- [...] não deixe de beijar o seu amor, amante, namorado ou namorante, não importa. Um beijo diz muitas coisas que não dariam escritos nesse texto. Mas é bom lembrar que um beijo é um “lacre” de um tempo que está sendo vivido ou que foi vivido. Sela um documento que tem valor e não um simples ato que nada vale. Beijar é bom mesmo, daí as belas histórias que ficaram em nossas fantasias como a da “Bela Adormecida”! E quem não gostaria de ser despertado por um príncipe? – Lavínia fez vômito e atirou a “Bruxa Atrevida” para longe, mal-humorada. – O que me deixa impressionada é o fato de Annia ter aprendido TANTO, lendo essas porcarias.
- O que está acontecendo, Vina? Você certamente está com algum problema. Estamos todas encrencadas com o relatório da Mira, e eu pensei que você seria a mais desesperada. Não. Você está agoniada com outra coisa, isso sim. O que foi?
- Problema algum. Só não quero gastar todo o meu final de semana trancada aqui dentro! – falou entediada. Evie girou os olhos.
- Como se tivéssemos outra opção. – respondeu riscando algumas palavras no pergaminho que tinha no colo.
- Temos, Evie. Por que não vamos até o vilarejo tomar um chocolate quente? – sugeriu. Suas amigas se entreolharam desanimadas. – Vamos? Vamos?
- Por que você não vai com Ricard? – Nina perguntou olhando pela janela, e depois para Vina.
- É muito mais fácil eu tirar vocês quatro daqui de dentro, nuas, do que arrastar Ricard comigo até o vilarejo com um tempo desses!!!
- Não acho, Vina. Ricard acabou de sair da Osíris, e pelo jeito, não está indo em direção ao castelo... – Nina avaliou e Lavínia se levantou apressada correndo até o guarda-roupa para apanhar mais um casaco e par de luvas.
- Vocês estão me devendo um chocolate quente! – disse antes de correr em direção à porta do quarto.
- Nos cobre quando o tempo estiver melhor, e não tivermos um relatório como esse pra fazer! – Milla gritou assim que a menina saiu desabalada.
- Por que moramos em repúblicas diferentes e eu não estava com nenhum ânimo de sair da minha e ir até a sua só para “avisar que vou comprar penas novas no vilarejo”. – ele recomeçou a andar e a menina o seguiu. – Tudo bem?
- Estou entediada. As meninas estão fazendo o relatório da Mira, mas eu dei uma boa adiantada nele ontem à noite. Não queria ficar presa o dia todo na república. Está mesmo só indo comprar penas novas? – ela perguntou levantando os olhos.
- Também tenho que comprar tinteiros novos. – ele falou sacudindo os ombros e a menina riu. – Não é um passeio interessante. Por que não volta para a República e mais tarde eu passo lá para terminarmos o relatório juntos?
- Está me dispensando, Ricard?
- Não, Lavínia. Só estou dizendo que não vai ser realmente prazeroso ir comprar penas nesse frio.
- Como se fazer um dever em plena noite de sábado fosse uma opção interessante, não é? Você ouviu alguma coisa do que eu disse sobre estar entediada?
- Não. Mas podemos caminhar um pouco, não é?
- Não foi você mesmo que disse que era uma chatice? Vamos pelo caminho mais rápido e então podemos tomar um café, ou qualquer coisa quente.
- Vamos por aqui! – Ricard insistiu nervoso, a menina riu.
- Não estou a fim de me perder por essas ruas, Ric. – ela puxou a mão dele e o saiu arrastando até a Avenida. – Até parece que você está com medo de entrar aq...
- Por isso você não queria que eu viesse, não é? Queria que pegássemos outro caminho. Para me poupar?
- É. Para te poupar. Victor gosta de você, de verdade. Ele está sendo infantil. Acha que vai te esquecer se sair com outras garotas...
- Me poupe você, Ricard. Não vem com esse papo. Se ele REALMENTE gostasse de mim, não estaria engolindo a cara daquela...menina. – Lavínia respirou fundo e começou a voltar para Durmstrang, andando depressa. Ricard a seguiu. – Sabe que ele está ficando bom nisso? Quero dizer: já aprendeu a ser cafajeste. Me beijou naquela noite e fingiu que eu estava louca no outro dia. Falso. Cínico. Não vale nada.
- Espera aí, Lavínia. E se não foi ele? Vocês todas estavam muito bêbadas aquela noite... você pode ter confundido ele com mais alguém?!
- Do que você está falando?
- Seguir em frente. Não precisa me mostrar o caminho de volta. Vai lá, “comprar suas penas”. – a menina disse seca e seguiu sozinha o resto do caminho.
I learn every time I bleed
The truth is a stranger, soul is in danger
I gotta let my spirit be free
To admit that I’m wrong and then change my mind
Sorry but I have to move on and leave you behind
Lavínia entrou no dormitório e bateu a porta com raiva, indo direto para sua cama. Deitou, afundou a cabeça no travesseiro e abafou um grito. Suas amigas a olhavam preocupadas. Milla foi a primeira a se levantar e ir até a cama dela, sentando-se na ponta.
- Está tudo bem. Acabou. – Lavínia se sentou decidida na cama limpando os olhos.
- O que pretende fazer?
- Vamos sair?
- Vina... o relatório! – Milla disse como se quisesse lembrar a impossibilidade.
- Podemos terminar amanhã. Por favor? Podemos sair, dançar, beber whisky de fogo, conhecer pessoas novas... todas temos motivos para isso! Se lembram do aniversário do Ricard?
- Que John não fique sabendo disso... – Annia disse suspirando e abrindo um sorriso maroto logo em seguida.
- Não podem entrar. Sinto muito. – o segurança que estava na porta da boate abriu os braços barrando Milla, que se adiantava. – Só maiores de idade.
- O quê?... senhor, nós temos mais de 17 anos! – Nina colocou os braços na cintura pronta para discutir, mas não afirmou com bastante convicção. O segurança riu.
- Têm mesmo? Então se importam de passar por essa linha de idade aqui? Tenho absoluta certeza que se forem maiores de idade, nada vai acontecer, certo? – ele disse com simplicidade e elas se entreolharam.
- Você está duvidando? Podemos te derrubar agora mesmo. Somos cinco.– Nina continuou tentando não parecer nervosa, o que divertiu ainda mais o homem, que tinha pelo menos o dobro do peso e da altura dela.
- Bom... então vamos lá. – o homem puxou a varinha de dentro do terno. – Vamos duelar.
- Machista. – Nina disse com raiva e as outras a olharam assustadas. – Está falando isso só por que é homem, e para vocês, os shows são todos liberados. A última coisa que queremos é uma “festinha com os amiguinhos” agora, muito obrigada. Vamos arrumar outro lugar muito melhor que esse aqui. Vamos, meninas.
(Continua no próximo episódio...texto!)
N.A.: Tattoo – Jordin Sparks
Trecho adaptado do texto de Beth Valentim (Bolsa de Mulher).