Os preparativos para a festa de Halloween estavam a todo vapor! A escola adorou a idéia e ficaram todos muito animados. O ânimo dos alunos estava em alta e a popularidade do Grêmio também! O Expresso Polar daquela semana desapareceu rapidamente dos estoques, todos interessados em saber detalhes da festa.
Eu fiz uma matéria especial sobre antigas festas de Halloween do Instituto e festas de outras escolas. Phil me ajudou mandando alguns detalhes das festas passadas em Beauxbatons e Ayala me contou como os trouxas comemoram a festa.
Parv, que após as primeiras irritações devido ao Ozzy ficou extremamente animada com a festa, e Leo fizeram uma matéria sobre fantasias de Halloween. Elas sugeriam fantasias para aqueles sem idéias, e diziam aquelas que deviam ficar de fora. Era engraçado ver a cara de alguns calouros ao ler que não deveriam ir com a fantasia mais fácil: múmia, pois já tinha passado da época. É claro que muitos irão assim, mas que se pode fazer?
Mas o Instituto pegou fogo realmente quando anunciamos em nosso jornal, em primeira mão, que haveria uma seleção para melhores fantasias da festa. Vai ter gente brigando por isso! Os alfaiates do vilarejo vão lucrar e muito.
Quanto as minhas responsabilidades para a festa, elas já estavam bem adiantadas. Ferania teve a idéia de usar mitos de diversos lugares do mundo para a decoração, não apenas Búlgaras. A praça do vilarejo seria o centro da festa, com o mirante servindo de palco, tanto para algumas apresentações quanto para outros anúncios. Haveriam mesas espalhadas ao redor do mirante, cada uma decorada com uma lanterna de abóbora enfeitiçada para levitar acima das cabeças dos alunos. A decoração espalharia-se por todo o vilarejo, não apenas a praça. O professor Reno prometeu que ajudaria a desenvolver uma neblina artificial. Seria magnífico!
- Eu ainda estou em dúvida com qual fantasia ir. Quero ir com algo que eu goste. – Eu comentei, enquanto conversava com Liseria. Estávamos sentados nos sofás do Café Cultural e discutíamos nossas fantasias, assim como todos os clientes.
- Não, você não vai de Gandalf! – Ela falou, lendo meus pensamentos.
- Ah por que?! Você sabe o quão poderoso ele é?! – Eu falei, após fazer um muxoxo.
- Não importa. Também sou fã dele, mas meu par no baile não vai ser um velho de barba branca! – Ela reclamou e eu beijei seu rosto, rindo.
- Ai você podia se vestir de Morgana, uma bruxa bem velha e ranzinza! – Eu falei rindo, e ela me deu um tapa leve no ombro.
- E se fossemos de Fantasma da Ópera e Christine? – Ela falou e gostei da idéia, mas disse que não.
- Não, muito comum. Terão pelo menos uns 10 Fantasmas e umas 3 Christines, pode apostar. Já sei, que tal a Bela e a Fera?
- Adorei a idéia! Se você for como Fera mesmo, e não Adam! – Ela falou animada e me beijou.
- E ai pombinhos, que estão fazendo? – Ozzy pulou ao meu lado, me dando um susto. Oleg, Alec, Jack, Finn, Orion, Julie e Lenneth sentaram também.
- Que susto Ozzy! – Eu reclamei e ele riu. – Decidindo as fantasias. Vocês já decidiram?
- Ainda não! Falta pouco tempo mas ainda não consegui me decidir. – Finn reclamou.
-Vocês demoram demais, já decidi minha fantasia! – Alec falou animado.
- Acho que vou com algo simples logo. – Oleg completou.
- Pois eu vou de múmia, só de implicância com a Parv – Jack falou rindo, fazendo todos rirem.
- Eu estou pensando em ir de Hera Venenosa. É a única fantasia ruiva que eu conheço decente. Fora que eu e a Julie vamos fazer um par! – Lenneth falou, batendo a mão no ar com Julie, que iria de Mulher-Gato.
Ficamos mais um tempo comentando sobre as fantasias até a hora de voltar para as Repúblicas. As garotas estavam ainda mais animadas.
- Muito bem, não vou fazer aquelas apresentações e boas vindas de sempre. Espero que não tenham enferrujado. – O professor Renomaru Kollontai, Reno como ele permitia que seus alunos do Clube de Alquimia Avançada o chamassem, falou assim que entrou na sala onde fazíamos as reuniões do clube. Era em uma das masmorras ligadas ao ensino de Alquimia. Nós sorrimos, acostumados ao seu jeito enfezado de sempre, porém notei os olhares perplexos dos novos membros.
O Clube de Alquimia Avançada tinha poucos, mas seletos membros. Ao contrário dos demais clubes, o professor Reno aplicava testes e provas com regulariedade e ninguém que não fosse capaz de ter graus satisfatórios neles era expulso do clube. Eu, Ozzy, Alec, Oleg, Julie, Jack e Lenneth fazíamos parte do Clube, há mais de dois anos. Além de nós haviam agora calouros, mas não sabíamos por quanto tempo eles durariam. Lenneth era um ano mais nova que todos nós, mas tinha um gosto e conhecimento de Alquimia em nível igual ao nosso. Mas os melhores alquimistas eram Oleg, Alec, Ozzy e ela.
- Hoje quero que as duplas trabalhem na transmutação de uma neblina artificial. Ela deve permanecer próxima ao chão e por todo o período da festa de Halloween. Vejamos do que são capazes!
Ele sorriu e permitiu que começássemos a trabalhar. Eu e Lenneth fizemos dupla como sempre e logo começamos a trabalhar. Liseria não gosta muito de Alquimia, assim ela não participava do clube.
O professor Reno era muito exigente, mas conosco, seu seleto grupo de alquimistas, ele era como um pai. Era uma espécie de orientador, sempre disposto a nos ajudar e ensinar, contando que continuássemos tendo excelentes resultados na alquimia. Eu sempre gostei muito dele e sempre me dei bem com ele, de modo que tínhamos uma agradável relação de amizade. Ele gostava muito de todos nós e apenas conosco ele era menos ranzinza e mais tranqüilo. Mas justamente por sermos seus favoritos, éramos os mais exigidos de todo o colégio. Enquanto ele circulava pela sala observando a todos, brigando com calouros e tudo mais, eu e Lenneth nos concentramos.
Alquimia é a arte de a partir de algo criar algo novo, sendo semelhante à Transfiguração. A única diferença está no fato de que na Transfiguração você lida principalmente com a energia do mundo, enquanto a Alquimia lidava com os elementos. Ela tinha uma lei básica e fundamental: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, que Reno costumava chamar de “A Lei da Troca Equivalente”.
Eu e Lenneth começamos por decidir o que queríamos, visualizando em nossa mente o objetivo final. Depois que tínhamos a forma, a textura, a cor, o cheiro e até a umidade bem definidas em nossa mente, começamos a preparar os ingredientes necessários.
Eu comecei a escrever e desenhar os círculos de transmutação necessários para tal. Juntei símbolos e letras antigas, indo de grego a runas, que remetessem à água, ao ar e ao mistério da neblina. Lenneth foi buscar pedras de gelo e ampolas com ar comprimido. Colocamos ambos no centro dos círculos e nos olhamos antes de começar.
A Alquimia em dupla exige uma ligação muito forte, uma grande afinidade, e eu e Lenneth temos isso desde pequenos. Ela sorriu e seus olhos brilharam, e sorri de volta. Nos ajoelhamos um de cada lado do círculo e colocamos nossas mãos em círculos menores ligados ao central. Nos concentramos nas formas atuais e na forma final e deixamos nossas energias fluir por nosso corpo, e nossas energias misturaram-se no círculo. Uma luz prateada surgiu e depois de algum tempo, uma fina nuvem de neblina levitava diante de nós.
- Conseguimos! – Lenneth falou animada, me abraçando feliz.
- Excelente trabalho. A forma de vocês está bem definida e complexa, a neblina está bem formada. Mas ela ainda carece de veracidade. Uma neblina de verdade deve-se espalhar com mais facilidade. A de vocês ainda há muito da água que as formou. Mas adorei o trabalho. – Reno comentou quando viu nosso resultado. Nós sorrimos para ele.
- Reno, acho que conseguimos! – Ouvimos Oleg chamar.
Quando olhamos, uma densa nuvem de neblina espalhava-se pelo chão, vindo do círculo construído por Oleg e Alec. Reno sorriu admirado e lhes deu os parabéns. Tínhamos nossa neblina! A neblina criada por Ozzy e Julie também era bem definida, mas tinha um cheiro forte de fumaça, e notei que eles rumaram demais para o estado gasoso.
- Está chegando o dia e eu ainda não consegui pensar em que fantasia usar. E é importante! Ele não pode perceber que sou eu. – Lenneth falou com Julie, enquanto as duas conversavam sentadas em um banco longe das repúblicas.
- Eu ainda não entendi direito: por que não o beija e se revela para ele? Não seria melhor?
- Não sei, Julie. Beijá-lo é algo que eu quero muito, mas não quero estragar a felicidade dele.
- Mas não acha que ele se sentiria mal por beijar outra pessoa que não fosse a Liseria? É o Lucian, o príncipe encantado da geleira, não se esqueça.
- Eu sei que ele vai se sentir mal. Mas se eu conseguir que ele fique na dúvida se foi real ou não, posso diminuir o dano. Ele ama demais a Liseria para se deixar encantar por um único beijo. E eu quero ter isso para mim sabe, quero ter essa memória especial...
- Você se está menosprezando. E se ele decidir terminar com a Liseria e procurar a garota? – Julie perguntou aquilo que Lenneth não queria pensar, e que mantinha presa em seu coração. Essa esperança ela não podia alimentar.
- Não. Eu espero que ele não vá fazer isso... Mas se fizer, eu ficaria feliz. – Ela suspirou, feliz, mas corada.
- Ainda não sei porque eu vou te ajudar... Mas já estamos perto demais para cancelar. Como quer que seja a fantasia?
- Um vestido longo e uma máscara são essenciais. Ele não pode me reconhecer. E preciso pintar o cabelo.
- Isso é o de menos, sei como mudar a cor dele sem problema. Mas a cor deve ser o loiro ou o branco, são as cores mais fáceis de se obter com seu cabelo.
- O vestido... Quero que seja branco, com detalhes em dourado e um tecido interno azul. São as cores favoritas dele. – Lenneth sorriu, sonhadora. – Quero que o inconsciente dele perceba o quanto eu gosto dele, o quanto eu me importo com ele, mas sem que ele saiba quem é.
- A máscara... Vai deixar seus olhos aparecer?
- Vou. Sei que é arriscado, mas quero olhar em seus olhos...
- Garota, você é doida. Mas estou ficando animada mesmo de te ajudar. Vou pedir que minha mãe arranje o vestido o mais longe possível daqui.
- Obrigada, Julie. Adoro você! – Ela abraçou a amiga.
- Tudo bem. Você vai me dever uma. Vamos dormir, amanhã precisamos começar a montar sua fantasia de Veela! – Julie falou rindo, e as duas sorriram, gostando do apelido. Lucian teria um encontro com uma Veela.