OUTRAS ANOTAÇÕES DE LEONORA IVASHKOV
O fato dos simulados estarem próximos, não devia dar o direito dos professores, sem exceção, fazerem guerra psicológica para sermos aprovados, e isso estava me deixando nervosa. Não que eu fosse me matar de estudar, isso já estava resolvido mas sabe aquele clima ruim? Estava insuportável.
Fui passar o fim de semana com minha avó e quando voltei, estava mais animada. Quando entrei em meu quarto na república, encontrei Robbie esparramado em minha cama, enquanto Parv se arrumava.
- Hey! Achei que fosse demorar para chegar, estamos indo ao vilarejo, quer vir?- e enquanto eu depositava minhas coisas no chão, Robbie se aproximou curioso.
- Er...Léo...Porque você trouxe esta caixa para transportar animais?Você mata até bichos de pelúcia, não ia arriscar com um ser vivo não é?- disse Robbie e Parv parou para olhar e eu disse:
- Antes eu não tinha o animal certo, agora tenho. Apresento a vocês Mr.Deeds, ele vai morar conosco.- e abri a tal caixa, e ao ouvir um sssssssssssshhhhhhh, pulei para trás, junto com Parv e Robbie, e disse incerta:
- Ele deve estar um pouco assustado com o novo ambiente.É, só pode ser isso.- enquanto o gato após algum tempo, saía da caixa bem devagar e olhava ao redor.
- Você trouxe um gato adulto para cá? Parece que ele foi escaldado em óleo quente. Cadê os pelos? Cadê a cara de fofinho, como o gato de botas?- quis saber Parv e Robbie disse:
-É um Sphynx, é uma raça temperamental, o que deu em você?
-Ora, eu queria ter um bichinho de estimação e ele me pareceu o ideal, é de raça, tem classe.E minha avó já teve um destes, quando eu era pequena. Até hoje não entendo como ele foi sumir de dentro de casa...- e tentei pegar o gato no colo e ele me mostrou presas, arregalou os olhos, e arrepiou o couro, já que pêlo ele não tinha, como se fosse avançar. Recolhi a minha mão, que já tinha um arranhão cicatrizando:
- Mr. Deeds está nervoso…Deve ser fome…Acho que vou dar comida a ele, um peixinho talvez...- e Robbie me olhou incrédulo:
- Você não sabe o que dar de comer a ‘ele’?
- Ora, o vendedor só disse que ele era um gato ótimo, que comia de tudo e me deu até um desconto, só paguei 3 galeões por ele.
- Pelo amor de Lady Gaga, ela ainda pagou por ele.Porque isso não me surpreende?- suspirou Robbie.
- Ela não vai conseguir sequer tocar nele. Nada de peixe neste quarto, ele que coma lá fora. E já aviso que eu não vou dormir com um gato possuído, sou bonita demais para aparecer desfigurada nas paginas policiais.- disse Parv séria, e o gato dava outra daquelas olhadas maldosas.
- Ok, pode deixar, acho que ele terá mais privacidade num cantinho só para ele.
Me despedi deles, e tentei levar o gato para a cozinha. Claro que para conseguir isso, eu arruinei dois casacos, e dois pares de luva de couro de dragão.
-o-o-o-o-o-o-o-o
- Leonora...Hey, Léo, espera...- parei ao ouvir Finn me chamando.
- Por Merlim! O que aconteceu com você? Está pálida, com olheiras, está doente?
- Obrigada, Finnegan, você sempre sabe como me animar.- e ele me segurou pelos braços.
- Estou falando sério, o que aconteceu?
- Ele não me deixa dormir a duas noites, tem transformado a minha vida em um inferno, com aqueles uivos medonhos. - eu disse e acho que minha voz saiu chorosa.
- Eu vou quebrar a cara dele, quem ele pensa que é? Se vocês não estão mais juntos ele não pode te perturbar. - disse Finn irritado e eu respondi um pouco aérea:
- Robbie tem razão, Mr. Deeds não é um gato, é um ser maligno que fugiu dos infernos e veio encurtar a minha vida. E o pior, eu sempre penso que ele vai entrar no quarto à noite e me matar enquanto durmo, só por vingança.
- Quem é Mr. Deeds? E o que ele tem a ver com o fato do Callaham te perturbar?
- Enlouqueceu Finn? Estou falando do bicho que eu achei que era um gato, mas não é, Mitchell nunca me faria nada de mal. Deixa eu ir, ou vou chegar atrasada para a renião do grêmio, Parv já esta irritada por causa do gato, se eu me atrasar então...- fui embora para o castelo deixando Finn para trás.
Após a reunião do grêmio, sai da sala conversando com Parv e Robbie, sobre as idéias para o final do ano letivo, quando encontramos Mitchell parado fora da sala, e ele após nos cumprimentar pediu para conversar comigo. Eu concordei, e fiquei para trás, enquanto Robbie e Parv iam embora.
-Tudo bem com você? / Como você vai?- perguntamos ao mesmo tempo e rimos, Mitchell me encarou sério:
- Não vou me desculpar por algo que não fiz...- ele começou mas eu o cortei.
- Eu exagerei quando banquei a namorada ciumenta, não tinha este direito, peço desculpas pela cena.
- Mas você e o Finn não estão juntos, não é?
- Continuamos amigos. E espero ser sua amiga Mitchell, você é um cara legal e o tempo que passamos juntos...- e ele segurou as minhas mãos, me puxando para ele.
- Foi demais, Leonora.Eu queria...- nesta hora Finn se aproximou e me chamou:
- Hey Leo, tudo bem por aqui?
- Claro que está tudo bem, Finn. A gente se vê por ai, cowboy.- eu disse antes de me afastar de Mitchell e ir embora com o Finn.
Durante o trajeto, Finn e eu começamos a conversar, e quando vi nossas mãos estavam entrelaçadas, ao chegar perto da república, ele me puxou e ficamos bem próximos, eu acabei estremecendo, ele quis saber:
-Com frio ou com medo do gato?- e eu respondi dramática:
- Ele me odeia, Finn. Um dia você vai ler no jornal que meu rosto foi todo desfigurado enquanto eu dormia. Você pode me emprestar um dos seus capacetes?- e ele riu me puxando para mais perto e me beijou. Quando me soltou eu disse:
- Foi um bom beijo, mas, ele não é um escudo contra o Mr. Deeds.
- Ele se foi, dei um jeito nele enquanto você estava na reunião do grêmio. Você vai poder dormir sossegada.- e arregalei os olhos:
- Como assim se foi? Você o matou?Que horror! Isso vai dar encrenca. Mas…Foi rápido? - quis saber sem esconder um sorrisinho de alívio, e Finn riu:
- Eu o dei para o dono da loja de animais. Ele adorou o bichano, e o gato se sentiu em casa, pulou no colo dele e não saiu mais.
- Ele pulou no colo do homem e não o arranhou todo? Peraí! Você deu o meu gato para aquela lojinha pobre do vilarejo? Finn, aquele gato me custou 3 galeões, uma fortuna...- bufei e ele respondeu:
- Acho que continuar sem dormir por causa dele, só 3 galões não vão pagar os seus vários cremes para tratamentos estéticos não é? – e como arqueei as sombrancelhas ele explicou:
- Conviver com Robbie, não me faz ser um total leigo sobre o universo das garotas. E acho que mereço um obrigado, por te ajudar com um problema da melhor forma possível e não uma bronca.- e eu acabei dizendo:
- Ok! Muito obrigada. - Tentei ir embora, mas ele me segurou:
- Você precisa entrar agora?- e passou as mãos pelos meus braços, e eu disse tensa:
- Gosto de você, mas eu mereço muito mais do que uns beijos escondidos hoje e amanhã você vai agir, como se eu fosse apenas a sua amiga, só para não queimar o seu filme com os garotos. Agradeço sua ajuda com o gato e...- ele me interrompeu:
- Gosto muito de você, e quando ficamos no fim do ano, isso só aumentou, só que foi mais fácil agir como um idiota e não dizer nada, os garotos diziam que eu devia ir atrás de você.
- Que garotos?- quis saber e ele explicou:
- Bem, Lucian e Jack diziam, já o Ozzy você sabe...é o Ozzy. Então quando a vi com o Callaham, achei que você estivesse apaixonada, e fiquei na minha, embora a minha vontade de soca-lo fosse imensa. E já que vocês não estão mais juntos...Gostaria de tentar?- e eu estava tão pasma que perguntei:
- Tentar o que?
- Namorar comigo Léo, você quer?- eu estava sem palavras e só me vi assentindo com a cabeça.
‘OI? Finn quer me namorar? E tem a aprovação dos amigos? É sério isso?’ “Mitchell, você é um gênio’.- era o que eu pensava antes de Finn me beijar novamente.