Expresso Polar, Setembro de 2015
Esse é meu primeiro trabalho como editor-chefe e quero que ele seja especial. Nesse primeiro artigo quero mostrar para vocês o que me proponho a ser: verdadeiro e sincero, sem esconder ou mudar nada que vá até vocês.
Foi com orgulho que aceitei o cargo, e me senti muito feliz de poder trabalhar e ajudar mais o jornal que sempre gostei a crescer. Trabalhar nesse jornal tem sido uma alegria e muita diversão.
Mas tudo esse ano fica escondido ou debaixo de uma nuvem de tristeza e um sentimento de vazio se apodera de todos.
Aceitar o cargo, receber os parabéns de todos, pareceram vazios e sem sentido, sem um garoto sentado ao meu lado. Um amigo que sempre participou comigo no jornal, sempre se animando com minhas matérias e me ajudando quando eu tinha um bloqueio.
Refiro-me ao Jack, o nosso e meu grande amigo.
É por isso que deixo essa surpresa para vocês. Essa edição será feita em homenagem a ele, e a sua prima, a também querida Alexis. Começarei meu trabalho dedicando a eles essa edição. Ela será curta, apenas com esse meu artigo, mas sei que importante para todos.
A perda deles, tão cedo e precocemente, foi um baque para todos da escola. Para mim foi uma dor maior, ser o primeiro a saber, e o responsável por dar as más notícias a todos...
Jack sempre foi uma inspiração para todos, desde alunos a professores e funcionários. Nunca teve problemas com ninguém, nunca discutiu com nenhum aluno ou desrespeitou um único professor. Conviver com ele foi uma benção que eu tive a sorte de ter e, apesar do pesar, me alegro de ter conhecido uma pessoa como ele.
Ele sempre se preocupou com todos. Quantas vezes éramos eu e ele que segurávamos o time de Hockey? Ou que evitávamos brigas desnecessárias? Enquanto escrevo essas palavras eu acabo sorrindo, me lembrando de tudo que passamos e fizemos juntos.
Sorrio sim, pois sinto uma dor forte por ele não estar aqui, mas as lembranças com ele são intensas e especiais e nunca sairão da minha mente. E acho que é isso que devemos sempre carregar conosco, as lembranças boas que temos com ele, seu sorriso, sua energia alegre e divertida.
Jack era incrível. E eu digo isso com todas as palavras. Ele era esportista, estudioso, divertido, alegre, bondoso, carinhoso e educado. Eu desafio a uma pessoa sequer falar algo contrário disso. Mas ele nunca deixou isso tudo subir a sua cabeça, sendo sempre humilde e educado com todos, um exemplo a ser seguido, que eu mesmo me espelhava para ser alguém melhor. Fanático por Star Wars, quantas vezes eu assisti as duas trilogias com ele? Lembro-me até hoje de um dia que ele obrigou a todos a fazer uma maratona e assistimos os seis filmes em um único dia! Foi cansativo, mas muito engraçado. Tudo bem, eu obriguei todo mundo a assistir Senhor dos Anéis no dia seguinte, as versões estendidas!
Ele nos deixou um vazio no coração de todos. Para Penelope, sua namorada, foi uma dor profunda, perder um namorado tão carinhoso e bondoso quanto ele. Para mim, para todos do time de Hockey, da República, todos da escola, para seus familiares. Para Julie foi uma perda sem comparação, ele não era apenas seu irmão gêmeo, mas também seu melhor amigo. Mas sabemos que ele nunca nos quereria tristes, que ele iria nos querer sempre alegres. E principalmente, sempre juntos.
E quanto a Alexis? Conheci-a bastante, pois sempre foi a melhor amiga de meu irmão, Lawfer, e de Edgar, mas pedi que os dois me ajudassem a escrever esse texto, e agradeço aos dois por isso. Edgar e Alexis possuem uma história tão dramática quanto Penélope e Jack. Eles tinham tomado a coragem para se declarar apenas uma semana antes e mal tinham começado o namoro, a conhecer o que o amor é.
Desde a primeira vez que eu vi Alexis, quando ela foi a minha casa com meu irmão e o Edgar, nas férias do Natal do primeiro ano deles, eu vi como ela era uma menina doce, meiga e carinhosa. Uma garota forte, inteligente, cheia de vida e felicidade e acima de tudo confiante. Ainda jovem já era a líder de seus amigos, a responsável, a inteligente. Sua presença sempre alegre iluminava a todos ao seu redor.
Nada era capaz de abalar sua alegria, nada. E isso eu admirava e muito. Ela era capaz de passar por qualquer situação com um sorriso alegre no rosto, pronta para superar o que fosse necessário. Uma característica essencial para que seu sonho se tornasse realidade: ser Curandeira. E ela tinha o dom para isso, pois era capaz de ajudar qualquer um e apenas sua presença nos fazia se sentir melhor.
Alexis se espelhava em sua irmã, Parvati, que, como toda irmã mais velha, era o ídolo dela. Alexis via como Parvati era forte, inteligente e nada a abalava e a imitava. Parvati pode ter seus defeitos, mas sempre foi um exemplo para Alexis, que conhecia o seu lado que poucos conhecem. Muito do que Alexis tinha e era, ela aprendera com a irmã mais velha. Parvati era a inspiração para Alexis. Assim como o Jack, a Alexis não iria querer ver nenhum de nós triste, ela iria querer nos ver juntos.
Jack e Alexis nos deixaram cedo, mas sei que viveram suas vidas plenamente, sempre alegres e sempre aproveitando tudo que eles podiam. Sei que nunca se arrependeram de nada. E me sinto orgulhoso de ter conhecido-os e saber que viveram tão bem e tão felizes.
A dor é intensa, eu sei, e vai nos acompanhar eternamente. Mas devemos dar valor àqueles momentos que tivemos com eles. Devemos lembrar de seus sorrisos e sorrir com eles. Lágrimas fazem bem, mas lágrimas demais não.
O mais importante disso tudo é que devemos aprender a dar valor aquilo que temos, a todos. Não podemos deixar isso para amanhã ou depois, tem que começar imediatamente. E é importante também não procurarmos culpados e causas. Tudo acontece por uma razão. A morte deles teve uma razão, desconhecida para nós no momento, e talvez para sempre, mas teve uma razão.
Eu finalizo essa homenagem com um peso menor nos ombros. Sei que posso e que todos podemos glorificar a memória deles e nunca nos esquecermos de tudo que vivemos e aprendemos com eles. Acima de tudo devemos nos manter juntos, nos apoiarmos mutuamente.
Devemos ser perseverantes e fortes como a nossa querida e pequena Alexis.
Devemos ser humildes e felizes como nosso querido Jack.
E devemos sempre amá-los, sempre nos lembrarmos de seus momentos alegres e felizes.
Deixo-os aqui, esperando poder dar a vocês todos, a cada familiar, cada amigo, um pouco de consolo. Um pouco de carinho.
Como já dizia nosso Jack: “Que a força esteja com vocês”.
Lucian Platinus Valesti, Editor – Chefe do Expresso Polar.
Setembro de 2015.
Setembro de 2015.
Sorrindo para todos que pegassem o jornal estava uma foto de Alexis e Jack abraçados, fazendo aquilo que sempre faziam, sorrindo e acenando alegres.
E havia também uma foto de toda a turma junto: Alec, Oleg, Ozzy, Finn, Julie, Lucian, Liseria, Lenneth, Jack, Penelope, Parvati, Robbie, Leonora, Edgar, Alexis, Lawfer e Orion. A última foto com todos juntos, tirada no gramado da casa de Lucian, semanas antes do acidente. Um dos raros momentos em que Jack conseguira reunir todos.