé, sem olhar mais para trás.


The End.

Os exames foram como estavam previstos que seriam: uma loucura. Tentávamos manter a sanidade entre uma maratona de estudos e outra, mas cheguei a duvidar que tivéssemos êxito caso eles se prolongassem muito mais.
Felizmente, como todas as outras semanas estavam sendo, eles terminaram e nos deixaram um gosto ainda mais amargo na boca: o da despedida. Agora faltava pouco menos de uma semana para irmos embora de Durmstrang e tudo parecia ter adquirido um toque nostálgico entre os formandos.

- Vou sentir saudades daqui. Foi minha casa durante todos esses anos. Não sei como vai ser em Julliard e se vou conseguir me adaptar...

Geórgia comentou cabisbaixa enquanto caminhávamos de mãos dadas entre as fileiras do teatro – que já havia sido preparado para a nossa apresentação de “Rent” àquela noite. Nos sentamos em duas cadeiras da primeira fileira e não nos encarávamos, pois ambos tinham os pensamentos distantes agora. Vários minutos se passaram dessa maneira.

- O que vamos fazer? – ela perguntou com a voz baixa virando a cabeça para o meu lado e a encarei.
- Em relação a...?
- A nós dois. O que vamos fazer depois que nos formarmos? Eu vou estar em Nova York e você vai continuar aqui, trabalhando para o Ministério. Quase não vamos ter tempo e vamos estar longe um do outro.

Eu estava preparado para aquela pergunta. Durante os últimos dias, ela vinha me assombrando e, agora que ela pairava no ar como uma barreira invisível entre nós, eu só conseguia ficar calado. Sem tirar os olhos dela, respirei fundo antes de responder.

- Acho que a pergunta certa não é essa, porque para distância e tempo eu posso propor várias soluções. A pergunta é: você quer continuar comigo depois que nos formarmos? Mesmo com todos esses problemas?
- Você quer? – ela era realmente engraçada quando se sentia encurralada por alguma coisa. Devolveu a pergunta de imediato para mim e parecia incerta agora. Ri e ela acabou relaxando e rindo também.
- Bem... Durante todos esses anos em Durmstrang, eu sempre fui uma espécie de cupido e espectador dos casais que meus amigos formavam. Nessas posições, era muito fácil dizer para eles que “se gostassem realmente, tudo seria muito fácil de resolver”. E tudo isso sempre fez sentido para mim, até conhecer você. – a encarava com firmeza e pude ver seus olhos vacilarem um pouco, mas ela disfarçou.
- Então, gostar realmente não foi o suficiente comigo? Não vai ser, quer dizer. Eu sei, eu te entendo. Além de tudo, serão outras circunstâncias e virão outras pessoas... Não podemos prever nada. – ela disparou a falar e segurei seu rosto com firmeza para fazê-la parar por uns instantes.
- Você, como sempre, precipitada em conclusões. – ela sorriu e colocou as duas mãos sobre as minhas ainda em seu rosto. – De fato, todas as teorias perderam o sentido com você porque você, dentre todas as outras até hoje, foi a única que me fez entender todos os meus amigos, quando se viam em crises tempestuosas por problemas aparentemente minúsculos.
- Se eu sou muito precipitada, você poderia ser menos redundante agora? Estou ficando um pouco perdida no meio de tantas conclusões.
- Ok. Rápido e direto, então. Você me perguntou se eu quero continuar com você depois da formatura, certo?! Então a minha resposta é: sim. Sim, Geórgia Yelchin. Eu definitivamente quero continuar com você, mesmo que tenha que começar a praticar mais minhas aparatações para longas distâncias e... eu REALMENTE gosto de você. – finalizei de uma vez e o brilho em seus olhos se intensificou à medida que abria um largo sorriso.
- Eu também quero continuar com você, ou pelo menos tentar. E eu também gosto muito de você, Ricard. Mais do que imaginei que fosse gostar no começo. Somos tão previsíveis, não acha? – rimos.

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A peça havia sido um absoluto sucesso. Mais uma vez, Geórgia tinha razão sobre a maravilhosa sensação que era estar em cima de um palco. Enquanto realizávamos nossas performances musicais, via os vultos negros na platéia se movimentarem agitados conosco e, quando ela terminou, todos estavam de pé e aplaudiam freneticamente.
As cortinas finalmente se fecharam na nossa frente e todos começavam a entrar para os camarins. Do outro lado, a platéia ainda estava barulhenta e eu soube que era só uma questão de tempo até que todos nossos amigos invadissem os bastidores... Geórgia e eu ainda estávamos no meio do palco nos encarando. Me aproximei dela e sorrimos maliciosamente. Ouvi vários passos pesados subindo as escadas.

- Vamos ver o que eles vão achar disso.

Dizendo isso, puxei Geórgia ao meu encontro e a beijei longamente, entrelaçando minhas mãos em seus cabelos. As cortinas se abriram e, imediatamente, ouvimos vários sons de assovios e aplausos ao redor, mas não demos importância. Mais do que tudo e todos, estávamos selando um compromisso. Ou, melhor dizendo: estávamos lançando nossa sorte no ar e, dali para frente, tudo seria como deveria ser.

ººººº

Lavínia estava sentada sozinha nos fundos da Avalon e quando me aproximei ela nem virou o rosto para mim. Continuou calada observando a noite escura enquanto me sentava ao seu lado.

- Nós precisamos conversar. – disse com simplicidade, mas ela não se moveu.
- Estou escutando.
- Não, Vina. – respondi com um pouco mais de firmeza puxando seu braço. Ela me olhou assustada pela atitude, mas logo abaixou os olhos para o chão, irredutível como sempre. – Dessa vez, não estou aqui para dizer que você está errada; e não quero falar comigo mesmo enquanto você finge me ignorar. Eu quero que você fale comigo também, como um diálogo.
- O que você quer que eu diga Ricard? Durante todo esse ano você vem agindo como se não fosse a mesma pessoa. Saindo com pessoas estranhas para se auto-afirmar e me afastando de você sempre que eu fazia uma tentativa. Então... o que exatamente você quer que eu diga agora? Que eu sempre sou a errada e que não sei de nada do que é melhor pra você? Ótimo. Sou. Satisfeito agora? – seu rosto adquiriu tons salpicados de vermelho.
- Sim. Por incrível que pareça, estou satisfeito. E vou te dizer o motivo: você não mudou nada. Continua agindo exatamente como uma mãe super protetora que, só porque o filho não contou sobre a nova namorada, decidiu que a melhor coisa a se fazer é um bico. – ela abriu a boca para responder, mas a cortei. – Não precisa ficar brava por ter que admitir quem você é, Vina, porque você esteve certa o tempo todo. Durante todo esse tempo, eu quis forçar alguém que eu não era com pessoas que não tinham nada a ver comigo. E te afastei sim, mas não porque você não sabe o que é melhor pra mim e sim porque você sabe exatamente. Eu não queria continuar escutando todas aquelas verdades de você e continuar fingindo que eram calúnias e escândalos imbecis que você fazia para chamar minha atenção. Enfim. Você é a certa e eu sou o idiota.

Enquanto eu falava, notei que sua expressão ia mudando drasticamente. Passou pela raiva, pela mágoa, pela surpresa, e agora estava estagnada em uma espécie de piedade. Eu sorri.

- Você é minha melhor amiga, e é insubstituível, entende isso agora? Você é chata, intransigente, mandona, orgulhosa, teimosa... Lavínia. E eu não quero me formar com esse clima estranho entre nós. Nunca me perdoaria por isso. Então, por favor, me perdoa? – perguntei em tom suplicante e ela sorriu finalmente, aliviada.
- Eu pensei que fosse morrer se tivesse que passar toda a nossa formatura te ignorando e tratando como um estranho. E você sabe que eu ia conseguir. Sou sim teimosa, mas você é um ignorante e sem noção! Não faça mais isso, ok? Nunca mais. – ela deu socos leves no meu peito e me abraçou com força em seguida. – Senti saudades das suas ironias.
- E eu senti saudades dos seus palpites... Aliás... O que achou da Geórgia?
- Você não poderia ter escolhido uma pior. Parabéns. Mas, eu acho que posso me acostumar com isso. – ela respondeu em tom de brincadeira e rimos, enquanto colocávamos toda a conversa em dia.

Certas coisas nunca mudariam.

ººººº

- Durigan, Lavínia.

Me levantei da cadeira tremendo, enquanto Ricard acabava de voltar e agora se unia à chuva de aplausos que meus amigos puxavam.
Durante anos, havia sonhado com aquele momento. Durante anos eu soube exatamente o que iria querer fazer, depois que estivesse formada.

Você é mesmo uma contradição, Lavínia”, dizia para mim mesma enquanto apertava meu diploma entre a mão.

Agora que aquele momento de “ser quem eu sempre quis ser” finalmente havia passado, eu percebia a fraude por trás de tudo. Eu não queria me formar, nem tampouco ser adulta. Não queria ter que deixar o único lugar onde fora feliz de verdade, para sempre. E, definitivamente, não queria ter que encarar a realidade de todos esses fatos. Mas, enquanto caminhava de volta à minha cadeira, encontrei o olhar de Vlade – que, nesta noite, estava junto da família de Victor e sorria triunfante abraçado à Christine e aquela cena me fez rir.

Sete anos haviam se passado e, por mais relutante que estivesse para admitir naquele momento, eu mal podia esperar pelos próximos anos que estavam por vir.

ººººº

Depois que Gina, Milla e Ty terminaram seus discursos, os diretores começaram a chamar nossos nomes para recebermos o diploma. Ao meu lado, Ricard e Vina já comemoravam suas formaturas com os diplomas na mão. Eu, pelo contrário, me sentia anestesiado. Ainda não conseguia acreditar que aquela seria minha última noite no castelo.

- Neitchez, Victor.

Acordei dos devaneios quando uma zorra se instaurou ao meu redor e Ricard me cutucou com violência para que me levantasse. Após receber o canudo e agradecer todos os professores, me parei um instante até encontrar minha família. Não foi difícil; grande e pouquíssimo discretos como era sempre, se destacaram entre os outros e sorriam orgulhosos para mim, que retribui. Assim que me sentei novamente, Vina me puxou para um beijo extasiado e, quando nos afastamos, nos encaramos por breves segundos – que foram o suficiente para mim.

Eu tinha ao meu lado tudo o que precisava para ser feliz, e devia tudo ao Instituto Durmstrang.

It's time to change;
throw out the books and start again.
Break all the rules,
fall on your face, don't be ashamed.
You can't waste more time,
'cause you've been gone for far too long;
Trapped in his arms, safe without harm,
Follow your heart, don't be afraid.

Don't hideaway,
'Cause I know that you've got what it takes;
I believe you can be what you wanna be.

Let yourself go, don't you worry about a thing;
Breaking the chains, so hard to begin,
Follow your heart, don't be afraid.

Hideaway – The Corrs

FIM.

N.A.: Essas três letras aqui em cima estão me assustando. Muito. Juro que ainda consigo lembrar, com detalhes, do dia em que decidimos criar a Durmstrang. E de como os perfis foram surgindo na minha cabeça de imediato...

Terminar mais uma etapa é uma conquista indescritível e, como sempre, só tenho a agradecer essas três pessoas que continuaram aqui, comigo, dividindo as loucuras. Óbvio que esse “fim” é só simbólico, afinal, as histórias vão continuar, mas... And, Ju, Renan... com vocês, “formar” perfis de personagens até eles se “formarem” é uma diversão constante. OBRIGADA!!!

Para demais leitores e personagens... Até mais.

Tandi.

Wednesday, July 01, 2009

‘Hoje meus amigos, nossas vidas começam. E eu pelo menos, não vejo a hora de começar minha nova vida. Parabéns aos formandos da turma do ano 2000’

Ty encerrou seu discurso e ficamos todos de pé, aplaudindo entusiasmados. Ele voltou para a cadeira ao lado de Miyako e o diretor deu inicio a entrega dos diplomas, começando por Hogwarts. Depois foi a vez dos alunos de Beauxbatons e os de Durmstrang encerraram a cerimônia. Ivanovich ia nos chamando um por um e entregava pessoalmente os diplomas. Ouvi meu nome ser chamado e levantei depressa, caminhando até o palco. Ele me cumprimentou, apertando minha mão com entusiasmo, e quando ia descer troquei um olhar rápido com Michael e Andrea, que sorriam orgulhosos. Connor estava de pé na cadeira e se dividia entre fazer sinal de positivo com as mãos e aplaudir.

‘Georgia Eustace Yelchin!’ Ele chamou o último nome e Georgia foi até o palco, enquanto eu assobiava.

O diretor entregou seu diploma e ela o abraçou sem cerimônias, erguendo o canudo para a platéia quando ia descer e fazendo todo mundo aplaudir animado. O diretor parecia um pouco constrangido com o abraço inesperado, mas se recompôs e voltou ao microfone.

‘Senhoras e senhores, a classe de 2000!’ Ele anunciou animado.

Todas as três turmas ficaram de pé mais uma vez e, em um único gesto, atiramos os chapéus de feiticeiros para o alto, colorindo o ar de vermelho, azul e preto.

*****

A festa de formatura já havia começado há horas e depois da surpresa de ver a banda da Jolie no palco abrindo o show dos Duendeiros, nos divertíamos rindo uns dos outros com aquelas roupas malucas inspiradas nos anos 80. Evie e eu formávamos um par bem incomum, porque eu estava vestido de Michael Jackson e ela com uma roupa baseado no filme Flashdance. Shannon também não ficava de fora do Hall da Vergonha, usava uma roupa rosa choque inspirada na Madonna e Ty provava que não tinha vergonha nenhuma, vestido de Prince. O mais normal era Gabriel, que usava uma roupa inspirada no Cazuza.

Depois de algum tempo tocando, o vocalista chamou no palco o Ben O’Shea e as meninas foram ao delírio. Ele cantou algumas musicas antigas com eles e nós estávamos bem na frente do palco, cantando empolgados, quando eles fizeram uma pausa repentina e ele parou bem na nossa frente com o microfone na mão.

‘Pessoal, vou cantar uma música que é um ícone dos anos 80, é um sucesso que vai atravessar gerações e quem souber a coreografia pode fazê-la, vai ficar muito legal’ Ben O’Shea anunciou e apontou para mim ‘Você aí Michael Jackson, preparado?’ E uma luz forte iluminou o lugar onde eu estava.

Ty e Chris começaram a rir atrás de mim, mas agarrei a mão de Evie e a de Shannon e elas seguraram a mão deles antes que pudessem recuar.

‘Estamos sim’ Respondi alto e comecei a caminhar para o meio do salão com eles.

Ty e Chris vinham puxando Victor e Gabriel, que também se agarraram a alguém e a fila ia aumentando. Quando os Duendeiros começaram a tocar Thriller, o salão já estava lotado e todos organizados para a coreografia, que foi puxada por Shannon e eu.

Quando a música chegou ao fim todo mundo aplaudiu dando muitas risadas e eles voltaram a tocar outros sucessos dos anos 80, mantendo a pista animada. Vi Michael e Andrea saindo da pista ainda rindo e puxei Evie para fora dela um pouco, indo atrás deles.

‘Dançou bem, Michael!’ Falei me aproximando deles ‘Não sabia que tinha ritmo’

‘Está pensando o que, rapaz?’ Ele respondeu fingindo indignação ‘Isso ai embalou minha juventude, podia até ter puxado a coreografia!’

‘Ah, essa eu ia querer ver!’ Andrea falou rindo e me abraçou ‘Micah, nós não vamos demorar muito a ir embora, Connor já está dormindo na mesa’ E indicou meu irmão desmaiado nas cadeiras ‘Se não conseguir me despedir de você e seu irmão, nos vemos em casa’

‘Vou avisar ao Wes que vocês já estão indo, digam ao Connor que não me despedi dele para não acorda-lo’ Dei um beijo no rosto dela e apertei a mão de Michael, voltando para a pista com Evie depois que ela se despediu deles também.

‘Por que não os chama de mãe e pai?’ Evie perguntou quando já estávamos mais afastados ‘Sei que eles não são seus pais de verdade, mas é tão estranho ver você os chamando pelo nome’

‘Eu já tentei, mas ainda não consigo’ Disse sincero ‘Me dê mais um tempo, eu chego lá’

Ela sorriu e apertou minha mão, me guiando para a mesa de sua família, que estava vazia. Todos os seus tios e primos estavam soltos no meio do salão, dançando empolgados, e aproveitamos o momento para ficar um pouco a sós. Da mesa podíamos ver os gêmeos Mario e Diego tirando as jaquetas e girando no ar como se fossem fazer um strip-tease, enquanto suas tias e primas gritavam agarrando os dois, provocando muitas risadas das pessoas em volta.

‘Sua família é louca’ Comentei com a cabeça deitada no colo dela, observando a bagunça.

'Está preparado para fazer parte dela?' Ela me perguntou, rindo.

'Não vai ser fácil, seus primos não vão pegar leve comigo, mas estou pronto para encarar a tropa' Levantei do colo dela e alisei seu rosto 'Quando decidi me transferir pra cá, não foi com a melhor das intenções. Vim com um pensamento ruim na cabeça, de vingança, mas não me arrependo de nada. Por mais que a idéia fosse estúpida, vir para cá na tentativa de ferir Josh permitiu que conhecesse você, a pessoa que hoje é a mais importante na minha vida. Se pudesse voltar no tempo, talvez mudasse algumas coisas, evitasse algumas brigas, mas faria tudo de novo para estar onde estou hoje'

'É, apesar dos acontecimentos que levaram a gente até aqui, também não me arrependo de nada e faria tudo de novo se fosse preciso' Ela segurou meu rosto também, sorrindo 'Obrigada por ser tão idiota a ponto de tramar um plano de vingança e vir para cá'

'Disponha' Sorri de volta e a beijei lentamente.

'Ei, pombinhos!' Ouvimos a voz de Ty e senti alguma coisa me atingir nas costas. Era um pedaço de pão 'Deixem isso pra depois da festa, estamos reunindo todo mundo na frente do palco para uma foto das turmas, vamos!'

Atirei o pedaço de pão de volta em cima dele e levantamos, o seguindo até a frente do palco. As três turmas já estavam lá, tentando se organizar por escolas. Demorou um tempo, mas conseguiram separar os alunos entre Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang e o fotógrafo começou a tirar as fotos. Depois ele mandou que nos misturássemos e foi a maior confusão. Era aluno correndo pra todo lado, procurando os amigos que haviam feito nas outras escolas e a sessão de fotos foi uma bagunça, com Ty pendurado em cima de mim enquanto eu tentava me jogar em cima de Gabriel. Victor encenava um beijo de cinema com Vina e as meninas se amontoaram em cima de Miyako, Beatrice, Gina e Shannon, em um montinho gigante. Ricard estava abraçado a Georgia, Chris, Wes, Dario e Griffon enforcavam um ao outro e Julianne estava pendurada nas costas de Reno, enquanto Seth carregava Luna no colo.

No meio da sessão de fotos malucas, parei um instante para olhar para aquelas pessoas rindo e brincando a minha volta. Percebi que aquela seria a última vez, por um bom tempo, que estaríamos todos juntos. O fotógrafo nos liberou e o nosso grupo se reuniu no canto do salão, enquanto Ty e Gabriel corriam até a mesa de bebidas, voltando com duas bandejas com taças de abóboras espumantes. Cada um pegou uma rapidamente e ergui minha mão primeiro, apertando a de Evie com a outra.

- Um brinde à melhor turma de formandos que já pisou nessa geleira, e que as amizades feitas aqui durem para a vida toda!

Todos ergueram as taças junto à minha para selar o brinde e viramos a bebida de uma só vez. Não sabíamos o que nos aguardava lá fora agora que estávamos formados e nos tornávamos, oficialmente, adultos. Não sabíamos também como seria não se encontrar todos os dias e estar sempre perto um do outro para as horas boas e ruins, mas de uma coisa todos tínhamos certeza. Sabíamos que as amizades feitas nesses últimos dois anos seriam para sempre. E agora era mais do que oficial: estávamos enfim, formados.

Tuesday, June 30, 2009

No dia da última tarefa, meus primos Hansein e Andrey vieram me visitar e passamos a manhã inteira conversando e visitando a escola. Eles são primos por parte de pai, uma vez que restam poucos da família da minha mãe. Mamãe e Julianne não puderam passar o dia conosco, uma por estar dando aula e a outra por estar tendo aula, logo ficamos nós três andando pelos terrenos da escola. Eles tentavam me fazer esquecer ao máximo possível a última tarefa e até conseguiram, pois quando voltamos para almoçar eu estava muito tranqüilo.

Na hora do almoço, Gabriel e Gina estavam com seus familiares e o mesmo para mim, de forma que almoçamos eu, mamãe, Julianne, Andrey, Hansein, Beatrice, Bram e Annia. Eles todos riam e tentavam me fazer esquecer da tarefa, mas como sempre meu humor começava a oscilar e às vezes eu respondia um pouco torto.

- Caramba, July, como você agüenta ele?! – Beatrice perguntou, rindo após eu ignorar uma pergunta de Andrey.
- Eu queria saber como o Bram e a Annia aturam na verdade. July é namorada, ela tem obrigação! – Hansein falou rindo, com forte sotaque búlgaro.
- Eu aturo só porque ele é Campeão de Durmstrang, é claro! Acha que eu estaria com ele se não fosse? – Julianne falou rindo, enquanto deitava a cabeça em meu ombro. Eu ri também e a olhei com os olhos estreitos.
- E eu só aturo você porque você é... Bonitinha. – Eu falei, olhando-a de cima abaixo. Ela riu também e deu um tapa no meu braço, antes de me beijar.
- Vocês se dão muito bem, um consegue aturar o outro, pronto! – Mamãe falou rindo de nós dois.
- Annia, ainda tem volta, tem certeza que quer passar mais alguns anos estudando com ele? – Andrey perguntou, rindo ao lembrar que iríamos para a mesma Escola no Cairo.
- Vocês não entendem, a Annia e o Reno são um caso antigo... Não se separam. – Bram falou implicando conosco. Annia deu um tapa no ombro dele, mas rindo.
- Claro, não sabiam não? Meu namoro com o John é fachada, eu gosto mesmo é do Reno! – Annia falou, deitando a cabeça em meu ombro também. – Sem ciúmes, ta July?
- Ciúmes? Pode ficar! – Julianne falou, empurrando-me para Annia, enquanto ria. – Aproveita e joga ele no Nilo, soube que tem crocodilos!
- Excelente idéia! Quando ele começar a perturbar demais eu jogo ele no Nilo!
- Mas me avisa antes pra eu te ajudar! – July falou rindo, enquanto eu revirava os olhos e abraçava-a pelos ombros.
- Se é pra se livrar desse chato, eu quero também! – Beatrice falou rapidamente, sendo ecoada por Hansein, Andrey e Bram.
- Bem tragam ao menos um pedacinho dele de recordação, por favor. – Mamãe falou, rindo conosco.
- Até você mãe! – Eu falei, fingindo estar chocado e triste.

Continuamos conversando por um tempo até mamãe ter que ir embora para terminar as últimas aulas da tarde. Como todos também tinham aula, com exceção de mim e de meus primos, eu acompanhei Julianne até a sua sala de aula, enquanto meus primos me esperavam no salão comunal, pois prometi que faríamos uma visita à vila vizinha.

- Pronto, boa aula, July. Espero que esteja pronta para ver seu campeão vitorioso! – Eu falei convencido. – É pra torcer pra mim!
- Vou torcer para todos, menos para você! – Ela falou, me dando um beijo longo. – Aproveite a tarde com seus primos pra se acalmar, sei que vai bem, e mesmo se não ganhar, já estou orgulhosa de você.
- Obrigado, July. Eu queria te falar algo importante. – eu falei, olhando em volta e tendo certeza de que não haveria mais ninguém no corredor. – Na verdade duas coisas.
- Está me deixando curiosa! – Ela falou, os olhos brilhando de curiosidade.
- Bem, a primeira delas. – Eu falei, puxando um saquinho do meu bolso. Eu fechei minhas mãos sobre ele e após um brilho metálico, despejei um conteúdo na mão dela. Ela abriu um largo sorriso. – Isso é para você, a partir do próximo semestre. É a chave do meu apartamento no Cairo. E quero a chave do seu. – Eu falei piscando o olho para ela.
- Eu irei providenciar com certeza, Reno. – Ela falou, debruçando-se em meu pescoço e me beijando novamente, com a chave apertada em sua mão. – E o que mais queria dizer? Não me diga um anel!
- Ainda não. – Eu falei e vi que seus olhos se iluminaram. – Mas um dia quem sabe? O que eu quero falar, é que eu decidi algo...
- Diga logo!
- Essa noite, independente do resultado do Torneio, eu assumirei o nome da família de minha mãe durante as entrevistas. A partir de hoje serei um Flamel. – Eu expliquei, sendo que já contara para ela toda minha história. Ela sorriu e me beijou novamente.
- Tem todo meu apoio. Que maravilha, dentro de alguns anos, serei a Senhora Flamel! – Ela falou rindo e foi minha vez de rir e beija-la também, despedindo-me em seguida.

Eu estava decidido, nessa noite diria ao mundo minha verdadeira origem, pensei enquanto apertava o último fragmento da Pedra de meu bisavô.

********

- Campeões a postos, quando eu apitar podem começar! Três, dois, um...

Ouvi Ivanovich apitar e disparei para minha entrada do labirinto, ouvindo as torcidas nas arquibancadas gritarem em nosso apoio, porém assim que atravessei o arco de sebe, o som morreu completamente e eu só conseguia ouvir o barulho da noite. Eu saquei minha varinha e o meu mapa, abrindo-o rapidamente e começando a lê-lo. Na parte de baixo do mapa haviam diversos números que eu identifiquei como coordenadas, vendo que marcava o lugar onde a taça estava. Com um toque da varinha no mapa, eu marquei o lugar onde ela deveria estar e me animei ao ver que era um caminho curto, começando a correr, um olho no mapa e outro no caminho.

Mal dei dois passos e tropecei em uma raiz, praguejando. Eu tomei impulso rapidamente para o alto, tentando me levantar, mas fui puxado para o chão novamente e assustado vi que a raiz ganhava vida e envolvia meu pé, puxando-me para os arbustos. Eu praguejei ao reconhecer Visgo do Diabo, apontando minha varinha para ele e gritando “Incendio”. Da minha varinha saiu uma pequena labareda e a usei para assustar o Visgo, que tem medo de fogo e luz. Eu me levantei, mantendo a labareda apontada para o Visgo e procurando o meu mapa.

Nessa hora meu coração parou, pois vi que um Crustáceo de Fogo estava bem em cima dele. O Crustáceo me encarava ameaçadoramente e eu estava cercado, pois de um lado havia o Visgo ainda tentando me atacar e do outro um Crustáceo pronto para lançar chamas em mim. Eu pensei rapidamente e conjurei um feitiço de proteção para o mapa, enquanto encarava o Crustáceo. Ele, porém irritou-se com meu feitiço e soltando uma espécie de rugido para mim, começou a lançar chamas contra mim. Eu praguejei, mas pensei rápido e me joguei no chão. A bola de fogo que ele lançou passou raspando por mim e atingiu o Visgo, e ouvi uma espécie de grito vindo da planta. A planta enfureceu-se e sues tentáculos jogaram-se contra o Crustáceo e eu aproveitei a oportunidade, pulando para frente e pegando o mapa, saindo correndo no mesmo momento.

Eu ainda podia ouvir o barulho de tentáculos me seguindo e me joguei em um buraco que vi na sebe, caindo em uma trilha. Eu transmutei a sebe, fechando o buraco e olhei o mapa novamente, que por sorte estava inteiro. Eu me guiei rapidamente e voltei a correr, furioso por ter perdido tempo. Eu virei uma esquina a toda velocidade e dei um encontrão em algo ou alguém, caindo no chão ao mesmo tempo. Levantei assustado e olhei perplexo para o Gabriel, que ajeitava os óculos me encarando surpreso.

- O que você ta fazendo aqui?! – Nós dois perguntamos juntos.
- Essa é a minha trilha! – Falamos juntos novamente, a tensão impossibilitando que caíssemos na gargalhada. Nesse momento ouvimos passos rápidos e nos viramos no mesmo momento em que Gina aparecia.
- O que vocês fazem aqui?! – Ela fez a mesma pergunta que começamos a fazer, e acabamos por rir um pouco. – Essa é a MINHA trilha!

Eu e Gabriel nos entreolhamos e sacamos o mapa rapidamente, e os dois praguejaram, correndo em direções diferentes e pude ouvir Gina falando alto enquanto corria “Homens, não tem senso de direção”. Eu abri novamente o buraco que havia fechado e olhei com cuidado, procurando o Visgo ou o Crustáceo, e comecei a correr, sempre olhando para trás, procurando-os.

Eu corri por mais alguns minutos, cada vez mais próximo da taça, mas a cada passo que eu chegava perto dela, mais armadilhas surgiam. Eu tive que enfrentar uma verdadeira turba de gnomos que ao me ver correram na minha direção gritando e balançando galhos como maças. Eu chutei um deles enquanto fazia um desenho com a varinha no chão, e ao tocar o círculo com minha mão, fiz uma espécie de cerca surgir do chão, prendendo o restante deles, correndo novamente. Pouco depois eu dei de cara com algo duro no ar e vi que era uma parede invisível. Tudo estava muito escuro e murmurei “Lumus”, sabendo que isso talvez me ajudasse. A parede piscou por um momento e apagou-se e eu tateei o ar, procurando-a, e ao ter certeza que ela tinha sumido, voltei a correr.

A todo momento eu me guiava usando o feitiço dos quatro pontos e o mapa e algo me dizia que estava muito próximo da taça, na verdade eu já podia vê-la em cima de um pedestal. Mas então encontrei meu maior desafio. De repente tudo ficou escuro e senti um forte calafrio e cheguei a assoviar ao ver o que barrava minha passagem. Um dementador. O monstro barrava meu caminho, sugando o ar e sentindo minha presença. Ele virou seu rosto sem face para mim e avançou, enquanto eu sentia suas energias negras me capturando. Eu dei alguns passos para trás, apenas para ganhar tempo e então pensei em Julianne e na Pedra em meu peito, enquanto falava “Expectro Patronus” e um lobo prateado saltava para o chão, rosnando para o dementador, que pareceu vacilar, o que deu tempo ao lobo de saltar, mordendo a pele de sombras dele. O dementador mergulhou entre os arbustos, desaparecendo. Nesse momento ouvi uma explosão seguida por uma cascata de luzes multicoloridas e sabia que alguém havia pego a taça, suspirando. Eu sorri ao olhar pra frente e ver Gabriel jogado em cima da taça, parecendo com dificuldade de respirar.

Eu corri para ele, preocupado, pois seu pé sangrava muito, apesar de ataduras que ele criara com um feitiço. Ele se assustou ao me ouvir chegando, apontando a varinha para mim, como se esperasse algum inimigo, mas respirou aliviado ao me ver.

- Gabriel! Você está bem? Não se mexa. – Eu falei enquanto me abaixava perto dele. Eu tirei meu cordão e segurei a Pedra, enquanto pressionava o machucado. Houve um brilho branco e as ataduras foram recolocadas, assim como o sangue estancado.
- Isso vai segurar o sangramento até sairmos daqui.
- Obrigado, Reno, muito obrigado.
- Meninos! – Ouvimos Gina gritar ao nos ver no pedestal. Ela sorriu para Gabriel e junto de mim nos jogamos em cima dele, abraçando-o enquanto ele gritava que o pé doía.
- Parabéns!! – Nós falamos juntos.
- Ai! Ai! Obrigado, mas o pé ta doendo! – Ele falou, enquanto ríamos. Eu e Gina o apoiamos e começamos a voltar para a saída do labirinto, que agora não possuía mais nenhuma armadilha.

Demoramos alguns minutos, pois Gabriel tinha dificuldades em andar e nós o apoiávamos, mas finalmente chegamos à saída do labirinto e ouvimos o berro das torcidas. Porém, elas calaram-se novamente, sem saber quem havia ganhado, pois saímos os três juntos.

- Eles não sabem quem ganhou. – Eu falei rindo, e Gina riu também, enquanto falava para Gabriel.
- Vai lá, Campeão! Mostra quem é o vencedor do Torneio.
- Preparado para a glória?! – Eu perguntei enquanto apoiava o seu peso, enquanto ele se preparava para levantar a taça.
- Não mesmo! – Ele falou ao levantar a taça com as duas mãos e a torcida de Beauxbatons explodiu em comemoração.

A torcida invadiu os gramados, sendo Seth o primeiro deles. Ele tirou Gabriel de nós e o abraçou, jogando-o para o alto em seguida. Gabriel gritou que o pé doía, mas Seth fingiu não ouvir e o colocou nos próprios ombros, elevando-o acima do mar de alunos que corriam para dar os parabéns. Os Diretores das escolas vieram nos dar parabéns e tratar decentemente do pé de Gabriel, para depois dispersar os alunos, mandando-os para o Banquete do Final do Torneio. Os Campeões foram levados para suas Repúblicas, onde poderiam tomar um banho e mudar de roupa, e fomos acompanhados de nossos familiares.

Mamãe me acompanhou até a Chronos, feliz e orgulhosa de mim. Enquanto eu tomava um banho rápido, ela ficou no quarto da república, preparando tudo para mim e assim que sai do banho, com a roupa para a noite, ela veio me abraçar, com lágrimas nos olhos.

- Estou tão orgulhosa, filho! Você se tornou um homem excelente, apesar de um pouco rabugento.
- Obrigado, mãe. Hoje estou muito feliz. Foi um dia cansativo e mesmo não tendo ganhado a taça, estou feliz, pois foi um deles, que são meus amigos.
- Excelente! Seu pai teria muito orgulho de você, assim como seu bisavô. Eu soube que usou um pouco da Pedra para ajudar o Gabriel. – Mamãe falou, prendendo o pingente com a Pedra em meu pescoço. Ela estava agora acima da roupa, com sua forma verdadeira, uma esfera vermelha perfeita. – Está pronto?
- Sim, hoje à noite assumirei nossa família. Chega de fugir, iremos honrar nossos familiares.
- Chega de fugir, chegou à hora de enfrentarmos o mundo de frente.
- E temos amigos que estão dispostos a nos ajudar sempre.
- Exatamente. Vamos? – Ela falou, indicando a porta e eu lhe dei o braço e seguimos para o grande salão.

No meio do caminho, encontramos com Gabriel e Gina e mamãe seguiu em frente, deixando os três campeões sozinhos. Nós sorrimos um para o outro felizes, e nos abraçamos novamente, as cabeças encostadas, sem precisar falar nada, pois cada um sabia que o outro estava feliz. Suspiramos juntos e entramos juntos no grande salão, sendo recebidos por uma calorosa salva de palmas e diversos flashes, quando os repórteres dos jornais do mundo inteiro corriam para tirar uma foto nossa. Eles queriam fotos dos três juntos, e depois começaram a tirar fotos de cada um sozinho, mas principalmente do Gabriel, que suava frio, principalmente quando começaram as perguntas da entrevista.

- Como se sente sendo o grande Campeão, Gabriel? – Um jornalista perguntou em inglês, com sotaque espanhol.
- Ainda não consigo acreditar. – Gabriel falou sem jeito.
- E você Gina, como se sente sendo a terceira colocada? – Outro jornalista, este americano perguntou.
- Estou feliz, consegui chegar até aqui com esforço e minhas forças! Estou muito feliz. – Ela respondeu, sorrindo sem jeito.
- E você, Renomaru, está triste por ter perdido a taça? – Um jornalista do Profeta Diário Búlgaro me perguntou. Dos três eu era definitivamente o mais descontraído e respondia as perguntas com facilidade.
- Eu estou feliz e orgulhoso também, pois perdi para um bruxo excelente, Gabriel merece todos os parabéns, pois foi um competidor de primeira. Gina, você também foi uma excelente adversária, e teria adorado que você tivesse ganho a taça também. – Eu falei ganhando um aceno de cabeça de Gina e um olhar de Gabriel, pois todos queriam tirar novas fotos dele. Gabriel começava a ficar roxo, e eu ri enquanto murmurava para ele.
- Vou salvar sua pele!
- Por Merlin, me tire daqui! – Ele falou, rindo para mim. Eu então levantei a mão pedindo atenção e todos me olharam curiosos. Vi os olhares de meus amigos em mim, todos curiosos, com exceção de Seth, Julianne, Ty, Annia e Bram que já sabiam o que eu faria.
- Gostaria de pedir a atenção de todos um momento. – Eu falei, enquanto aguardava todos se virarem para mim. Ivanovich sorriu, pois ele também sabia do que se tratava e prestou atenção em mim, após sorrir para minha mãe. Os jornalistas ficaram entusiasmados e começavam a rabiscar rapidamente com suas penas, anotando cada detalhe. – Essa noite é uma noite especial, não apenas por ser o final do Torneio, mas também por marcar uma importante mudança na vida de todos. Dentro de alguns dias, muitos de nós estarão se formando, deixando de vez o mundo da escola, e entrando para o mundo bruxo.

Eu fiz uma pequena pausa, dramática eu sei, enquanto os jornalistas anotavam meu discurso com velocidade.

- Tomaremos diversos rumos, em diversas carreiras diferentes, mas manteremos sempre o espírito de união que nasceu de nossa amizade. E mais, arrisco dizer que este Torneio cumpriu seu objetivo maior: o de aumentar os laços entre as escolas mágicas. Hoje estamos mais unidos do que nunca, então gostaria de dar os parabéns a todos os organizadores do Torneio. – Eu falei, fazendo uma reverência para a mesa dos professores, onde todos se sentavam. Vi sorriso no rosto de todos, admirados por eu estar falando tanto.
- Porém, esta noite é ainda mais importante para mim. Por dois motivos: primeiro deles, gostaria de apresentar-lhes, minha namorada, Julianne, que me ajudou ao longo deste Torneio, mostrando-me muitas coisas importantes. – Eu indiquei com o braço onde July estava sentada, enquanto ela corava ao receber vários flashes. – E que um dia se tornará a Senhora Flamel. – Poucos captaram aquele nome, mas consegui ouvir alguns cochichos quando falei o famoso nome. – Pois, esta noite, eu assumo para o mundo minhas origens, gostaria de anunciar a todos – Eu falei enquanto levantava o cordão, deixando a Pedra à vista de todos. – Eu me chamo: Renomaru GoldenSun Kollontai Flamel, bisneto de Nicolau Flamel. – Eu falei fazendo uma reverência, enquanto a Pedra brilhava rapidamente, chamando a atenção de todos.

Todos ficaram chocados enquanto assimilavam a notícia, o salão em silêncio, até o momento em que Seth e Griffon puxaram uma salva de palmas e todos ecoaram-na. As penas dos repórteres pararam de correr por alguns segundos, enquanto seus donos ficavam boquiabertos. Então eles se tocaram da notícia que eu estava dando e começaram a tirar dezenas de fotos minhas e da famosa Pedra, enquanto choviam perguntas para mim. Eu sorri para todos e passei a ignorá-los, indo sentar-me com meus amigos. Gabriel e Gina esquivaram-se comigo para as mesas e me agradeceram com um olhar, uma vez que agora os repórteres me perseguiam, mas foram logo afastados por Ivanovich que veio me dar os parabéns, assim como outros professores e alunos, todos curiosos com a Pedra. Após algum tempo, a comoção de repórteres ocorreu novamente, dessa vez por causa de Victor Krum, de Harry Potter e Fleur Delacour, que apareçam na festa. Começou então uma nova série de fotos, com os antigos campeões e os novos e ficávamos sem saber quem desmaiaria primeiro: Victor ou Gabriel.

Os dias de Durmstrang estavam chegando ao fim, e isso trazia um sentimento bom e ruim ao mesmo tempo. O último ano fora complicado e perigoso: eu tive minha cabeça a prêmio, e ainda está, para vampiros, a King & Shadows extrapolou todos os limites, houve intervenção Ministerial, intervenção dos Chronos. Mas acima de tudo, esse ano fora maravilhoso, pois eu conhecera ótimos amigos, que levaria para todo o sempre. Eu sentiria saudades de Durmstrang, de suas Repúblicas, de seus corredores, de seus terrenos... Durmstrang foi um importante passo para meu futuro e para meu crescimento.

Friday, June 26, 2009

‘Campeões a postos, quando eu apitar podem começar. Três, dois, um...’

O diretor Ivanovich apitou forte e os três campeões dispararam na direção da floresta, desaparecendo do nosso campo de visão no mesmo instante. Tudo que conseguíamos ver eram as árvores altas da floresta e vez ou outra alguns pássaros voando desesperados, indicando que tinha algum campeão naquela região, mas não podíamos ver quem era e tampouco o que estavam fazendo.

Por um tempo as torcidas ainda se mantiveram animadas, entoando os hinos de suas escolas e inventando gritos de guerras para apoiar o seu campeão, mas depois de uma hora acabamos cansando. Estavam todos sentados conversando, quando faíscas multicoloridas iluminaram o céu, vindo bem do centro da floresta. Todos olharam em alerta, sem saber bem o que significavam, e o diretor se levantou.

‘A Taça Tribruxo foi capturada!’ Anunciou e todos começaram a comemorar, mesmo sem saber qual campeão havia capturado ‘Dentro de alguns minutos saberemos qual campeão venceu o Torneio!’

O diretor fez sinal de positivo para o professor Asimov e ele entrou na floresta correndo junto com mais cinco guarda-caças, provavelmente para tirar os campeões de lá depressa. Esperamos cerca de 20 minutos e o professor saiu outra vez junto dos guardas, mas nenhum campeão o acompanhava. Todo mundo começou a cochichar e a trocar olhares confusos e preocupados, mas Ty me cutucou agitado e olhei na direção que ele apontava.

Três sombras saiam juntas da floresta e mais alguns passos depois, vimos que eram os três campeões. Gabriel vinha amparado por Gina e Reno, que tinham as duas mãos ocupadas o segurando, já que parecia não conseguir colocar os dois pés no chão. Gabriel, que era o único com as mãos livres, vinha segurando a taça. Logo nos agitamos, mas Seth pedia para não nos precipitarmos, pois não tinha como saber ao certo quem havia capturado a taça. Eles caminharam mais alguns metros na direção do diretor, então Gina falou alguma coisa no ouvido de Gabriel. Ele assentiu com a cabeça e os três pararam, o ajudando a se apoiar de pé. Shannon já estava cravando as unhas no meu braço de nervoso e Miyako fazia o mesmo com Ty e Griff, então Gabriel segurou a taça com as duas mãos e a ergueu no ar. Na mesma hora a torcida de Beauxbatons explodiu em gritos enlouquecidos.

- ELE GANHOU! ELE GANHOU! – agarrei Ty pela camisa e ele fez o mesmo comigo, e nos sacudíamos enlouquecidos.

Miyako e Griff arrancaram a bandeira de Beauxbatons que penduramos na arquibancada e dispararam na direção onde os campeões estavam, liderando uma invasão a orla da floresta. Logo uma multidão se aglomerou em volta dos três e Seth jogou Gabriel nos ombros, enquanto ele gritava que o pé estava machucado, mas ninguém lhe dava ouvidos. A confusão que se formou em volta dele era tão grande que foi preciso que o diretor ampliasse sua voz para pedir que todos voltassem para as arquibancadas e deixassem que a enfermeira cuidasse dos ferimentos dos três, antes da premiação.

Aos poucos fomos desfazendo a aglomeração e alguns minutos depois os três estavam de volta. Gabriel tinha o pé enfaixado e mancava um pouco, mas já conseguia andar sozinha, Reno apresentava alguns arranhões no rosto e Gina tinha uma das mãos enfaixadas, mas os três sorriam satisfeitos e comemoraram sem diferenças a vitória de Beauxbatons. Gabriel recebeu mil galeões como premio e uma taça maior, que ficaria exposta na escola. Ele ergueu a taça mais uma vez e a torcida voltou a invadir o campo. E dessa vez o diretor não ia conseguir expulsar ninguém.

*****

A confusão na orla da floresta durou quase meia hora, ninguém queria parar de comemorar, mas os organizadores do Torneio avisaram que havia uma festa no Salão Principal esperando pelos campeões e a multidão começou a dispersar. Os três voltaram para as repúblicas para tomarem banho e tirarem as roupas sujas e rasgadas e fomos direto para o castelo, começar a comemorar sem eles.

As festas que o diretor costumava organizar no castelo eram boas, mas nada se comparava a organização daquela festa de encerramento do Torneio Tribruxo. Tinham duas mesas gigantescas com comidas típicas da Inglaterra e da França, além das que já estávamos acostumados a comer diariamente, e não dava nem pra contar a quantidade de barris de cerveja amanteigada empilhados em um dos cantos do salão. Em cima da mesa dos professores era possível ver dúzias e mais dúzias de garrafas de whisky de fogo brilhando convidativas, mas o diretor não saia de perto delas e barrava qualquer aluno que tentava encher um copo.

Gabriel, Gina e Reno apareceram no salão meia hora depois e na mesma hora os jornalistas que estavam cobrindo a tarefa os cercaram. Só conseguíamos ver os flashes das câmeras em cima deles e os olhares meio perdidos, sem saber direito para qual dar atenção primeiro. Dos três, Reno era o mais a vontade falando. Gina falava bastante também, mas só quando era questionada e Gabriel parecia estar querendo cavar um buraco e sumir dali, mas aos poucos ia se soltando.

Os flashes só dispersaram um pouco dos três quando Iago chegou acompanhado de Victor Krum. Algumas meninas começaram a gritar desesperadas e quando os fotógrafos viram, agarraram Krum, Fleur Delacour e Harry Potter pelo braço, colocando os três ao lado dos atuais campeões para uma sessão de fotos. Eu achava que ninguém poderia ficar mais sem graça que Gabriel em meio aqueles flashes todos, mas me enganei. Victor Krum estava mais desconfortável que ele.

‘Quem desmaia primeiro? Gabriel, Potter ou Krum?’ Perguntou indicando os campeões cercados pelos jornalistas e todo mundo riu.

‘Pensei que o Krum fosse mais articulado, afinal, ele é o astro da seleção da Bulgária!’ Miyako comentou.

‘Que nada, ele é tímido’ Iago falou divertido ‘Faz aquela cara de mau pra espantar as pessoas, detesta essa mídia toda em cima dele’

‘Falou o melhor amigo do Victor Krum!’ Ty debochou e Iago deu um soco em seu braço, rindo.

‘Gente, estão liberando eles, olha’ Evie apontou para a direção dos campeões e os fotógrafos começavam a dispersar.

Cada um logo foi raptado por sua família e Gina logo desapareceu em meio a um mar de cabeças vermelhas. Chris, Ty, Miyako, Griff e Seth correram para junto de suas famílias para poder falar com Gabriel e depois de muitos abraços, tiraram ele do meio da família, trazendo até onde estávamos. Todo mundo queria saber detalhes de como tinha sido a tarefa e ele começou a contar tudo que aconteceu dentro da floresta, até a hora que saiu amparado pelos outros dois campeões.

‘Que pena que a gente não pode ver nada disso’ Falei indignado ‘Só ouvíamos gritos, urros e víamos pássaros voando, tivemos que usar a imaginação’

‘É verdade, na terceira tarefa do ultimo torneio conseguíamos ver os campeões correndo pelo labirinto, as sebes eram altas, mas estávamos acomodados nas arquibancadas do campo de quadribol’ Griff comentou e Seth e Luna confirmaram com a cabeça.

‘Tanto é que foi o maior desespero quando Potter e Diggory tocaram a taça e desapareceram’ Seth falou ‘Alguns achavam que fazia parte da tarefa, mas quando vi a reação de Dumbledore, vi que tinha algo errado’

‘É, tio Ben comentou sobre isso, disse que no próximo eles devem inventar uma prova que as pessoas possam acompanhar’ Gabriel falou despreocupado e Milla, Vina, Evie, Annia, Nina e Shannon trocaram olhares alarmados ‘O que foi?’

‘Tio Ben de Ben O’Shea?’ Milla perguntou tentando soar tranqüila, mas não convencia ninguém. Gabriel percebeu a burrice que havia feito e tentou desconversar, mas serviu de confirmação.

‘Ai meu Merlin!’ Vina deu um gritinho histérico ‘Onde ele está??’

‘Perto da família dele, onde mais?’ Evie respondeu procurando pelo salão ‘Ali! Achei o filho dele!’

Ela apontou na direção de um menino gordinho conversando com um menino magricelo e saíram correndo na direção dele feito um bando de loucas. Não adiantaria nem tentar impedir. Alem de não nos darem ouvido, ainda íamos levar bronca, então deixamos as doidas perseguiram o tio dele.

‘Coitado do tio Ben’ Miyako falou rindo ‘Ele disse que até pensou em não vir, mas não ia agüentar ficar em casa sem saber como o Biel estava indo na tarefa’

‘Olha lá, elas já acharam ele’ Ty apontou na direção das meninas, que cercavam uma pessoa ‘Daqui a pouco começa o escândalo’

‘Acho que vou proibir ele de vir na nossa formatura’ Gabriel comentou balançando a cabeça ‘O que acham?’

‘Acho uma boa idéia, senão ele rouba os nossos holofotes’ Griff falou rindo ‘Barra ele, lobão!’

Ficamos rindo das meninas em volta do Ben O’Shea tirando fotos e pegando autografo e quando o resto das garotas da escola percebeu que ele estava ali, foi obrigado a ir embora, escoltado pelos guarda-caças da escola. Elas voltaram para junto do grupo com sorrisos que iam de uma orelha a outra e nem davam bola pras nossas piadas, satisfeitas por terem conseguido uma foto com ele. Não demorou muito e Gina e Reno se juntaram a gente e fizemos um brinde ao fim do torneio, à vitória do Gabriel e a formatura, que se aproximava cada vez mais. No começo do ano fizemos uma promessa de que faríamos de tudo para que nosso último ano fosse inesquecível e o melhor de todos. Passamos por muitos altos e baixos durante ele, mas agora que chegávamos à reta final, as coisas haviam melhorado e estávamos conseguindo cumprir o prometido. O fim do ano letivo já tinha sido aberto com chave de ouro e tinha certeza que dali a cinco dias seria encerrado da mesma forma.

Wednesday, June 24, 2009

Na semana dos NIEM’S

- Milla você anda comendo pouco, está passando mal? - perguntou Annia.
- Estou nervosa, estas provas estão me deixando apavorada., quando as provas acabarem vou me sentir melhor. - respondi empurrando meu prato com os ovos mexidos intocados para os lados do Ty, que os pegou e começou a comer agradecido, enquanto eu tomava um pouco de suco de laranja.
Eu andava sem apetite, já há alguns dias, e percebi meu olfato um pouco mais aguçado. Ás vezes só o cheiro dos alimentos na mesa, me tirava a fome, eu estava estressada.
- O nervosismo também me afetou, só espero não terminar os NIEM’S anêmica. Nunca gostei muito de comer fígado, acho que vou pedir uma poção com sulfato ferroso para prevenir. - comentou Vina e rimos, pois com a maratona de estudos Vina, nem lembrou de pedir remédios novos na enfermaria da escola. Pelo jeito os velhos hábitos iriam voltar.
Quando entregamos a ultima prova dos NIEM'S, olhei para minhas amigas e nossa expressão era a mesma: alívio.
Não tínhamos certeza de nossas notas, mas sabíamos que iríamos poder voltar pra republica e ter uma noite de sono decente, coisa que estávamos esquecendo de como era, tamanha a quantidade de noites em claro que passamos. Porém, eu tinha uma coisa que me ajudava a seguir em frente todos os dias. Iago mandava uma mensagem de incentivo todos os dias de prova, e meus amigos assobiavam zombando a cada vez que viam a coruja dele pousar na minha janela, ao final da tarde.
Então enquanto voltávamos para a república, eu apressei o passo pois era quase hora da coruja chegar, porque eu estava ansiosa, para saber se Iago, me mandaria uma carta um pouco mais longa que os seus bilhetes, talvez ele falasse mais...Talvez eu respondesse querendo mais....
Quando cheguei na república a coruja não estava lá. Minhas amigas perceberam que fiquei um pouco desapontada, mas o que eu queria? Iago sentia amizade por mim, e como as provas acabaram, porque ele continuaria com os bilhetes, se eu já estava curada?
Sai com meus amigos para o vilarejo, e os garotos estavam animados, Micah, Shannon, e Wes, ficariam apenas um pouco pois iriam voltar a estudar, porque eles ainda teriam as provas para a Academia de Aurores, então optamos por beber uma cerveja amanteigada e conversar um pouco antes de voltar para as repúblicas, quando Ty e Micah que estavam sentados à minha frente, abriram sorrisos cúmplices olhando para a porta de entrada, a qual eu me encontrava de costas.
- Perdido na geleira, campeão?- Antes que eu me virasse ouvi uma voz conhecida:
- Só passando para ver os amigos. Olá Lud. - e Wes que estava sentado do meu lado, se afastou rápido deixando um espaço que Iago logo ocupou e nos encaramos, enquanto eu respondia um olá. A garçonete trouxe logo cerveja amanteigada para ele, e o cumprimentou pela vitória em campo. Conversamos por no máximo cinco minutos quando meus amigos começaram a se levantar para ir embora, mas eu e ele continuávamos sentados, nos despedimos deles e continuamos nos olhando, calados.
- Obrigada pelos bilhetes de incentivo... Ajudaram bastante...- precisei dizer alguma coisa, para começar um assunto.
- Você está bem? Recuperou-se do veneno? De...De tudo?- ele perguntou.
- Você quer saber se eu ainda gosto do Luka, não é?- respondi e perguntei ao mesmo tempo e ele não desviou os olhos. Optei pela verdade.
- Eu confesso que quando criança eu gostava dele, mas ele mudou muito e eu não percebi ou talvez quisesse tentar resgatar aquele sentimento, e isso aconteceu num momento de insegurança minha, me sentia sozinha, enquanto você estava ocupado, tentando a sua vaga no time, eu deveria ter confiado mais em nós...
- Ele usou uma maldição em você, ele a forçou com uma poção do amor... - ele disse como se isso me isentasse de tudo, mas eu queria esclarecer as coisas.
- No começo, ele não fez isso Iago, por mais que me doa admitir, eu me senti atraída pelo Luka, eu quis ficar com ele.
- Claro, ele é o que vocês garotas querem....Bonito. - disse e eu senti um nó se formando na minha garganta.
- Ele não era bonito por dentro Iago, e isso é o que mais importa. Sei que magoei você e vou passar o resto da vida pedindo desculpas, esperando que você continue meu amigo e...- ele segurou meu rosto e me beijou de forma brusca. Congelei por apenas alguns segundos e logo eu o puxava para mais perto. Encostamos nossas testas enquanto respirávamos para recuperar o fôlego.
- Você não tem idéia do quanto senti sua falta... Quero deixar para trás o que aconteceu e tentar novamente, você quer ficar comigo, a sério?
- É o que eu mais quero Iago. - e tornamos a nos beijar.

We were made for each other
out here forever
I know we were
Yeah yeah

All I ever wanted was for you to know
Everything I do I give my heart and soul
I can hardly breathe I need to feel you here with me



Perto do encerramento do Torneio Tribruxo:

Os exames haviam acabado, mas as aulas continuavam. Já que tínhamos que ir para escola, nem que fosse para ficar jogando cartas uns com os outros, os professores, tornavam o tempo gasto na sala de aula divertido. Era comum, criarem jogos, e brincadeiras ‘educativas’ para passar o tempo, enquanto esperávamos as ultimas atividades do ano, a final do torneio Tribruxo, a estréia da peça de teatro, e enfim nossa formatura.
Ty, Gina e eu havíamos sido escolhidos como oradores de nossas escolas, e eu estava nervosa, mas Ty parecia não estar nem aí, talvez ele agisse assim para não colocar mais pressão em cima da campeã de Hogwarts.
Para variar, foi difícil sair da cama, uma vez que eu sentia muito sono ultimamente, talvez pelo excesso de noite em claro, mas enquanto eu me arrumava, ouvi Annia, resmungar mal humorada:
- Ah não! Vou ter que pedir uma poção contra cólica na enfermaria, isso está me tirando do sério este mês. - e Vina comentou:
- Melhor pegar para nós quatro, já que Evie vai ficar livre disso por um bom tempo. Sabe que passamos por isso juntas, todos os meses, começando com a Milla...- comentou Nina e de repente eu me dei conta de isso era verdade.
Nossas cólicas pré-menstruais, começavam comigo, e eu não lembrava de ter passado por alguma coisa do gênero nesse mês. Elas continuavam conversando distraídas, enquanto eu forçava a memória para me lembrar se havia tomado as poções contraceptivas regularmente, durante o tempo que estive com o Luka.
Enquanto meus amigos almoçavam, eu corri até a farmácia do vilarejo e comprei vários testes de gravidez. Voltei para a república vazia e me tranquei no banheiro. Respirei fundo e comecei a fazer os testes e após o primeiro, percebi que por mais que eu repetisse, sacudisse, virasse as varetas, soprasse, rezasse, não mudava o fato de aqueles dois riscos cor de rosa, significarem apenas uma coisa: eu estava grávida de Luka.
Quando as garotas chegaram após o fim das aulas, me encontraram deitada na minha cama olhando para o teto, de olhos inchados.
- Porque você faltou na parte da tarde? Nem almoçou. - comentou Vina e só de pensar em comida, senti uma náusea tão forte, que me fez sair aos tropeções para o banheiro.
Elas vieram atrás de mim, e após algum tempo entraram e me encontraram sentada no chão, chorando. Elas se aproximaram, e me ajudaram a voltar para a cama, elas trocavam olhares preocupados.
- Milla, quer que chamemos a enfermeira no castelo? Ou o Griffon? Pode ser algum sintoma tardio da poção.
- Não precisa, eu sei o que eu tenho...- elas me olhavam preocupadas e eu me forcei a dizer de forma que eu mesma pudesse acreditar no que ouvia:
- Eu estou... Estou grávida...Grávida de um filho do Luka....- desabei numa crise de choro.
Senti os braços delas me envolverem, e chorei mais um pouco, quando senti que minhas lagrimas haviam acabado, nos sentamos em rodinha, como fazíamos quando entramos na escola.
- Você tem certeza? - quis saber Nina.
- Depois de cinco testes dando positivo, eu tenho certeza. - respondi e Evie quis saber:
- Como você está se sentindo?
- Assustada. - fiquei calada e podia ler nos rostos das minhas amigas todas as perguntas que elas queriam fazer, então comecei a me adiantar:
- Luka e eu, sempre tomamos cuidado, mas sinto a memória falhar, no que se refere àquela semana anterior à crise de abstinência.
- Naquela semana, você estava maluca mesmo, nem dormia direito. Seria difícil lembrar das poções...Você deve estar com pouco mais de 4 semanas...- calculou Vina.
- O que você vai fazer? Sabe que assim tão novinho, você tem opções...- disse Annia. Respirei fundo e disse:
- Muita coisa passou pela minha cabeça. No começo eu não acreditei, depois chorei de ódio, porque o Luka não tinha o direito de fazer o que fez. Mas um filho não se faz sozinho. E durante algum tempo, eu amei ao Luka. Vou ter o bebê, ele não tem culpa. - Nina se empolgou.
- Além de nossa ajuda, você vai poder contar com o Yéti, ops, Iago, até eu me acostumei com este apelido besta...- cortei a empolgação de Nina.
- Eu terminei com o Iago. - disse e as lágrimas voltaram a cair pelo meu rosto:
- Você o quê? - gritaram minhas amigas e eu disse:
- Ele merece ter a família dele, e não vou impor um filho de outro a ele. Não quero que ele passe por isso, não quero magoá-lo mais, então mandei uma carta terminando tudo...- meu choro ficou mais forte, e Vina me fez tomar um chá para me acalmar, meus olhos ficaram pesados e não lembro de mais nada.

o-o-o-o-o-o

Bam!Bam!Bam!

Eu estava sonhando que alguém socava uma porta em algum lugar, pensei ter ouvido um nome ser chamado. Quando ouvi gritos, tive certeza que não estava sonhando. Minhas amigas também acordaram e quando abrimos a porta, Iago entrou feito um maluco no nosso quarto, e veio para o meu lado. Parecia furioso. Os rapazes estavam na cola dele, pude notar que ainda usavam pijamas, por baixo dos casacos.
- Quero falar com você sobre isso. - e jogou o pergaminho em cima da cama.
- Não há o que falar, esta tudo explicado ai: Acabou. Agora se você já terminou o escândalo, pode ir embora, queremos dormir. - tentei me fazer de forte.
- Como assim acabou?? Eu exijo uma explicação, você disse que íamos levar a sério...
- Depois desta exibição, não dá Iago. Melhor cada um ir pro seu lado, e...- nesta hora Evie interrompeu e disse:
- Iago, procure se acalmar. Ela vai conversar direito com você, nós vamos dar privacidade. E qualquer coisa, sabe onde estamos Milla. - as garotas pegaram algumas roupas e foram se trocar em outro quarto, enquanto eu estava sentada na minha cama, olhando para um Iago extremamente alterado. - ele disparou:
- O que foi que aconteceu, desde o dia que resolvemos ficar juntos? É algum efeito da poção ou você é pirada assim mesmo? Quer me enlouquecer? Porque você está conseguindo me deixar maluco, numa hora você está em meus braços dizendo que me ama, e alguns dias depois não quer mais? Você é bipolar? - ele parecia transtornado.
- É melhor não ficarmos mais juntos, você deve encontrar alguém que você ame e...
- Eu amo você, quero ter uma vida ao seu lado e...
- Não vai ser possível...As coisas vão mudar e...
- Claro que vão mudar, você está se formando, vamos estar juntos...
- Eu estou grávida do Luka! - disse de uma vez e ele parou de falar, me encarando. E o jeito que ele me olhava, eu achei que fosse uma leve irritação, e eu completei:
- Por isso achei melhor terminarmos, eu realmente vou mudar nos próximos meses e você não tem que ficar preso a mim...
- Então você como uma pessoa corajosa que é, decidiu por mim, que eu não iria querer ficar com você por isso?- ele falou calmo e eu concordei relaxando minha postura, e ele disse:
- Você é uma lesada...- eu abri minha boca indignada e ele me ignorou. Estava zangado.
- Quem lhe deu o direito de decidir por mim, que nós não poderíamos ficar juntos por causa de uma gravidez? Você acha que eu não consigo saber o que é bom ou não pra mim, acha que o fato de eu ser truculento, me tornou um burro, e você como uma pessoa magnânima que é, me chutou como se eu fosse um nada, e isso tudo pelo meu bem. - ele disse ridicularizando e eu me irritei:
- Quero que você seja tenha a sua família e tudo que for de melhor da vida, e isso não inclui um filho ilegítimo. Estou tentando fazer o melhor para você, será que você não entende?
- Não, Milla, não entendo. O que eu entendo é que eu sempre pensei que você me respeitasse como homem, mas vejo que você me considera um nada, pois não deu sequer a opção de me consultar sobre o nosso relacionamento, você não acreditou que nós podíamos ser felizes em nenhum momento, não sabe que eu ficaria do seu lado?
- Como ficaria do meu lado? Como amigo?? Isso seria pior para mim Iago, eu quero ficar com você, porque eu te amo, mas vou ter um bebê que não terá o seu sangue, e em algum momento no futuro, você irá se ressentir disso, e nos odiar. - eu disse segurando as lágrimas.
- E quem sou eu para odiar alguém pelo sangue que carrega? Eu que sofri discriminação por ser o filho de um comensal, todos sempre esperaram que eu seguisse os passos dele, mas não o fiz. O que nos torna boas pessoas, é o amor que a gente recebe Milla, e se você realmente acreditasse em nós, saberia que eu amaria este filho como se fosse meu, e quando os outros nascessem, eu não deixaria de amá-lo nunca, porque antes dele ser filho do Luka, ele é seu e você é o amor da minha vida, vou te amar para sempre e não vou desistir de nós, mesmo que você me mande embora, é tão difícil entender?
- Eu sou loira, não dizem que somos lentas? - respondi fungando e ele colocou um joelho no chão, colocou uma de suas mãos na minha barriga, e disse me olhando nos olhos:
- Já tínhamos planos de ter uma vida juntos, nós só vamos antecipar um pouco as coisas. Case-se comigo depois da formatura Lud, e me dê a honra de ser o pai do seu filho. - meu coração batia acelerado no peito e eu sabia que sempre amaria o Iago, que teríamos milhares de bons momentos e que juntos superaríamos qualquer coisa de ruim que nos acontecesse, então dei a resposta mais acertada de toda a minha vida, em alto e bom som:
-Sim!
E nesta hora ouvimos uma comemoração do lado de fora da porta do meu quarto na república, enquanto nos beijávamos.

In the confusion, and the aftermath
You are my signal fire
The only resolution and the only joy
Is the faint spark of forgiveness in your eyes

There you are, standing right in front of me (x2)
All this fear falls away, you leave me naked
Hold me close, cause I need you to guide me to safety





N.Autora: trecho de When you’re gone, Avril Lavigne e Signal Fire, Snow Patrol

Monday, June 22, 2009

Depois do exaustivo exame de Feitiços, voltamos para as repúblicas não para dormir, mas para virar a noite revisando a matéria da prova seguinte. Foi assim todas as noites, íamos todos para o salão principal fazer os exames parecendo zumbis, mas ao menos tínhamos a matéria fresca na cabeça. E dessa forma, não entrava em pânico com medo de esquecer alguma coisa e fazia as provas com calma, principalmente nas teóricas, que eram minha maior preocupação. Mas todo dia acontecia alguma coisa durante os exames que dispersavam nossa atenção ou ajudavam a relaxar a turma.

No exame prático de Transfiguração, Julianne perdeu o controle e de alguma forma conseguiu transfigurar sua cadeira em uma dúzia de galinhas. O exame foi interrompido por quase 20 minutos, até que todas as aves fossem capturadas e retiradas do salão. Já estava totalmente desconcentrado quando entrei na câmara, mas consegui apagar a imagem das galinhas voando por cima das mesas e bicando os alunos e me sai bem nas tarefas pedidas, conseguindo fazer meu pelúcio desaparecer por completo.

Em Herbologia não enfrentei dificuldades, depois de quase ter sido assassinado, jamais esqueceria os nomes de todos os venenos e antídotos. E embora tenha me descuidado na hora de recolher uma amostra de beladona e queimado o dedo com o liquido que escorreu dela, o examinador parecia satisfeito com o resultado. Acho que consegui um EE.

O exame mais esperado por mim era DCAT, tinha total confiança de que me sairia muito bem. Consegui descrever detalhadamente todas as azarações e contra-azarações que foram pedidas, assim como também descrevi alguns feitiços mais complexos como o voto perpétuo, o feitiço fidelius e o tabu. No exame prático me sai melhor ainda. O examinador, o mesmo que me avaliou no exame de Feitiços, pediu que executasse o feitiço do Patrono, feitiço desilusório, um feitiço de proteção de área e um feitiço escudo avançado, e consegui executar todas com perfeição.

Poções também não foi difícil. A parte teórica foi um pouco mais demorada, custei a conseguir descrever o preparo das poções, mas compensei na hora do exame prático. Era muito melhor cozinhando as poções do que falando delas e quando mandaram que nos afastássemos das bancadas, meu caldeirão exalava uma fumaça levemente escura, exatamente como deveria ser na Poção de Acônito. E pela reação da examinadora quando avaliou o conteúdo dele, havia conseguido meu tão esperado O.

Em TCM tivemos que cuidar de Testrálios, alimentá-los e conduzi-los de volta ao cercado, e também capturar e amansar uma bibra, o que não foi nada difícil, depois de ter capturado e quase domesticado uma, a Penélope, quando Ty e eu a usamos para destruir o quarto de Max e Luka no ano retrasado.

Mas a onda de me sair bem em todos os exames terminou no dia reservado para Alquimia. Na parte teórica até que não me sai mal, havia conseguido memorizar todos os elementos alquímicos e alguns processos usados para as transmutações, mas o exame prático foi uma tragédia. A única transmutação que consegui fazer foi de uma pedra bem pequena em montinho de areia, e aquele simples processo me tomou mais de 15 minutos. Não havia mais tempo para outras transmutações e fui dispensado da câmara com a sensação de que havia recebido meu primeiro A nos N.I.E.M.s, o que já era muita coisa. A sorte era que Alquimia não era pré-requisito para a Academia de Aurores ou teria sido a ruína da minha ainda não iniciada carreira.


Mas depois de DCAT, o exame que aguardava com mais ansiedade era o da Academia de Aurores. Todos os N.I.E.M.s já haviam terminado e somente a turma que fazia o curso do professor Skoblar ainda seria avaliada. Como era uma turma pequena, com cerca de 20 alunos, fizemos a prova teórica em uma sala de aula normal. Estava bem mais difícil que o exame de DCAT e não respondi as questões com a mesma facilidade, mas no geral achava que havia me saído bem. A turma terminou o exame quase junta, nos últimos minutos do tempo limite. Descemos para almoçar com a cabeça rodando e varados de fome, mas mal consegui comer. Ficava revirando a comida no prato com o garfo, minha mente longe, no exame prático que começaria logo depois.

O professor Skoblar apareceu no salão principal quando faltavam 30 minutos para o exame, pedindo que fossemos para a sala do clube de duelos e aguardássemos instruções. Seguimos todos juntos para lá e os examinadores já estavam nos esperando. Notei que no chão haviam algumas camisas coloridas e equipamentos como cordas e capacetes, mas ninguém dizia nada para explicar. Alguns minutos depois, Marko apareceu na sala seguido de alguns alunos, entre eles Ty, Miyako, Gabriel, Victor, Ricard, Gina e Chris.

'O exame prático de vocês será uma missão de resgate. Esses alunos serão os reféns trouxas que vocês deverão resgatar' E apontou para os nossos amigos, agora usando camisas verdes com a palavra "Refém" 'Eles estarão escondidos no castelo, sendo guardados pelos seqüestradores' Ele apontou agora para um outro grupo, dessa vez de aurores, com camisas azuis com a palavra "Bruxo das Trevas" 'Vocês terão que usar todos os ensinamentos que vimos durante o curso para encontrar os reféns e resgatá-los com vida, tendo passado por todos esses aurores treinados. No caminho vocês também irão cruzar com pessoas normais, no meio dos duelos’ E apontou para um outro grupo de alunos com camisas amarelas com a palavra “Trouxas” ‘Cuidado para não atingi-los. E se perceberem que correm perigo, devem protegê-los. Vocês trabalharão em equipes de 4 e devem se ajudar para terem sucesso na missão, um auror nunca trabalha sozinho. Lembrem-se que o seu êxito também depende do seu colega. A primeira equipe a ser testada será formada por Micah Wade, Shannon Austen, Wes Sanders e Maximillian Parvanov. Podem começar a se preparar. Reféns, acompanhem o auror O'Shea, ele mostrará onde deverão ficar até serem resgatados. Não se esqueçam que não devem, de modo algum, ajudar seus colegas. Vocês são reféns e estão desarmados, deverão apenas ser protegidos pela equipe’

'Muito bem, vamos nos concentrar nos reféns e esquecer as brigas passadas' Falei assim que minha equipe se reuniu, encarando Max 'Quero me sair bem nessa prova e não quero que desavenças atrapalhem minha entrada na academia'

'Concordo' Max respondeu, entendendo que falava com ele 'Nossas diferenças ficam lá fora, aqui nós queremos a mesma coisa'

'Muito bem, meninos, estão crescendo' Shannon falou debochada e assumiu o comando da equipe 'Vamos trabalhar sempre juntos, ninguém vai se separar para cobrir mais terreno em menos tempo, porque vai estar cheio de emboscadas lá fora esperando para pegar um de nós sozinhos. Unidos somos mais fortes e dessa forma passaremos com mais facilidade pelos aurores'

'Atenção' Marko falou com a ampulheta na mão 'Vocês terão uma hora para voltar com os 7 reféns em segurança. Eles estão dentro do castelo, não há nada lá fora. Preparem-se...' Ele consultou um relógio no pulso e virou a ampulheta 'Vão!'

Assim que a madeira da ampulheta bateu na mesa, corremos para fora da sala. Shannon ia nos liderando pelo corredor e logo que descemos o primeiro lance de escadas, 2 aurores vinham ao nosso encontro. Max e eu os derrubamos com dois feitiços certeiros e eles ficaram caídos pela escada. Chegamos ao andar debaixo e já podíamos ouvir passos subindo. Shannon apontou diferentes estátuas no corredor, onde deveríamos nos esconder, e usamos transfiguração para nos camuflarmos entre elas. Um grupo de 5 aurores apareceu assim que nos escondemos, vasculhando a área. Vi quando Wes murmurou um feitiço sem emitir som e derrubou o primeiro. Os outros 4 ficaram em alerta, mas estávamos camuflados entre as estátuas e eles não conseguiam nos ver com facilidade. Shannon derrubou o segundo, Max o terceiro e eu o quarto, em seqüência. Sobrou apenas um auror, que começou a lançar feitiços aleatórios pelo corredor e acabou acertando Max, o tirando de seu disfarce e o forçando a se revelar. Shannon desfez o dela também, mas antes que o homem a nota-se, já estava no chão, desacordado com um eficiente feitiço estuporante.

Passamos por mais 2 andares repletos de aurores, sem ferir nenhum dos trouxas aleatórios que passavam e sempre usando os exercícios que aprendemos no curso, como transfiguração humana, patronos, escudos avançados e muitos feitiços de deflexão. Já estávamos no primeiro andar e Wes já havia rastreado a sala onde os reféns estavam escondidos, mas tinham cerca de 10 aurores guardando a entrada. Não tinha como passarmos apenas lançando feitiços, eles iam nos cercar com facilidade. Tentávamos pensar juntos em uma maneira de atravessar, quando Max tomou a frente do grupo e pediu que confiássemos nele. Não era algo que me agradava, mas resolvi dar um voto de confiança a ele.

‘O que está fazendo?’ Shannon perguntou vendo-o murmurar feitiços que ela não conhecia, apontando a varinha para um monte de objetos que tirou do bolso.

‘Botando em pratica sete anos de alquimia’ Ele respondeu sorrindo confiante e os objetos se fundiram, formando uma intensa luz branca ‘Pronto. Quando eu disser, corram na direção da porta e estejam prontos para estuporar quem aparecer no caminho’

Max levantou e pegou o punhado de areia em que os objetos se transformaram, fechando com cuidado na mão e saindo de trás da estátua, ficando visível para os aurores. Um grupo já avançava em direção a ele, mas Max ergueu a mão e os encarou.

‘Agora!’ Ele gritou e no momento em que levantamos, Max abriu a mão e atirou o punhado de areia no chão.

No mesmo instante uma fumaça branca se espalhou pelo corredor e impossibilitava uma visão clara de qualquer coisa. Corremos na direção da porta, que era uma reta só, e sentíamos esbarrar nos aurores no caminho, que por não enxergar nada não lançavam feitiços contra a gente. Ainda ouvi Shannon e Max lançarem feitiços estuporantes e alguns corpos caindo no chão, mas só tinha em mente chegar até a sala. Assim que abri a porta, três jatos vermelhos bateram na parede do meu lado. Wes entrou logo em seguida já lançando o impedimenta e acertou um dos aurores, facilitando para mim derrubar o outro enquanto ele atingia o ultimo. Shannon e Max entraram aos atropelos logo depois, já tendo derrubado todos os aurores perdidos na fumaça. Os reféns estavam amarrados no chão, no fundo da sala.

‘Até que enfim!’ Gabriel resmungou quando nos viu.

‘Estava ficando com fome, tirem essas cordas da gente’ Ty resmungou também, mostrando as mãos atadas.

‘Vamos voltar logo, só temos mais 10 minutos!’ Shannon nos apressou e com um feitiço só desamarrei todas as cordas.

‘Fiquem sempre entre nós quatro, não se afastem’ Wes ordenou e todos assentiram com a cabeça.

‘Caminho limpo, vamos andando’ Max conferiu se o corredor estava vazio e saímos.

Voltamos ao corredor e subimos correndo as escadas, sem esbarrar com mais nenhum auror no caminho, mas por precaução íamos com as varinhas em punho, prontos para atacar. Chegamos de volta à sala faltando 5 minutos para estourar o tempo e os aurores que derrubamos pelo caminho já haviam voltado e passado um relatório sobre nossa missão de resgato. O professor Marko parecia bastante satisfeito e nos dispensou, dizendo que o resultado sairia na semana seguinte. Agora só nos restava esperar, mas algo me dizia que já estávamos com o pé dentro da academia.

Saturday, June 20, 2009

Lembranças de Mag Neitchez

Junho de 1978

- Accolon me contou que a viu perambulando com Lucan pelo castelo, Maggie. Já pedi para que se afastasse dessa família, não pedi? – papai começou a conversa em um tom definitivo e sua expressão era rígida.
- JOSEF te contou que me viu com LEVÍ. É isso? – perguntei delicadamente, mas ele não se alterou. - Bem, ele é meu amigo, – e só isso por enquanto – papai. E Valéria também, a irmã dele; é minha melhor amiga. Não vejo mal em estar com eles...
- São traidores e amigos de bruxos de caráter duvidoso.
- São boas pessoas. E eu sei por que você não gosta deles. Leví me contou. O pai dele e ele estão enfrentando posições que você e Josef andam tomando na sociedade, não é?
- Lancelot e Lucan são umas vergonhas para a “Reis e Sombras” e estão se tornando problemas para todos nós. De qualquer maneira, você não deveria saber tanto sobre este assunto que não te cabe.
- Como não cabe se meu pai é o líder? – a pergunta saiu antes que pudesse segurá-la. Papai apertou os dois punhos em cima da mesa e me encolhi.
- Quem faz perguntas aqui sou eu e vou dizer pela última vez: se afaste dos Neitchez. Não ouse me desobedecer mais uma vez, Margareth. Se afaste deles por conta própria e não me obrigue a fazer isso por você. – o olhar dele estava frio e me fez tremer.

Ainda encolhida na cadeira, concordei com a cabeça. Meu pai não estava brincando e, tampouco, me daria mais tempo. Só tinha uma pessoa para quem podia pedir ajuda.

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- Foi você quem contou à professora Zagreb sobre a Sociedade, não foi? – Josef apertava meu braço com força enquanto me arrastava andando ao seu lado no caminho de volta às Repúblicas. Ele estava tenso.
- Solte meu braço Josef. Está me machucando... – tentei livrar seu aperto, mas estava irredutível. Minha mão começava a ficar dormente.
- Ela agora segue todos os meus passos, como um cão de guarda. Ela não sabe com quem está mexendo. – ele resmungava mais como pensamentos altos e continuava a me manter sob seu aperto. – Como vou cumprir a última tarefa que Uriens me deu se ela não me deixa se quer um minuto sozinho?
- Do que você está falando? O que meu pai te mandou fazer? Solta o meu braço!

Reunindo toda a força que consegui, puxei novamente meu braço de suas mãos e consegui me soltar. Josef pareceu despertar e me encarou com fúria se aproximando vários passos de mim até que estivéssemos só há alguns centímetros e só eu escutasse o que ele dizia em seguida:

- Quer mesmo saber o que seu pai me mandou fazer, Maggie? Talvez você não goste de escutar. – seus olhos estavam tão gelados quanto os do meu pai, mas me mantive firme diante dele. Josef não me intimidava.
- Para você sou Margareth. Meu pai quis forçar nossa amizade, mas sempre te achei um hipócrita e sem personalidade. O que mais você tem que fazer para conquistar de uma vez a confiança do “grande Uriens”?
- Não se trata de confiança mais. Muito menos de amizade. Agora eu só escuto meus próprios interesses e eles me dizem que se eu matar Leví Neitchez, para nós Lucan, vou finalmente assumir como chefe da “Reis e Sombras”. E eu vou matar seu namoradinho se é esse o preço que tenho que pagar.

Suas palavras funcionaram como facas em mim: à medida que ele ia pronunciando-as, várias partes do meu corpo começavam a doer como se tivessem sido atacadas. Senti o chão rodar sob meus pés. Apesar de já desconfiar a algum tempo de que papai não teria escrúpulos para se manter no poder – mesmo que isso significasse passar por cima de todos aqueles que fossem contra ele – ter a confirmação de que ele estava usando Josef (que também não tinha limite algum) para atingir os Neitchez, saber que ele tentaria matar Leví, fez com que alguma coisa despencasse ácida no meu estômago.

- É bom que você tenha escutado e entendido bem o que te disse Margareth, e avise logo a Zagreb que não tenho medo dela. Ela não tem provas contra mim e não vou dar nenhuma. Vai ser rápido e fatal e eles nunca vão conseguir me culpar por nada. E não seja tola de mencionar essa nossa “conversa” com alguém, nem mesmo com seu pai, ou minha lealdade para com ele também pode se acabar.

Ele me encarou uma última vez e minha firmeza se foi. Josef não era tão sem personalidade quanto eu tinha julgado e ele também não estava brincando quando dizia que abandonaria até mesmo meu pai se este começasse a ser um empecilho para seus objetivos.

- Não faça nada que vá se arrepender depois, Josef. – tentei não vacilar enquanto falava a única coisa que me veio à cabeça e ele riu ironicamente.
- Só me arrependo das coisas que deixei de fazer, “Mag”, por isso... Fique na sua.

Acompanhei ele se distanciar e engoli em seco.

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- Seu pai foi afastado da Sociedade, Maggie. Foi o máximo que consegui fazer nesse caso. O professor Vuzharov conversou com os Neitchez sobre as intenções de Teodoro e Josef e conseguiu liderar um grupo com outros membros da sociedade para bani-lo. Josef, como ele mesmo previu, permanece impune. Teodoro tinha outras ações para ser culpado, - por ter idéias semelhantes à Grindewald, e já ter colocado algumas delas em prática quando ainda estava em exercício de líder - mas Josef ainda está liso e, por isso, não há nada que eu possa fazer. Mas te garanto que Leví está seguro: nada pode acontecer aos Neitchez sem que desconfiem dos dois a partir de agora. E eu vou continuar na cola do Parvanov. Mas Teodoro não está feliz com o que aconteceu e eu tenho medo do que ele pode tentar contra você agora que ele descobriu que foi você quem me contou. Eu posso te esconder por algum tempo, mas...
- Não, professora. A senhora já fez mais do que deveria por mim. Vou fazer o que já deveria ter feito desde que mamãe morreu (e a única coisa que pode me dar uma chance de ter uma vida mais tranqüila e feliz): vou fugir de casa. Teodoro Schneider não é mais meu pai.
- E vai para onde? Tem alguma idéia?
- Vou morar com os Neitchez.


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Por Victor Neitchez

Maio de 2000

Quando mamãe parou de falar, todos nós ficamos em silêncio nos encarando. Papai parecia o único tranqüilo perante toda aquela situação, e segurava a mão de mamãe com força em cima da mesa. Depois de vários minutos, Karl pareceu decidir que estava na hora de interromper o clima:

- Então... Nosso avô... Quero dizer, Teodoro, tentou te matar, papai?
- Ele não chegou a agir. Graças à Maggie e à Morgana Zagreb, não teve tempo. Morgana conseguiu convencer o diretor da época – que também era da sociedade – que as idéias de Teodoro fugiam completamente da ordem. Expulsaram-no mesmo antes que ele ou Josef pudessem materializar o plano.
- E Josef conseguiu assumir como líder? – Christine perguntou com a voz um pouco falha. Mamãe se mexeu desconfortável na cadeira e me deu uma olhada de relance antes de concordar com a cabeça.
- Sim. Apesar de todas as suspeitas, “ele estava liso”. E Teodoro ficou na frente da Sociedade por muitos anos... Tempo suficiente para plantar ali dentro admiradores de todas as espécies. Por mais que a maioria dos membros tenha decidido afastá-lo do poder (para protegerem o sigilo da Sociedade), sua fama continuou quase que intacta. Quando ele saiu, deixou subentendido que gostaria de ver Josef como seu sucessor e, novamente, foi a maioria quem escolheu.
- E claro que eu e papai abandonamos a sociedade assim que Josef tomou posse. Ele não tentaria mais nada contra nós – e nem tinha mais necessidade – mas nos recusamos a continuar. Desde então, mais nenhum Neitchez foi chamado para entrar. E vocês – papai apontou para mim e Karl – por causa de Teodoro, logicamente.
- Você saiu de casa e foi morar com vovô e vovó, certo? Teodoro nunca mais te procurou mamãe? Ele soube que você estava com os Neitchez, não soube? – Charlotte perguntou franzindo a testa.
- Sim, ele soube no mesmo dia... Na verdade, foi um conjunto: eu fugi de casa e ele me expulsou. Estava com ódio por eu ter contado à Morgana sobre a Sociedade e por ter sido afastado dela. Além disso, ele nunca foi o que podemos considerar como “pai de família”. Ele soube que ia morar com os Neitchez, mas nunca mais nos procurou.
- Você também não? Mesmo depois de tanto tempo? – Gabrielle parecia prestes a explodir enquanto tentava acompanhar com todos nós tudo o que era falado.
- Eu tentei... Uma vez. Nas vésperas do meu casamento com o pai de vocês. Eu achei que já estava na hora de deixarmos tudo para trás e superar, mas, aparentemente, ele precisava de um tempo mais longo. Quando soube que ia me casar com “Lucan” então... bem... Decidi que nós estávamos vivendo melhor um longe do outro e desisti de vez. Ele faleceu há dois anos, no meio de um duelo entre Comensais e Aurores. Óbvio que era um dos Comensais. Só fiquei sabendo por que Johnny foi um dos aurores e, conhecendo toda a história, me comunicou.

Perante todo aquele novo repertório de informações, caímos em silêncio novamente. Dessa vez, mamãe não prolongou muito antes de quebrá-lo.

- Escutem, todos vocês: só resolvi que contar tudo isso era a melhor solução porque Victor já havia descoberto sozinho e acidentalmente praticamente toda a história (e esteve deveras envolvido nela), mas quero que saibam que, para mim, não faz mais a menor diferença. Os avôs de vocês me receberam como uma filha e junto com seu pai e seus tios, eu soube o que era ter uma família de verdade. Eu não me arrependo de nada do que fiz e não quero que essa história seja motivo para vocês ficarem remoendo más lembranças de um passado que eu já enterrei há muito tempo. Eu sou muito feliz, não tenham dúvidas. Se fugi do assunto mais de uma vez, foi porque tive medo das reações de vocês – e ainda tenho. Então... podemos fazer um trato? Agora que vocês já sabem, podemos todos esquecer novamente? Por favor?!

Mamãe tinha um tom suplicante na voz e nos encaramos. Papai sorria para ela dando forças e ela retribuiu esperando que reagíssemos à proposta. Christine foi a primeira a sorrir também e estender-lhe a mão.

- Mamãe está certa: é uma história triste e pesada, mas é passado. Não há nada que possamos fazer para mudar isso e nem sei se iria querer fazer também, se tivesse chance. Não vejo como melhorar nada em nós.
- É esse o espírito, Chris. – Karl uniu sua mão com a dos três, sorrindo abertamente.
- Bem... é claro que podem contar comigo. – Charlotte sacudiu os ombros e respondeu abrindo um sorriso discreto enquanto também empilhava sua mão com as demais.
- E comigo! – Gabrielle saltou abraçando mamãe e batendo as duas mãos em cima do monte. Todos agora me olhavam, ansiosos.

Ali estavam as pessoas mais importantes da minha vida, unidas e felizes como sempre tinham sido. Se família não significasse isso, então o que mais poderia ser? Sorrindo com sinceridade, pousei minha mão no topo de todas e mamãe deixou escapar uma lágrima enquanto todos nós nos empilhávamos para abraçá-la de uma só vez. O que passou, passou. “Presente” não tinha esse nome por acaso, afinal.

It doesn’t mean much; it doesn’t mean anything at all
The life I’ve left behind me is a cold room
I’ve crossed the last line from where I can’t return
Where every step I took in faith betrayed me
And let me from my home

And sweet, sweet surrender
Is all that I have to give.

Sarah McLachlan – Sweet Surrender