Tuesday, November 15, 2011

Tarde da noite, novembro de 2025

Eles haviam ido a um dos muito eventos da fundação que ela havia criado em apoio a crianças com câncer e suas familias. E depois de ver como estavam as suas filhas, ela entrava de volta no quarto deles, e começava a se preparar para dormir. O ritual era sempre o mesmo: ela ficava de frente para o enorme espelho, enquanto tirava os brincos das orelhas, ele se aproximava e abria o fecho de seu vestido, e fazia isso dando-lhe beijinhos pelo pescoço, enquanto ela comentava algum assunto:
- Ele fez um acampamento para eles, na biblioteca e agora estão lá, dormindo os três. Não sei como ele tem tanta paciência.
- Ele quer ser o melhor avô do mundo.- ele respondeu com a voz abafada.
- Nossas filhas o adoram e ele parece sentir o mesmo por elas, me pergunto como isso é possível...- ela parecia mesmo considerar o que dizia, porém não perdia um movimento das mãos fortes de seu marido, enquanto ele respondia:
- Acho que esta é forma que ele tem de tentar consertar as coisas com você.
- O passado não volta atrás. E o jogo como foi? Quero saber dos detalhes, você tem uma nova cicatriz no braço...- ela disse alisando o braço dele:
- Sou um atleta, algumas cicatrizes fazem parte do trabalho e não tente mudar de assunto: é impossível alguém fingir tanto afeto por duas crianças tão sapecas quanto as nossas, e ele as ama. Dê um voto de confiança a ele, da mesma forma que fez com a sua mãe.- ela suspirou e enquanto o vestido descia, os dedos dele tocavam sua pele bem devagar, e ele acariciou a lateral do seu corpo, e espalmou a mão sobre a sua barriga, enquanto seus olhos se encontravam refletidos no espelho, ele disse:
- Nossas filhas deixaram uma cartinha para o Papai Noel...
- Já? Mas ainda nem entramos em dezembro...- ela respondeu e ele sorriu:
- Você sabe que até a véspera de Natal elas vão mandar outras, mas esta tem o dedo dos padrinhos delas. Robbie e Parvati sugeriram que elas precisam de um closet, afinal elas já têm idade.
- Desde quando duas meninas de 5 anos têm idade para ter um closet? Só Robbie e Parv para terem estas idéias.- ela resmungou e ele riu, e algo em sua risada a fez virar a cabeça e olhar para cima, pois ele era bem mais alto que ela:
-Ó céus, você disse sim!- e ele abaixou a cabeça e deu uma mordidinha em seu ombro e assoprou logo em seguida:
- O empreiteiro vem segunda pela manhã.E você sempre disse que um closet pode salvar a vida de uma garota, bem nossas duas filhas decidiram que precisam de um.
- Você as mima demais... Isso não é bom, vai torna-las insuportáveis.- ela já sentia suas pernas vacilando.
- Mas vamos impor condições: elas terão que manter o lugar arrumado.
- Sua filhas? Duvido. São muito bagunceiras, puxaram a você.- e antes que falasse mais alguma coisa, ele disse a ela:
- Mas quando fazem um acordo conosco, elas cumprem. Quando você ia me contar que vamos ter mais um bebê?
- Vamos? Que eu saiba não estou grávida...
- Bom, acho melhor darmos um jeito nisso.- começaram a rir quando ele a pegou no colo e levou para a cama.


Novembro de 2015

Sábado pela manhã

-Acorda, Léo, tem um dia de sol lindo lá fora batendo na sua porta.
- Diz que ele bateu na porta errada.- resmunguei afundando a cara no travesseiro, mas Robbie era mais forte que eu, e puxou meu travesseiro:
- Você vai se levantar e vai comigo jogar softbol, Leonora Marie. Não serei o único a fazer programa de índio nesta geleira. Eu invoco o código sagrado dos amigos.- ele disse e eu me sentei na cama, fazendo cara feia:
- Você devia esperar Parv chegar para invocar este código.Você vai jogar softbol? Você?
- Ela foi esperta para fugir de nós, então só tenho você.E sim, por incrivel que pareça vou jogar, o que a gente não faz para queimar um balde de pipoca com manteiga, depois de uma noitada de filmes. Acho melhor você, se arrumar e vir comigo, você comeu uma barra grande de chocolate ontem.- e apenas esta lembrança me fez pular da cama e me mexer. Mesmo que fosse para participar de um jogo, onde eu não sabia o que fazer.
Não demorou muito e Alec, Finn, Lucian e Orion, passaram na república, e desci encontrando Lis e Lenneth, prontas. Na rua, vimos que haviam outras garotas e rapazes de outras repúblicas, indo para o mesmo lugar. Todos queriam ter algo para fazer, antes de voltar para a maratona de provas. Fomos para o campo coberto, localizado nas imediações do castelo, e Ozzy já estava lá, conversando com Craig Ollafson, e logo Mitchell e Oleg se aproximaram com outras duas garotas, da Atlantis, uma república rival. Ele acenou para nós, e retribuímos.
- Vamos lá pessoal, vamos formar os times! – gritou Ollafson e Ozzy juntou o nosso pessoal e Craig formou um outro time e como eu e Robbie éramos os últimos, Ozzy ficou conosco a contra gosto. Mas avisou que iria nos colocar na reserva. Claro que não reclamamos.
Bem, isso não adiantou muito, pois na sexta corrida, Lis, acabou dando mau jeito no tornozelo, então Ozzy precisava de um novo recebedor. Como eu sabia que o recebedor seria aquele que iria correr mais pelo campo, e como Robbie e eu não queriamos a posição, disputamos no pedra, papel e tesoura e ele perdeu.
Ozzy, olhava para o placar que estava contra nós em 12 a 8, e gritava as instruções para Robbie, que sempre corria das bolas, tornando o jogo engraçado. Finn era rebatedor e Mitchell também, e a garota que estava com ele era lançadora do time adversário, e estava toda metida dando em cima dele, de uma forma totalmente vulgar, volta e meia, se esticava de forma a encostar o corpo nele. Não percebi que rosnava, até Robbie me chamar a atenção quando correu fugindo de outra bola:
- Pára de olhar assim, Léo, ou ela vai virar uma estátua de sal.- Não deu tempo de responder, porque Finn se aproximou, indo para sua base, se preparando para rebater um lançamento:
- Tudo bem com você, Léo? Parece nervosa.
- Está tudo bem, comi pouco no café da manhã. – respondi enquanto via Mitchell e a garota trocarem um beijo rápido. Finn, me abraçou, e me deu um bombom:
- Trouxe, porque sei que você precisa de açucar pela manhã.- disse e quando fui pegar, me deu um beijinho rápido, e dei risada, dizendo que o adorava, quando ouvimos um assobio e Ozzy gritando:
- O casalzinho aí, pode ir se largando.Lenneth, cometeu faltas e não pode jogar este tempo, Léo, você vai ser a lançadora.
- Desculpa, Léo, não entendo muito deste jogo.- disse Lenneth, passando perto de mim e eu dei de ombros rindo:
- Eu também não. Hey, Coach, o que eu tenho que fazer?- e Ozzy explicou o que deveria fazer e eu me posicionei na minha base, esperando a minha vez, e do outro lado do campo eu via a garota e Mitchell se provocando novamente:
- Porque eles não vão para um quarto?- resmunguei desgostosa e Robbie, passou correndo de uma outra bola novamente, e disse:
- Faça alguma coisa, ganhe logo este jogo, não aguento mais correr destas bolas assassinas...- ri dele e me posicionei:
- Leonora, agora é com você, do jeito que combinamos, ok?- disse Ozzy e balancei a cabeça afirmativamente.Lancei uma bola e o recebedor deles que era o Orion, a pegou.
- Fora!- gritou Craig, depois de pegarem meu segundo lançamento, nesta hora Courtney, a garota que estava com Mitchell, provocou:
- Hey, Ivashkov, está com artrite? Minha avó lança melhor e mais forte que você.- ela mal terminou de falar e eu não pensei direito, lancei a bola que estava na minha mão com toda a força e acertei bem no meio do peito dela, que foi a nocaute.
-Ooops, achei que era para lançar na segunda base. Não era isso? – vi que Mitchell correu apra ela, que estava caida no chão, se contorcendo. De repente ergui os olhos e Finn me encarava soturno, e eu disse:
- Será que está doendo muito? Desculpa.- disse alto fingindo me desculpar, olhando para os colegas, e muitos se dividiam entre rir e ir ver o que havia acontecido com a garota.
- Garota, você matou os gêmeos dela, e acho que ela ainda nem terminou de pagar por eles.- disse Robbie, rindo a valer.
Como os ânimos ficaram exaltados, Alec, Oleg e Lucian, correram até Ozzy , que estava batendo boca com Craig e outros membros do time adversário e tentavam controlar a confusão que se formou.
- Agressão a jogadores, é errado, deste jeito nós vamos embora!- gritou Craig e Ozzy, respondeu:
- Se você vai embora, está desistindo do jogo, então meu time ganhou.- e Craig gritava que não, e Ozzy dizia que sim, enquanto Lenneth e Liséria enxugavam as lágrimas de riso.
Courtney se levantou com a ajuda de Mitchell e ela começou a fazer voz dengosa, dizendo que queria ir embora, e se ele a levaria. Vi bem, os olhos calculistas dela e fervi por dentro. Como alguém podia ser tão dissimulada e como os homens ainda caíam nestes truques?
Com a confusão controlada, Ozzy chamou todo mundo para irmos comer e festejar nossa vitória no softbol, e ele para me zoar, levantou um brinde pedindo vivas para “a lançadora assassina”, e todos ríamos da piada. Depois do almoço, algumas pessoas foram embora e eu aproveitei a deixa, disse ao Finn para ficar com os garotos, que eu tinha coisas chatas para fazer e Lenneth aproveitou para voltar comigo e Orion na hora disse que nos acompanharia. Nos despedimos na porta da república, e logo subi para meu quarto, com Lenneth e ela quis saber, ao me ver pensativa:
- Léo, sei que não somos tão próximas, mas você parece precisar conversar, e como Robbie e nem Parvati estão aqui, pode falar comigo se quiser.
Minha primeira reação seria dizer que nada me incomodava, mas me vi perguntando:
- Alguma vez, você já teve dúvidas sobre os seus sentimentos? Ao mesmo tempo que pensa amar alguém, começa a sentir o mesmo por outra pessoa e do nada faz coisas estranhas?- e ela me respondeu:
- Sim, também tenho sentimentos em conflito, ainda não cheguei ao ponto de tentar matar alguém com uma bola de softbol, mas já fiz coisas malucas, sim. Então sou a última pessoa que poderia te dar algum conselho, mas acho que você deve prestar atenção aos seus sentimentos e descobrir a diferença entre amor e paixão. E quando descobrir, ir atrás de quem você ama.
- Certo...E você vai fazer isso quando?- quis saber marota e ela riu:
- Não sou o assunto aqui, mata-peitos.- caímos na gargalhada, e começamos a comentar sobre o jogo deixando de lado aquele assunto. Tomei um banho rápido, e quando estava secando o cabelo, bateram na minha porta avisando que eu tinha visitas. Desci, e encontrei Finn, ainda usando as roupas do jogo.Seus olhos estavam assustados e ele disse rápido:
- Léo, é o papai.Ele está no hospital, você vem comigo?
Peguei minha bolsa e sai de mãos dadas com Finn, e enquanto esperávamos o professor Maddox, para nos levar a Sofia via chave de portal, eu o abracei, para conforta-lo, quando o soltei, vi Mitchell indo embora. Nesta hora, o professor chegou e não tive mais tempo de pensar em meus sentimentos. Agora era o momento de me concentrar em Finn, e em ajuda-lo a passar pelo que estivesse em seu caminho da melhor maneira possível.