Ozzy deixou a Atena com uma Parvati desacordada nos braços e sendo seguido por uma Leonora aos prantos, direto para a enfermaria da escola. Por sorte já estava tarde e não tinham mais alunos circulando no caminho que levava ao castelo. Quanto menos pessoas soubessem do ocorrido, menor teria que ser o controle de danos. E já estava ruim o suficiente uma república inteira ter sido alarmada.
- Quando chegarmos à enfermaria, não conte que ela tomou o vidro inteiro – Ozzy advertiu Leo – Deixe que eu falo com ela.
- Está maluco? Como ela vai salvar a Parv se não contarmos o que aconteceu?
- Se contar a ela que Parvati tentou se matar acha que não vão mandá-la de volta aquele manicômio hoje mesmo? – Leo não respondeu nada e eles chegaram à porta da enfermaria – Espere aqui, vai ficar tudo bem. Confie em mim.
Ele entrou na enfermaria e fechou a porta com o pé depressa, impedindo Leonora de entrar. A enfermeira veio correndo e levou um susto ao ver a palidez no rosto da garota e de como seus lábios estavam roxos. A aparência era de alguém a beira da morte. Ozzy a colocou em uma das macas e tentava parecer preocupado da maneira que a situação pedia.
- O que aconteceu com ela? – a enfermeira empurrou Ozzy para o lado e pegou o pulso de Parvati – Quase não está respirando direito!
- Ela está tomando um remédio para depressão e esqueceu que tinha tomado um whisky de fogo depois do jantar.
- Merlin, não se deve tomar isso com nenhuma bebida alcoólica!
- Eu sei, ela também, mas a aula do curso de auror foi tão exaustiva que ela esqueceu. Ela vai ficar bem?
- Não sei – ela pegou uma poção do armário e voltou depressa, empurrando pela boca de Parvati – Não sei mesmo. Ela ainda está respirando, isso é um bom sinal, mas misturar um remédio forte assim com álcool pode ser fatal. Ela vai precisar ficar em observação.
- O que eu posso fazer pra ajudar
- Não me atrapalhar está de bom tamanho – ela falou ríspida, mas pareceu se arrepender ao notar uma preocupação verdadeira no rosto dele – Ela não vai acordar agora, não há nada que possa fazer. Mando lhe chamar quando ela melhorar, mas por hora, volte para a sua república.
Ozzy olhou uma última vez para a maca onde Parvati estava desmaiada e saiu. Leonora ainda estava aos prantos e agora estava acompanhada de Robbie. Alec tentava acalmar os dois, sem entender o que estava acontecendo. Assim que pisou de volta no corredor os três correram até ele.
- Pelo amor de Merlin, o que aconteceu? – Alec perguntou angustiado – Leo não para de chorar e não consegue falar coisa com coisa. E Liseria entrou na Kratos atordoada atrás de Lucian e tudo que conseguiu dizer era que Parvati estava morrendo!
- Ela tomou 20 comprimidos do remédio pra depressão de uma vez só – ele respondeu sério – Tentou se matar.
- Merlin do céu! – Robbie caiu sentado no banco – Por que ela fez isso??
- Foi minha culpa! – Leo sentou do lado dele e os dois se abraçaram – Ela entrou tão atordoada no quarto e eu não dei importância, estava mais preocupada em escolher roupa pra um encontro!
- Não foi culpa sua, Leo – Alec sentou ao lado dela e afagou seu cabelo – Parvati vai ficar bem, ela não vai morrer.
- Como você pode ter tanta certeza disso? Não viu o estado que ela estava quando Ozzy a tirou do quarto. Estava tão pálida que já devia estar morta!
- Ozzy, é hora de contar a eles – Alec olhou o amigo com uma expressão séria e determinada – Não podemos ajudar muito se as únicas pessoas em quem ela confia estiverem no escuro.
- Contar o que? – Robbie olhava de um pro outro totalmente perdido – Do que vocês estão falando?
Os dois trocaram um olhar preocupado, mas sabiam que não tinham escolha senão contar a Robbie e Leo toda a verdade. Se queriam ajudar Parvati de verdade, eles precisavam saber. Ozzy sentou ao lado de Robbie e com a ajuda de Alec começou a contar tudo que tinha dito a Parvati minutos antes. A reação dos dois foi diferente dela. Primeiro não pareciam acreditar em toda aquela história de Imortais, mas depois Robbie se lembrou de já ter lido sobre o assunto e convenceu Leo. Em seguida ficaram chocados por saber que Parvati havia morrido no acidente. Quando compreenderam que os dois, junto com Oleg, tinham trazido ela de volta a vida e conseqüentemente a transformado em uma Imortal, voltaram a não acreditar.
- Ok, espera – Robbie ergueu a mão para interromper a história – Está querendo que a gente acredite que Parvati nunca vai morrer? Que vai viver pra sempre?
- Impossível – Leo apoiou o amigo – Isso não existe! A menos que você seja um vampiro, não é possível.
- Ainda pouco acreditou na história, porque agora não acredita mais? – Alec questionou e os dois ficaram sem uma resposta – Qual é a diferença?
- Porque você está dizendo que minha melhor amiga nunca vai morrer! – Leo respondeu como se ele fosse um idiota de não entender – Está dizendo que ela vai ficar eternamente linda e bela e sem rugas, e todos nós vamos envelhecer.
- Estão falando sério? – Robbie parecia estar absorvendo melhor a idéia – Ela morreu mesmo e vocês a trouxeram de volta? – os dois assentiram e ele abraçou Ozzy, enquanto Leo abraçava Alec – Obrigado por trazer ela de volta.
- Ela não estava pronta pra partir, não podíamos deixá-la morrer – Ozzy respondeu – Mas ela não gostou de saber, disse que a condenamos a viver eternamente com a culpa do acidente.
- Ela precisa parar de se culpar para aceitar isso – Alec completou – Ela não confia em nós, mas confia em vocês. Vocês podem ajudar.
- Ela vai entender – Leo secou as lágrimas – Vamos fazê-la entender que ela ganhou uma segunda chance e não vai desperdiçar essa!
- Sim, uma segunda chance – Robbie também secou suas lágrimas, mais calmo – Dessa vez vai ser diferente.
Os quatro continuaram conversando sobre os últimos acontecimentos e sobre como a vida de Parvati seria diferente. Seria preciso muita paciência para acomodá-la em uma vida que não pediu e claramente não queria, mas eles iam conseguir. Eles não concordavam em muitas coisas, mas uma era consenso: segundas chances são feitas para serem aproveitadas. E eles não iam deixar que a amiga desperdiçasse a sua.