Monday, November 01, 2010

O aguardado dia havia finalmente chegado.
Como parte do staff envolvido na decoração e na criação de toda a festa em si, junto de Ozzy, fui um dos últimos a ir para o castelo para poder trocar de roupa. Liseria disse que cuidaria da minha fantasia já que eu ainda estava ocupado com os preparativos. Agradeci muito pela namorada atenciosa que eu tenho. O vilarejo havia sido fechado no dia da festa já na parte da manhã, para manter o clima de suspense no ar e a decoração ser surpresa. Eu e Ozzy estávamos orgulhosos da festa que ajudamos a montar...

A minha fantasia de Príncipe Adam, o lado príncipe de Fera, estava excelente. A mãe de Liseria trabalha com moda e foi fácil para ela procurar ou confeccionar nossas fantasias. Já o vestido de Bela da Liseria ela própria o modificou a partir de um vestido de gala amarelo, e estava idêntico ao vestido da Bela nos musicais e filmes. Estávamos um par lindo.

- Você está linda! – Eu falei, quando a busquei na Atena. Ela desceu junto de Julie e Lenneth, que estavam fantasiadas de Mulher-Gato e Hera-Venenosa, ambas usando corpetes da cor característica de cada uma. – Vocês estão lindas!
- Ainda acho que você devia ir de Fera. Ficaria mais bonito. – Lenneth implicou e sorri.
- Você ficou lindo de rabo-de-cavalo, Lucian. Já pensou em deixar o cabelo crescer? – Liseria falou, dando o braço a mim.

O Instituto providenciara uma espécie de cortejo para levar todos os alunos para o vilarejo. O Diretor enfeitiçara carruagens que levariam todos até a praça do vilarejo. Estavam todos curiosos e ansiosos, mas eu e Ozzy não falávamos nada, seria surpresa. Orion estava atraindo a atenção de todos com sua fantasia de Esqueleto, do desenho trouxa He-man, e dava gargalhadas típicas do vilão.
Eu, Liseria, Ozzy, de Han Solo, e Jack, de Luke Skywalker, dividimos uma carruagem, e quando todas as carruagens estavam ocupadas elas começaram a se mover sozinhas, na direção do vilarejo que estava completamente às escuras.
Quando todos desceram de suas carruagens, Ferania os esperava na entrada do vilarejo vestida de Dama de Branco. Ela tinha um ar misterioso e sorria para todos, barrando a passagem. Eu, Ozzy e Jack nos saímos de fininho e entramos no vilarejo, para dar início às festividades.

- Bem vindos, todos! Essa noite, vocês pediram para vir à nossa festa, mas imploraram para sair... Mas nós os deixaremos? Bem vindos a uma noite cheia de surpresas e de mistérios! – Ouvi Ferania anunciar e com a minha varinha acionei alguns círculos.

Ouve uma pequena explosão perto do mirante e imediatamente centenas de lanternas e luzes mágicas acenderam-se pelo vilarejo, ao mesmo tempo que a neblina desenvolvida por Oleg e Alec espalhava-se a partir do mirante.
Ouvi com prazer as exclamações dos alunos, quando todo o vilarejo surgiu diante deles. Todas as luzes estavam apagadas, com exceção das lanternas de abóbora e luzes mágicas que flutuavam acima de cada mesa e pela praça. O mirante estava enfeitado com flores e ramos escuros, enquanto esferas de luz pálida levitavam ao seu redor, ao mesmo tempo em que a neblina continuava a sair continuamente. O chão de todo o vilarejo fora enfeitado para parecer com ramos e espinhos escuros. As mesas estavam enfeitadas com toalhas brancas rasgadas nas pontas, com flores de diversos tons de azul e violeta em arranjos sobre elas. Havia mini-diabretes, veelas, lobisomens, vampiros, morcegos, serpentes, fantasmas e tantos outros mitos de madeira e papel levitando pelo ar. Armaduras negras foram colocadas ao redor do mirante e uma luz fantasmagórica saia de dentro de cada elmo.

- Sejam todos bem vindos! – Ozzy anunciou do mirante, com o microfone. – Gostaram da decoração? A professora Ferania e a livraria merecem os parabéns! Agora vamos ao que interessa! Com vocês a “BlackHippogriffs”!!!

Eles começaram a tocar uma música animada e logo todos se espalhavam pelas mesas e ao redor do mirante, para ouvir e dançar a música. Encontrei com meus amigos, e logo ocupamos uma mesa.

- Isso não vale, vocês podiam ter contado para nós! – Oleg reclamou, mas estava animado.
- E estragar toda a surpresa? – Jack perguntou. – Jamais!
- Orion, você está combinando com a decoração, podíamos te colocar ao lado de uma das armaduras! – Finn comentou, rindo. Orion adorou a idéia.
- Vamos, estou afim de dar alguns sustos. – Ele falou e saiu na direção do mirante, pronto para assustar algumas pessoas. Pouco depois ouvi sua gargalhada, junto dos gritos histéricos de calouras.
- Vocês fizeram um trabalho excelente, acho que a festa vai ser lembrada por gerações! – Liseria falou. – Pena que não trouxe minha máquina.
- Não se preocupe, Lis, colocamos algumas máquinas enfeitiçadas. Elas vão tirar fotos da festa. Não podia deixar a namorada do meu amigo ocupada tirando fotos pro jornal. – Ozzy falou, e Liseria sorriu agradecida.
- Então, pode deixar o seu amigo namorar em paz? – Perguntei, puxando Liseria para uma dança mais lenta. Ela sorriu para mim e a guiei para perto do mirante, onde muitos dançavam. Enquanto dançava, vi Patrick Lokmov conversando com Lenneth e os vi sorrindo, lembrando que Patrick vinha mostrando interesse por Lenneth, mas ela ainda não quisera nada com ele. E ele tinha paciência, e se eu conhecia bem a Lenneth, e eu conhecia, a paciência dele ia ganhar um dia.
Depois pouco prestei atenção à festa ou qualquer outra pessoa. Estava dançando lentamente com Liseria, segurando-a pela cintura, enquanto rodopiávamos, os olhos grudados e sorrindo. Beijei-a enquanto ainda dançávamos, puxando-a para perto de mim, e sussurrando em seu ouvido: “Você é a mais linda de toda a festa. Eu amo você.” E recebendo de resposta: “Também te amo, querido”.

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Tínhamos voltado para a nossa mesa depois de passar um bom tempo dançando ou namorando longe dos demais. A mesa estava praticamente vazia, com exceção de Jack e Julie, sendo que eu não vi nenhum dos outros.

- Cansados? – Perguntei, quando me sentei.
- Um pouco. E estou fugindo da Parv, ela está querendo me matar. – Jack falou rindo.
- Ah, então foi idéia sua as fantasias combinadas deles! – Liseria falou rindo, enquanto Jack dava de ombros. – Ela vai querer te matar de verdade!
- Lucian, ainda bem que eu te achei. – Filius, primo de Ferania, chegou na minha mesa, e parecia um pouco preocupado.
- O que houve?
- Um dos círculos da neblina norte deu defeito e não consegui achar nenhum outro alquimista. O Senhor Kollontai já se retirou e avisou que se precisássemos chamássemos você, um dos gêmeos Karpov ou o Ozzy.
- Tudo bem, eu vou lá olhar. Já volto meus caros. Querida, se importa de esperar um pouco aqui? – Falei, beijando Liseria.
- Tudo bem, eu fico conversando com a Julie e o Jack. – Ela sorriu e me deu outro beijo. Eu sai correndo na direção norte do vilarejo, e Filius foi para o sul, para ver se os outros círculos estavam normais.

O círculo principal para o efeito de neblina ficava embaixo do mirante, mas havíamos espalhado diversos círculos ao redor do vilarejo, para manter a neblina bem densa e realística. O do norte fora justamente Oleg que criou, mas eu esperava ser capaz de solucionar o problema.
Realmente de acordo com que me aproximava do lado norte, vi que a neblina começava a ficar mais rala, enquanto eu sentia um intenso cheiro de incenso e flores, provavelmente alguma flor caíra no círculo e estava causando isso. Estava tudo deserto, pois haviam poucas pessoas ali, e tinha como companhia apenas a neblina e a lua, ouvindo ao longe os sons da festa. Já perto da saída do vilarejo, em meio a uma parte próxima do bosque, encontrei o círculo. Ele estava rompido em um dos lados e haviam flores e ramos caídos sobre ele, e estavam em atividade, mostrando que reagiram com o círculo. Limpei o local com a varinha e quando me abaixei para corrigir o círculo ouvi o barulho de tecido ao vento. Me levantei atento e apontei a varinha acesa ao redor, mas nada vi. Ignorei, pois provavelmente eu estava ouvindo coisas. Me abaixei novamente e corrigi o círculo e no mesmo momento a neblina ficou mais densa, porém o cheiro de flores continuava. Eu decidi deixar com o cheiro e me levantei para sair, mas quando me virei vi uma jovem parada a alguns passos de mim, no caminho para o vilarejo. Meu coração acelerou, meio que de susto e meio de surpresa, pois ela era linda.
Ela vestia duas camadas de vestido. A interna era de um azul da cor do mar muito límpido e bonito. A camada superior era um volumoso vestido branco, com detalhes em dourado. Haviam fitas, pequenas esferas e linhas em dourado. As linhas faziam um complexo desenho que me lembrou correntes de ar, voando até o busto. O busto do vestido era em detalhes dourados, misturando-se ao azul debaixo. Ela usava uma máscara branca, que deixava apenas olhos brilhantes à vista e uma boca pintada de vermelho claro. Seus cabelos eram brancos e abriam-se soltos a suas costas. Ela me olhava intensamente, e eu podia sentir como se ela estivesse sob uma tensão forte.

- Você está bem? – Eu perguntei, quando consegui ter minha voz de volta. Dei um passo em direção a ela, e ela veio até mim lentamente, enquanto eu ofegava. Ela parecia uma veela.

Ela era da minha altura e tinha movimentos graciosos e melodiosos. Eu não conseguia ver direito suas feições, não apenas pela máscara, mas também pela neblina, que estava ainda mais intensa. Ela parou diante de mim e percebi que o perfume de flores não vinha da neblina, mas dela e era um perfume doce e gostoso.
Nossos olhos se encontraram por um momento, e seus intensos olhos azuis pareciam me chamar, brilhando intensamente. Havia algo de familiar nesses olhos. Ela então sorriu e aproximou seu rosto do meu. Eu estava paralisado quando aconteceu.
Ela me beijou. Seus lábios tocaram lentamente os meus, e senti um calafrio, um calafrio quente na verdade, percorrer meu corpo inteiro. Eu não resisti e a segurei pela cintura, enquanto ela abraçava meu pescoço com vontade e ternura. Eu a beijei com ternura, cada vez mais envolto por seu beijo, mantendo-a junto ao meu corpo, enquanto acariciava seu pescoço com uma de minhas mãos e a outra a mantinha perto de mim, ainda em sua cintura. Não sei quanto tempo durou o beijo e eu não conseguia pensar em mais nada. Então paramos, e eu a ouvi suspirar, enquanto ela fechava os olhos e encostava a testa na minha. Eu a beijei novamente, aproximando nossos rostos lentamente um do outro, ambos de olhos fechados. Eu queria mais de seu beijo, um beijo cheio de carinho, ternura e amor e que me transmitia união. Nos afastamos novamente e então ela me deu um beijo de leve nos lábios e se afastou, desaparecendo rapidamente na neblina. Ela sumiu tão rápido e misteriosamente quanto surgiu e em meu topor demorei a processar tudo. A primeira coisa que senti foi remorso, pensando em Liseria. Depois corri atrás da garota, mas não havia sinal dela.
Voltei à festa afoito, procurando pela garota, mas não havia uma única garota com um vestido como aquele. E eu não sentia mais seu perfume. A única coisa que me garantia que não fora ilusão era a pressão de seus lábios, ainda nos meus, e uma fita dourada que prendera-se em minha mão, quando segurei sua cintura, e que agora eu guardava no bolso. Fora isso poderia ser um sonho.

- Onde esteve? Você demorou. O que aconteceu? – Liseria veio em minha direção. Eu a olhei fundo nos olhos e decidi não falar nada. Eu ainda amava Liseria não seria um beijo que mudaria isso. Eu a beijei com carinho, puxando-a para mim.
- Demorou mais do que eu esperava. Desculpe. Eu amo você. – Eu falei, conseguindo segurar a emoção. A garota misteriosa me abalara, mais do que eu me deixava perceber.
- Eles vão anunciar as melhores fantasias. Eu também te amo, seu bobo.

Ela sorriu e eu a beijei uma vez mais, e ela me puxou pela mão até o mirante. Mas a garota misteriosa não saía de minha cabeça. Quem era ela e porque fizera aquilo?

ººº

- Conta como foi! – Julie perguntou a Lenneth, assim que elas pararam de correr, agora dentro da livraria, que estava aberta. Lenneth estava corada e ofegante e não por causa da corrida. Ela apenas sorria, feliz e alegre. – Fala!
- Não dá pra perceber? – Ela conseguiu falar e Julie sorriu. – Foi lindo! Foi maravilhoso! Ai Julie, eu não sei explicar, foi o melhor beijo que eu já dei. Nunca me senti desse jeito. Tão bem.
- Ele te reconheceu?
- Se sim não falou. Mas acho que não, não o deixei tirar a máscara ou olhar muito em meus olhos. Foi mágico... Ele beija tãooo bem! - Lenneth falou corada e Julie riu.
- Vamos trocar logo de roupa, não sei quando alguém pode voltar. E eles vão anunciar as melhores fantasias, temos que estar lá para não levantar suspeitas.

Lenneth concordou, ainda bamba e abalada pelo beijo. Ela tinha um sorriso nos olhos. Tinha realizado um sonho. Agora ela podia deixar-se envolver por qualquer outro garoto, conseguira o beijo daquele que ela mais amou e sempre amará. Lucian seu melhor amigo e seu grande amor.