Saturday, January 17, 2009

Saímos da reunião com Seth com caras de enterro, e fomos diretamente para nossa república sem falar nada. Annia andava ao lado do Reno e segurava a mão dele, dando apoio e ele parecia precisar. Parecia enjoado, também quem não fica enjoado quando sabe que tem um bando de vampiro vindo atrás de você??Você fica pensando nas tais mil coisas que tem que fazer antes de morrer, e sabe que se conseguir fazer duas estará no lucro. Que vontade de matar quem jogou esta idéia no mundo
Reno seguiu caminho com os garotos e eu e as meninas entramos na nossa república. Olhei para minhas amigas e mesmo Annia tão controlada tinha o mesmo olhar que o nosso: p-a-v-o-r!
E com tudo que sabíamos, quem conseguiria dormir?
BAM!
Bateu a porta do quarto e Vina e Nina entraram carregando umas sacolas enquanto eu estava martelando na janela com Evie me ajudando.
- Conseguiram tudo?- perguntei com boca segurando uns pregos.
- Sim, tive que tirar o fornecedor da cama, mas está tudo aqui.
Quando Vina virou uma das sacolas e o cheiro se espalhou pelo quarto, assumi um ar maníaco:
- Vamos espalhar o alho pelos cantos. Já espalhou as cruzes, Evie??
- Sim, acho que devemos fazer círculos de sal grosso ao redor das camas...
- Isso era para proteger os bruxos dos feitiços de invocação nos filmes não?- perguntou Annia, mas vimos ela colocar uma cruz toda brilhante no pescoço.
- Pode ser, Madonna, mas não custa garantir. - disse Vina cercando nossas camas, com pelo menos um kilo de sal grosso cada.
- Ah eu comprei umas estacas, será que precisa de martelo para acompanhar?? Não sei se tenho força o bastante para empurrar no coração. - disse Nina.
- A gente pode fazer umas adaptações, olha o que eu achei no quartinho de ferramentas, lá nos fundos, quando fui pegar os pregos...- Evie sacou uma daquelas pistolas automáticas que lançam uns 10 pregos por minuto.
- Podemos adaptar pra lançar pequenas estacas de madeira sagrada...- disse depois de ler o Almanaque de Pragas e Contra Pragas, quando Nina, deu um pulo no meio do quarto com um giz na mão, falando esquisito e começou a desenhar umas coisas no chão:
- Huh, pii, huh, pii, piii....inham, inham inham....sshhh, uácahxa, uácahxa, uácahxa.
- O que você está fazendo??- perguntou Annia, segurando uma réstia de alho, perto do coração.
- Diz aqui neste livro brasileiro: se você quer afastar os ‘frios,’ que são os vampiros, faça um ritual indígena, cercando todo o perímetro, com estas cruzes, e fazendo a dança pro Deus Uácahxa, e eles não sentirão o seu cheiro....- ela não precisou falar duas vezes, pulei para dentro dos desenhos que ela fez no chão, e não fui a única. As outras vieram juntas e ainda seguravam réstias de alho, Vina passava pelo pescoço.
Estávamos empolgadas em nosso ritual de proteção contra os vampiros, afinal cada um luta como pode, quando escutamos alguém bater violentamente na porta. Ficamos tensas, mas pegamos nossos apetrechos, prontas para nos defender, enrolamos réstias de alho no pescoço e seguramos estacas e apontando na direção da porta. Como não respondemos, a porta se abriu e nós gritamos junto com o ‘visitante”.
- Aiii!- e nos seguramos antes de acertar a Geórgia como se ela fosse um alvo de dardos.
- O que é isso tudo? Tão esperando um vampiro?? - gritou Geórgia e protegeu o peito de levar uma estacada, olhando em volta.
- Vocês tão fazendo uma reforma no quarto? Sabem que qualquer dano na estrutura poe a casa abaixo, e não precisamos de mais nada, literalmente, para isso não é?
- Reforma? Que nada, só estamos dando um ‘up’ no visual do nosso quarto. - disse Vina e eu, Annia, e Nina balançávamos a cabeça concordando, e como ela nos olhasse desconfiada, Evie completou fazendo voz triste:
- Você sabe que eu preciso me distrair e elas têm sido tão boas comigo que...- e tremeu o queixo. Foi o que bastou para Geórgia mudar a postura.
- Bom, se a reforma vai te deixar bem, e ainda não está no horário de recolher, podem continuar. Antes de sair, ela acrescentou:
- Er...Hum...Vampiros não costumam bater antes de entrar, as cruzes do lado de fora da porta não vão funcionar, além de serem muito feias.
Quando ela fechou a porta, olhamos umas para as outras e começamos a falar ao mesmo tempo:
- Talvez se puséssemos uns espelhos...
- Uma fonte de água benta...
- Acho que tem uns símbolos alquímicos aqui, que repelem o inimigo...

Eram tantas coisas para decidir que ficamos exaustas e decidimos ir dormir, mas não sem antes organizar os horários de vigília, afinal alguém tem que ficar de guarda e nos chamar para preparar as adagas.
Os vampiros podem até vir atrás de nós, mas vão nos achar de prontidão!