Monday, June 22, 2009

Depois do exaustivo exame de Feitiços, voltamos para as repúblicas não para dormir, mas para virar a noite revisando a matéria da prova seguinte. Foi assim todas as noites, íamos todos para o salão principal fazer os exames parecendo zumbis, mas ao menos tínhamos a matéria fresca na cabeça. E dessa forma, não entrava em pânico com medo de esquecer alguma coisa e fazia as provas com calma, principalmente nas teóricas, que eram minha maior preocupação. Mas todo dia acontecia alguma coisa durante os exames que dispersavam nossa atenção ou ajudavam a relaxar a turma.

No exame prático de Transfiguração, Julianne perdeu o controle e de alguma forma conseguiu transfigurar sua cadeira em uma dúzia de galinhas. O exame foi interrompido por quase 20 minutos, até que todas as aves fossem capturadas e retiradas do salão. Já estava totalmente desconcentrado quando entrei na câmara, mas consegui apagar a imagem das galinhas voando por cima das mesas e bicando os alunos e me sai bem nas tarefas pedidas, conseguindo fazer meu pelúcio desaparecer por completo.

Em Herbologia não enfrentei dificuldades, depois de quase ter sido assassinado, jamais esqueceria os nomes de todos os venenos e antídotos. E embora tenha me descuidado na hora de recolher uma amostra de beladona e queimado o dedo com o liquido que escorreu dela, o examinador parecia satisfeito com o resultado. Acho que consegui um EE.

O exame mais esperado por mim era DCAT, tinha total confiança de que me sairia muito bem. Consegui descrever detalhadamente todas as azarações e contra-azarações que foram pedidas, assim como também descrevi alguns feitiços mais complexos como o voto perpétuo, o feitiço fidelius e o tabu. No exame prático me sai melhor ainda. O examinador, o mesmo que me avaliou no exame de Feitiços, pediu que executasse o feitiço do Patrono, feitiço desilusório, um feitiço de proteção de área e um feitiço escudo avançado, e consegui executar todas com perfeição.

Poções também não foi difícil. A parte teórica foi um pouco mais demorada, custei a conseguir descrever o preparo das poções, mas compensei na hora do exame prático. Era muito melhor cozinhando as poções do que falando delas e quando mandaram que nos afastássemos das bancadas, meu caldeirão exalava uma fumaça levemente escura, exatamente como deveria ser na Poção de Acônito. E pela reação da examinadora quando avaliou o conteúdo dele, havia conseguido meu tão esperado O.

Em TCM tivemos que cuidar de Testrálios, alimentá-los e conduzi-los de volta ao cercado, e também capturar e amansar uma bibra, o que não foi nada difícil, depois de ter capturado e quase domesticado uma, a Penélope, quando Ty e eu a usamos para destruir o quarto de Max e Luka no ano retrasado.

Mas a onda de me sair bem em todos os exames terminou no dia reservado para Alquimia. Na parte teórica até que não me sai mal, havia conseguido memorizar todos os elementos alquímicos e alguns processos usados para as transmutações, mas o exame prático foi uma tragédia. A única transmutação que consegui fazer foi de uma pedra bem pequena em montinho de areia, e aquele simples processo me tomou mais de 15 minutos. Não havia mais tempo para outras transmutações e fui dispensado da câmara com a sensação de que havia recebido meu primeiro A nos N.I.E.M.s, o que já era muita coisa. A sorte era que Alquimia não era pré-requisito para a Academia de Aurores ou teria sido a ruína da minha ainda não iniciada carreira.


Mas depois de DCAT, o exame que aguardava com mais ansiedade era o da Academia de Aurores. Todos os N.I.E.M.s já haviam terminado e somente a turma que fazia o curso do professor Skoblar ainda seria avaliada. Como era uma turma pequena, com cerca de 20 alunos, fizemos a prova teórica em uma sala de aula normal. Estava bem mais difícil que o exame de DCAT e não respondi as questões com a mesma facilidade, mas no geral achava que havia me saído bem. A turma terminou o exame quase junta, nos últimos minutos do tempo limite. Descemos para almoçar com a cabeça rodando e varados de fome, mas mal consegui comer. Ficava revirando a comida no prato com o garfo, minha mente longe, no exame prático que começaria logo depois.

O professor Skoblar apareceu no salão principal quando faltavam 30 minutos para o exame, pedindo que fossemos para a sala do clube de duelos e aguardássemos instruções. Seguimos todos juntos para lá e os examinadores já estavam nos esperando. Notei que no chão haviam algumas camisas coloridas e equipamentos como cordas e capacetes, mas ninguém dizia nada para explicar. Alguns minutos depois, Marko apareceu na sala seguido de alguns alunos, entre eles Ty, Miyako, Gabriel, Victor, Ricard, Gina e Chris.

'O exame prático de vocês será uma missão de resgate. Esses alunos serão os reféns trouxas que vocês deverão resgatar' E apontou para os nossos amigos, agora usando camisas verdes com a palavra "Refém" 'Eles estarão escondidos no castelo, sendo guardados pelos seqüestradores' Ele apontou agora para um outro grupo, dessa vez de aurores, com camisas azuis com a palavra "Bruxo das Trevas" 'Vocês terão que usar todos os ensinamentos que vimos durante o curso para encontrar os reféns e resgatá-los com vida, tendo passado por todos esses aurores treinados. No caminho vocês também irão cruzar com pessoas normais, no meio dos duelos’ E apontou para um outro grupo de alunos com camisas amarelas com a palavra “Trouxas” ‘Cuidado para não atingi-los. E se perceberem que correm perigo, devem protegê-los. Vocês trabalharão em equipes de 4 e devem se ajudar para terem sucesso na missão, um auror nunca trabalha sozinho. Lembrem-se que o seu êxito também depende do seu colega. A primeira equipe a ser testada será formada por Micah Wade, Shannon Austen, Wes Sanders e Maximillian Parvanov. Podem começar a se preparar. Reféns, acompanhem o auror O'Shea, ele mostrará onde deverão ficar até serem resgatados. Não se esqueçam que não devem, de modo algum, ajudar seus colegas. Vocês são reféns e estão desarmados, deverão apenas ser protegidos pela equipe’

'Muito bem, vamos nos concentrar nos reféns e esquecer as brigas passadas' Falei assim que minha equipe se reuniu, encarando Max 'Quero me sair bem nessa prova e não quero que desavenças atrapalhem minha entrada na academia'

'Concordo' Max respondeu, entendendo que falava com ele 'Nossas diferenças ficam lá fora, aqui nós queremos a mesma coisa'

'Muito bem, meninos, estão crescendo' Shannon falou debochada e assumiu o comando da equipe 'Vamos trabalhar sempre juntos, ninguém vai se separar para cobrir mais terreno em menos tempo, porque vai estar cheio de emboscadas lá fora esperando para pegar um de nós sozinhos. Unidos somos mais fortes e dessa forma passaremos com mais facilidade pelos aurores'

'Atenção' Marko falou com a ampulheta na mão 'Vocês terão uma hora para voltar com os 7 reféns em segurança. Eles estão dentro do castelo, não há nada lá fora. Preparem-se...' Ele consultou um relógio no pulso e virou a ampulheta 'Vão!'

Assim que a madeira da ampulheta bateu na mesa, corremos para fora da sala. Shannon ia nos liderando pelo corredor e logo que descemos o primeiro lance de escadas, 2 aurores vinham ao nosso encontro. Max e eu os derrubamos com dois feitiços certeiros e eles ficaram caídos pela escada. Chegamos ao andar debaixo e já podíamos ouvir passos subindo. Shannon apontou diferentes estátuas no corredor, onde deveríamos nos esconder, e usamos transfiguração para nos camuflarmos entre elas. Um grupo de 5 aurores apareceu assim que nos escondemos, vasculhando a área. Vi quando Wes murmurou um feitiço sem emitir som e derrubou o primeiro. Os outros 4 ficaram em alerta, mas estávamos camuflados entre as estátuas e eles não conseguiam nos ver com facilidade. Shannon derrubou o segundo, Max o terceiro e eu o quarto, em seqüência. Sobrou apenas um auror, que começou a lançar feitiços aleatórios pelo corredor e acabou acertando Max, o tirando de seu disfarce e o forçando a se revelar. Shannon desfez o dela também, mas antes que o homem a nota-se, já estava no chão, desacordado com um eficiente feitiço estuporante.

Passamos por mais 2 andares repletos de aurores, sem ferir nenhum dos trouxas aleatórios que passavam e sempre usando os exercícios que aprendemos no curso, como transfiguração humana, patronos, escudos avançados e muitos feitiços de deflexão. Já estávamos no primeiro andar e Wes já havia rastreado a sala onde os reféns estavam escondidos, mas tinham cerca de 10 aurores guardando a entrada. Não tinha como passarmos apenas lançando feitiços, eles iam nos cercar com facilidade. Tentávamos pensar juntos em uma maneira de atravessar, quando Max tomou a frente do grupo e pediu que confiássemos nele. Não era algo que me agradava, mas resolvi dar um voto de confiança a ele.

‘O que está fazendo?’ Shannon perguntou vendo-o murmurar feitiços que ela não conhecia, apontando a varinha para um monte de objetos que tirou do bolso.

‘Botando em pratica sete anos de alquimia’ Ele respondeu sorrindo confiante e os objetos se fundiram, formando uma intensa luz branca ‘Pronto. Quando eu disser, corram na direção da porta e estejam prontos para estuporar quem aparecer no caminho’

Max levantou e pegou o punhado de areia em que os objetos se transformaram, fechando com cuidado na mão e saindo de trás da estátua, ficando visível para os aurores. Um grupo já avançava em direção a ele, mas Max ergueu a mão e os encarou.

‘Agora!’ Ele gritou e no momento em que levantamos, Max abriu a mão e atirou o punhado de areia no chão.

No mesmo instante uma fumaça branca se espalhou pelo corredor e impossibilitava uma visão clara de qualquer coisa. Corremos na direção da porta, que era uma reta só, e sentíamos esbarrar nos aurores no caminho, que por não enxergar nada não lançavam feitiços contra a gente. Ainda ouvi Shannon e Max lançarem feitiços estuporantes e alguns corpos caindo no chão, mas só tinha em mente chegar até a sala. Assim que abri a porta, três jatos vermelhos bateram na parede do meu lado. Wes entrou logo em seguida já lançando o impedimenta e acertou um dos aurores, facilitando para mim derrubar o outro enquanto ele atingia o ultimo. Shannon e Max entraram aos atropelos logo depois, já tendo derrubado todos os aurores perdidos na fumaça. Os reféns estavam amarrados no chão, no fundo da sala.

‘Até que enfim!’ Gabriel resmungou quando nos viu.

‘Estava ficando com fome, tirem essas cordas da gente’ Ty resmungou também, mostrando as mãos atadas.

‘Vamos voltar logo, só temos mais 10 minutos!’ Shannon nos apressou e com um feitiço só desamarrei todas as cordas.

‘Fiquem sempre entre nós quatro, não se afastem’ Wes ordenou e todos assentiram com a cabeça.

‘Caminho limpo, vamos andando’ Max conferiu se o corredor estava vazio e saímos.

Voltamos ao corredor e subimos correndo as escadas, sem esbarrar com mais nenhum auror no caminho, mas por precaução íamos com as varinhas em punho, prontos para atacar. Chegamos de volta à sala faltando 5 minutos para estourar o tempo e os aurores que derrubamos pelo caminho já haviam voltado e passado um relatório sobre nossa missão de resgato. O professor Marko parecia bastante satisfeito e nos dispensou, dizendo que o resultado sairia na semana seguinte. Agora só nos restava esperar, mas algo me dizia que já estávamos com o pé dentro da academia.