Thursday, November 10, 2011

Lembranças de Lenneth V. Aesir

Final de Setembro

- Você está excelente, garota! – Robbie falou, batendo palmas quando parou de tocar o piano. Eu respirava com dificuldade, tentando recuperar o fôlego, mas me sentia tão viva e feliz.
- Ainda tenho muito que aprender.
- Com certeza. Falta a você duas coisas: uma inspiração e aulas. A vontade de cantar e aprender você tem, agora precisa canalizar isso. Consegue pensar em alguma cantora ou mesmo cantor que possa te servir como inspiração?
- Tarja Turunen. – Eu falei, após pensar por poucos segundos. Sempre admirei a voz da Tarja, a ex-vocalista da banda trouxa Nightwish e a forma como ela se entregava as suas músicas. Uma das minhas maiores lembranças musicais era justamente ouvir “Phantom of the Opera” cantado por ela ao vivo em um show. Até hoje eu fico arrepiada lembrando daquilo e como quase chorei.
- Excelente escolha, combina com seu tom de voz e estilo. Mas é uma inspiração digna de desafio. É uma das maiores cantoras líricas da atualidade. Mas se depender de mim, você vai superá-la! – Ele falou e me abraçou alegre. Começamos a rodopiar no palco, cantarolando músicas aleatórias. Era meio que um exercício que ele fazia comigo, para treinar meu tempo musical e também lembrar de várias músicas que ele começava a cantarolar ou assobiar.
- O que está acontecendo aqui? – Ouvi alguém perguntando e nos assustamos pelo tom de voz. Patrick estava na beira do palco nos olhando como se eu estivesse tendo uma relação com Robbie. Na mesma hora o meu humor foi pro saco.
- Cantando e ensaiando, não está vendo? – Eu respondi, meio grosseira e vi quando ele ficou mais irritado. Ele marchou até nós e me puxou pelo braço, machucando-me.
- Está me machucando! – Eu reclamei e tentei me soltar. Robbie parecia indignado com o que via e não se movia, enquanto Patrick parecia descontrolado.
- Já te falei que não quero você assim tão agarrada com outros e que devia esquecer isso de cantar. – Ele falou e Robbie não se segurou mais. Ele empurrou Patrick para longe de mim e se colocou entre nós dois. Patrick era mais alto que Robbie e o olhava de cima.
- Com quem pensa que está falando? Com alguma garota qualquer? Ela é minha amiga, estamos ensaiando e vamos fazer do jeito que quisermos. E se ela tem talento e quer cantar, não vai ser você a impedi-la. – Robbie falou, enfezado e Patrick estufou o peito.
- Por mais que você seja gay, não o quero perto da minha namorada. E essas aulas vão acabar. – Patrick falou.
- Não vão mesmo. – Robbie teimou e Patrick o empurrou. Nessa hora eu não conseguia me mexer, amedrontada e assustada com o que via diante de mim. Então só ouvi quando alguém entrou correndo no palco.
- Ei, ei! – Era Lucian falando. Ele empurrou Patrick com força, afastando-o de mim e de Robbie. Robbie estava pronto para continuar brigando, mas vi que relaxou quando Lucian se meteu. – O que pensa que está fazendo?
- Isso não te diz respeito, Valesti. – Patrick respondeu entre dentes, dirigindo um olhar zangado para ele.
- Diz sim. Mexeu com meus amigos mexeu comigo. – Ele respondeu, encarando Patrick.
- E com a gente também. – Ouvimos mais pessoas chegando, agora eram Ozzy, Alec, Finn e Oleg que vinham até nós. Alec logo correu para Robbie. Patrick os encarou de cima abaixo e decidiu que não podia mais fazer nada e saiu andando, sem nem olhar para trás, dando uma ombrada em Lucian antes de sair.
- Você está bem? – Lucian perguntou, preocupado. Eu percebi então que tinha sentado no chão chorando. Ele me abraçou e eu chorei em seu ombro como sempre fazia quando éramos mais novos e eu tinha medo de alguma coisa, como quando Phillip me assustava.
- O que esse cara tá pensando que é? – Ozzy perguntou, com raiva. Eles começaram a discutir, mas quando viram que eu estava chorando pararam e ficaram calados, tentando me apoiar.
- Lucian, leva ela para a república. Ela precisa descansar. – Robbie falou, também preocupado.
Lucian assentiu e me ajudou a me levantar. Saí do teatro com a cabeça deitada em seu ombro e fomos andando abraçados. Aquela sensação era boa... Ele não falou nada, apenas me acalmou com tranqüilidade e carinho e eu comecei a relaxar. Mas então a dúvida nasceu dentro de mim de novo e me afastei, limpando as lágrimas. Continuamos andando em silêncio, as mãos dadas, apesar da confusão que eu sentia. Tinha vontade de beijá-lo a qualquer custo e era difícil controlar.
- Lenneth, por que você suporta isso? – Ele enfim perguntou. Eu fiquei um tempo calada.
- Eu gosto dele.
- Mesmo que goste, ele está passando dos limites. Podia ter machucado você ou o Robbie. – Ele falou preocupado. A confusão em meu coração me confundia...
- Ele só está com ciúmes...
- Do Robbie? De mim, do Ozzy eu até entenderia. Mas o Robbie tem um relacionamento com o Alec e não esconde de ninguém. Isso está ficando doentio. É perigoso para você.
- Isso não te diz respeito, Lucian. – Eu falei sem pensar. Ele então parou de andar e ficou um pouco atrás de mim.
- O que disse? – Ouvi incredulidade em sua voz.
- É o que falei. Isso não interessa a você ou a ninguém, não se meta na minha vida. – Eu soltei, mas assim que terminei de falar vi o quanto o magoei. Seus olhos ficaram vazios e tristes.
- Como quiser. – Ele falou zangado e passou por mim, andando rapidamente. Eu fiquei um tempo parada, sem acreditar no que tinha feito. Então comecei a correr atrás dele, chamando-o, mas ele me ignorou e sumiu por uma porta, quando o alcancei, ele já tinha ido embora.

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Na mesma noite

- Ai! – Eu reclamei, quando Liseria puxou meu braço para ver.
- Quanto mais reclamar, pior vai ficar. – Ela falou simplesmente. Ela começou a massagear meu antebraço, onde um roxo em forma de mão estava marcado. Eu mordi os lábios, enquanto ela passava pomada. Julie andava de um lado para o outro, bufando. Parvati e Leonora não estavam conosco, em uma reunião do jornal. Era para Liseria estar lá também, mas ela conseguiu inventar uma desculpa para ficar comigo.
- Você não pode deixar isso ficar assim. – Ela por fim falou, encarando o roxo em meu braço.
- Não vai acontecer de novo. – Eu respondi, mas as duas me olharam incrédulas.
- Você tem que terminar esse namoro. Ele está passando do carinho, está virando obseção! – Lis falou indignada. Eu olhei pedindo ajuda para Julie, pois ela sabia o porquê de eu não terminar o namoro.
- Fale ao menos para os garotos. Se eles derem uma dura nele, ele vai parar com certeza. – Julie falou e Lis concordou, mas eu balancei a cabeça negativamente.
- Me prometam que não vão falar nada! Me prometam! Nem para o Lucian, Ozzy, Finn, Alec, Oleg ou mesmo Robbie! Nada disso deve sair daqui! – Ela começaram a protestar, mas eu balancei a cabeça novamente. – Prometam! – Por fim, elas prometeram e eu respirei aliviada. – Se isso chegar a qualquer um deles, vocês sabem que eles não vão deixar barato. Querem ver nossos amigos envolvidos em uma briga por minha causa?
- Não. – As duas concordaram, relutantes.
- Então nada disso deve sair daqui. – Eu completei e me deitei, olhando para o teto. O braço doía e o roxo parecia feio, mas eu não podia falar para ninguém... Depois de um tempo as duas deitaram do meu lado e começamos a conversar sobre outras coisas, como a festa de Halloween que chegaria em um mês.

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Festa de Halloween

O mês de Outubro tinha passado voando. E teve muitos acontecimentos.
Continuava namorando Patrick, que depois do incidente do palco, parecia mais calmo e parecia ignorar o que tinha acontecido. Eu havia imposto um tempo entre nós e o tratava friamente, mas ele continuava sempre perto de mim, apesar de não nos falarmos ou sairmos.
Robbie me arranjara uma professora de canto e eu tinha aula todas as segundas, quartas e sextas a noite. A professora vinha sempre para o vilarejo e nos encontrávamos para termos aula. Estava fazendo isso escondida do Patrick, em uma sala da livraria da Fer.
Isso implicava em ver cada vez mais o Lucian... Depois daquela minha mancada, eu o procurei no dia seguinte e me desculpei. Ele me perdoou, mas vi que ainda estava magoado. Eu nunca me arrependi tanto de algo como daquele dia... Ver no rosto dele a magoa e a tristeza por algo que eu tinha feito era horrível...
Mas haviam notícias boas! A festa de Halloween finalmente estava ganhando vida e trabalhávamos para transformar nossa república em uma casa de vampiras sanguinárias! Estava sendo divertido e o baile em si prometia ser lindo, com todas as decorações antigas e o clima antigo, misterioso, charmoso e belo do Conde Drácula, que seria vivido pelo próprio Lucian.
Outra notícia boa tinha sido dada pelo Renomaru. Em uma das aulas do clube de Alquimia, ele estava mais feliz do que nunca e iniciou a aula anunciando que sua esposa estava grávida de 4 meses. Comemoramos com ele e quase chorei, pois sabia como isso era importante para ele, ainda mais depois de terem perdido um filho há poucos meses. Ele disse que sua esposa estava passando bem e sendo tratada e monitorada pelos melhores médicos e curandeiros que eles conheciam e por isso eles achavam que tudo daria certo. Eu esperava que realmente desse certo!
No dia da festa, a nossa república fez um Cassino Vampiro e todos nos vestimos como vampiras sanguinárias. Eu em particular, vestia uma saia vermelha curta, uma blusa branca com decote e manchada de sangue, uma meia calça branca, além de olheiras e dentes postiços. Havia sido muito divertido amedrontar os visitantes com nossa encenação bem feita. Me diverti muito!
Na hora do baile em si, fomos todas juntas para o salão de festa, que já estava todo decorado em clima antigo. Era lindo, e eu me peguei imaginando como Durmstrang deveria ter sido há 400 anos atrás, como todo o seu clima imponente e majestoso. E o Lucian... Ele estava maravilhoso. A roupa antiga de Conde Drácula caia perfeitamente nele e lhe dava um ar majestoso. Ele estava recebendo todos com sorrisos galantes e misteriosos, totalmente envolvido com o papel. Quando ele me recebeu e dirigiu um olhar para mim, senti minhas pernas tremerem e quase derreti. Passei rápido por ele, para não ver Liseria, pois ele a recebeu com um beijo digno de um vampiro.
Passei a maior parte da noite conversando e dançando com meus amigos, sempre todos juntos. Acho que era uma forma de cada um ajudar o outro com relação ao Jack. Ele teria adorado aquela festa e tenho certeza que estaria fantasiado de vampiro, para atuar junto de Lucian. Já podia pensar em Jack sem querer chorar, mas sempre ficava aquela sensação de vazio...
Eu observava Patrick às vezes, preocupada por ele tentar fazer algo. Eu estava sempre acompanhada pelos meus amigos e nenhum dos garotos me deixavam sozinha, sempre olhando feio para Patrick. Ele estava conversando com seus amigos em uma mesa distante. Eu o vi bebendo várias vezes, o que não era anormal para ele. No que ele estava se tornando?
Eu dançava uma música animada com Alec, quando de repente senti um puxão em minha mão. Eu reclamei e tentei me soltar, mas não consegui. Vi então que era Patrick e ele começou a me arrastar para fora da pista de dança. Alec o empurrou, mas Patrick o ignorou e eu fiquei com medo, pois todos começavam a olhar. Me virei para Alec.
- Calma, eu resolvo isso. – Ele assentiu, mas ficou nos olhando. Saí com Patrick, ainda meio arrastada. Eu consegui me soltar nos jardins, estávamos perto de uma bela árvore enfeitada com luzes laranjas e vermelhas ao lado de uma das fontes, que barrava parcialmente a visão da porta do castelo.
- O que pensa que está fazendo? – Eu falei irritada, virando minhas costas para a árvore e encarando-o com raiva.
- Passando o baile com a minha namorada. Você está tão linda... – Ele falou e tentou me beijar. Eu o empurrei e ele me olhou estranho, de cima abaixo. Me senti constrangida, pois seus olhos se demoraram em meu decote e minhas pernas.
- Cuidado, ou vai perder a namorada. Ainda não perdoei as idiotices que você fez. – Eu falei, cruzando os braços. Ele deu de ombros.
- Não precisa perdoar, como já falei você é minha namorada. – Ele frisou o termo “minha” e eu descruzei os braços, pronta para discutir. Então, ele se aproximou rápido de mim e me empurrou contra a árvore, pressionando seu corpo junto ao meu. Ele me beijou a força. Eu tentei me afastar, mas ele era mais forte que eu. Uma de suas mãos desceu pela minha cintura e apertou minha perna com força, tentando afastá-las e subiu pela minha coxa, por baixo da minha saia. Eu entrei em desespero e tentei gritar, mas ele continuava me beijando e eu mal conseguia respirar. Sua mão subiu pela minha cintura, por dentro de minha blusa e chegou ao meu busto. Eu mordi seu lábio com força o empurrei com nojo, gritando. Dei um tapa em seu rosto, mas ele chegou a apertar meus seios com força e me machucara.
- Você está bêbado! Estou com nojo de você. – Eu falei irritada. Ele massageou o rosto e me olhou com raiva.
- Quem é você para bater em mim? – Ele perguntou e me segurou pelos dois braços novamente, me sacudindo. Eu gritei novamente, assustada e comecei a chorar.
Alguém o puxou pelo ombro e quando olhei deram um soco em seu rosto e ele foi jogado para trás. Lucian estava parado do meu lado, os olhos brilhando de raiva como eu nunca tinha visto. Ele se colocou entre eu e Patrick. Alec e Ozzy também estavam com ele, correndo até nós, acompanhado por dois dos professores vestidos de serviçais. Patrick cuspiu no chão e partiu para cima de Lucian, que conseguiu desviar, mas Patrick acertou um soco em sua barriga. Então Ozzy já estava perto da gente e deu outro soco em Patrick, enquanto Alec o empurrou com força.
- Chega! – Um dos professores, pela voz identifiquei como Maddox, falou separando todos os garotos com um feitiço. – Lokmov, detenção a partir de amanhã comigo. Os demais vou deixar voltarem para a festa, mas sem confusões!
O outro professor mascarado, acompanhou Patrick na direção de sua república. Maddox olhou para mim e perguntou se eu estava bem. Eu disse que sim. Lucian massageava a barriga e eu o abracei, preocupada com ele e agradecendo. Ele se ofereceu para me acompanhar até a república, mas eu disse que não, ele era o anfitrião da festa. Ele teimou, mas para minha sorte Julie apareceu e eu fui com ela.
Eu estava assustada. Eu estava apavorada na verdade... Não acredito no que Patrick tinha tentado fazer. Meus seios doíam e eu sentia asco de pensar que ele os tocara. Sentia nojo ao pensar no que ele queria fazer... Eu tinha certeza que ninguém vira o que ele tentara e na confusão da briga, ninguém reparou em minha roupa amassada. Mesmo que o Lucian tenha sido rápido, ele não viu a tentativa do Patrick, se não o próprio Maddox teria expulsado-o ali mesmo... Eu tinha medo até de falar isso para Julie, com medo das implicações disso tudo.
Chegando na república que eu reparei como o pulso e o braço doíam, além do meu seio... Notei com terror que meu sutiã tinha sido rasgado... Mas o pior era a humilhação, o medo... Julie me ajudou e eu troquei de roupa, indo me deitar. Ela arregalou os olhos para as manchas no pulso e principalmente no seio e na coxa, mas eu não disse nada e ela se calou. Ela esperou até eu dormir, sentada do lado da minha cama. Eu estava chorando, me sentindo fraca... Não podia mais ter nada com o Patrick, não depois de hoje. Eu tinha medo dele agora... Se ele fizera aquilo tão perto de todos, o que não tentaria em outra ocasião? E se Lucian e os outros não tivessem chegado? Eu tremia só de pensar.
Adormeci pensando nisso, mas principalmente em Lucian, que mesmo vestido de Drácula parecia um cavaleiro medieval, salvando-me como nas histórias que ele me contava quando criança. Adormeci lembrando da balada de Beren e Luthien, a favorita de nós dois...

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- Lucian, quero falar com você. – Julie falou assim que Lucian atendeu a porta. Era de manhã cedo, um dia após a festa de Halloween. Julie acordara cedo e foi logo para a Kratos, procurar por Lucian.
Eles eram amigos há muito tempo e sabia que ele sempre acordava cedo. Hoje estava um pouco cansado, pois ficara até tarde atuando como o Conde e namorando com Liseria.
- Pode falar, aconteceu algo? – Ele perguntou, esfregando os olhos.
- A Lenneth vai me odiar. Mas prefiro ser perjura do que continuar vendo minha amiga sofrer e ter medo. – Ela falou e contou para Lucian sobre os machucados e agressões. Os olhos de Lucian iam se arregalando e adquirindo um brilho raivoso.

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Não sabia que horas eram. Mas já era de manhã e devia ser cedo, pois o quarto estava silencioso.
Percebi então que havia alguém sentada em minha cama e me sobressaltei, apoiando-me em meus cotovelos, então ouvi uma voz calma e relaxei, deitando-me lentamente.
- Calma sou eu. – Era Lucian e sua voz era serena, mas marcada de preocupação. Ele estava sentado ao meu lado na minha cama e passava a mão em meus cabelos. Seus olhos desceram pelo meu corpo, parando no roxo em minha coxa. Ele me olhou nos olhos sem falar mais nada. Então ele pegou meu braço com delicadeza e olhou meu pulso machucado. Eu tentei afastar, mas ele resistiu, sem me machucar e olhou para a marca intensa.
- Onde mais? – Ele perguntou, simples e friamente.
Eu não disse nada, mas puxei o meu cabelo de lado e mostrei o roxo no braço. Ele apertou os lábios. Ele acariciou meu rosto e percebi como se controlava. Então eu me toquei que estava de camisola e me cobri com o lençol. Mas ele sabia da outra marca também. Eu sabia que ele tinha visto, pois enquanto estava apoiada em meu braço, ele a viu, já que a camisola era leve e fina. Eu senti uma sensação estranha com isso, que misturava nervoso, mas também ansiedade...
Ele então se levantou e vi que Julie estava em pé perto da porta.
- Cuide dela. – Ele falou e saiu pela porta rapidamente. Eu me levantei para ir atrás dele, mas Julie me segurou e me olhou séria.
- Deixa isso com ele.
Eu tentei discutir, mas ela foi irreversível e me obrigou a voltar para a cama. Mas era impossível dormir, sem saber o que aconteceria. Lucian não perdoaria Patrick pelo que tinha feito.

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Julie só me deixou sair da república na hora do café da manhã, por volta das 10. Então descobrimos o que aconteceu.
Lucian invadiu a república do Patrick e o tirou de lá a força, jogando-o no chão do pátio das repúblicas. Os garotos da república diziam que deixaram Lucian entrar, pois ele sempre foi bondoso com todos, mas assim que ele chegou no quarto de Patrick, o tirou da cama a pontapés e empurrões. Acho que adivinhando alguma coisa, Ozzy e Finn estavam por perto e viram quando tudo aconteceu. Disseram que Patrick estava zonzo de sono e de ressaca e mal podia revidar. Lucian o xingou de várias coisas e o acusou de bater em mulheres, chamando-o de covarde. Ele disse que se queria se impor e bater, porque não batia nele, em vez de ficar machucando pessoas indefesas. Ozzy e Finn o seguravam, enquanto outros garotos ajudavam Patrick a se manter em pé. Ele tinha um olho inchado do soco de Lucian e de Ozzy na noite anterior e tossia, devido a um soco que levou na barriga agora de manhã, quando Lucian o acordou.
A confusão só terminou quando os professores chegaram. Por sorte foi o Renomaru. Ele separou a briga com um olhar sério e deu uma bronca em Lucian. Reno, porém, perguntou ao redor e Ozzy confirmou as acusações de Lucian. Reno ficou enraivecido, mas não podia proteger ninguém. Ele mandou que levassem Patrick para a enfermaria e que ele estava proibido de sair de sua república por dois dias, a não ser para aulas. Ele receberia detenção com Maddox e com o próprio Reno por um mês. Lucian também seria punido e ficaria por duas semanas impedido de ir para a vila, apesar de ter livre acesso aos terrenos do castelo e república. Ele faria detenção com a professora Mira por 3 semanas.
Eu tinha que dar um ponto final naquilo tudo.
Procurei Patrick na enfermaria e ele sorriu ao me ver, como se nada tivesse acontecido. Fiquei longe dele, os braços cruzados, pois ele estava sentado na maca.
- Que bom que veio me ver. – Ele começou, mas eu o cortei.
- Acabou Patrick, não sou mais nem sua namorada, nem sua amiga. Quero que esqueça que eu existo. – Eu falei fria, agora com raiva dele. Seus olhos se arregalaram.
- Não estou entendendo.
- Não se faça de burro. Você é um idiota, mas não burro. Acabou. – Eu falei e ele tentou se levantar. Eu o empurrei de volta para a maca, sem me importar com seus machucados. – E se você se aproximar novamente de mim, se me tocar outra vez. – Eu falei, fechando os braços ao redor dos meus seios. – Eu juro que acabo com você. Vou denunciá-lo por abuso e tentativa de estupro.
Eu virei as costas sem mais falar nada e não olhei para trás.
Não acho que tenha sido um erro namorar o Patrick, pois eu precisava dar chances a outras pessoas. Mas foi um erro grave continuar com ele quando ele começou a se tornar possessivo... Isso tudo só servira para me deixar amedrontada perto dele... E nos últimos dias fortalecer o que eu sentia pelo Lucian...
O sentimento era puro e singelo, mas o desejo por ele crescia cada vez mais... Uma parte de mim dizia que eu teria deixado as mãos do Lucian me tocarem... Que eu faria tudo por ele... E que eu adoraria que ele fizesse isso...
E essa parte era cada vez mais forte, ameaçando ganhar da razão.

E eu não podia deixar isso acontecer.