Sunday, June 05, 2011

- Parv, Leo, estão prontas? – Robbie entrou no nosso quarto – Vamos nos atrasar pra aula.
- Parv ainda está fazendo o dever da semana passada – Leo respondeu enquanto eu continuava rabiscando o pergaminho em um ritmo frenético.
- Vai escrevendo no caminho, já são 8:50 e vocês sabem que ela faz a gente passar vergonha quando nos atrasamos!

Robbie puxou o pergaminho da minha mão e desceu as escadas correndo, nos obrigando a correr atrás dele. Ele tinha razão, era uma péssima idéia chegar atrasado à aula da professora Mira. Ela era uma ótima professora, mas sempre que um aluno chegava atrasado ela o obrigava a pagar algum tipo de prenda. Da ultima vez que dormi demais tive que recitar Shakespeare antes que pudesse ir para o meu lugar.

Chovia muito naquele dia e tivemos que correr mais ainda e para facilitar nossa vida a sala ficava no 3º andar, mas chegamos às 9h em ponto. Ela já estava lá, como sempre, mas ainda estávamos no horário e ocupamos nossos lugares. Eu sentava debaixo da janela e na mesa do meu lado sentava o maior nerd do 6º ano. Se ele era um nerd, obviamente tinha feito o trabalho e estaria impecável.

- Anton, você fez o dever que ela passou? – perguntei em voz baixa, vendo a professora ainda sentada.
- Sim, você não? Vale nota.
- Não diga! – respondi irônica, mas ele não percebeu – Me empresta o seu pra copiar, não terminei a tempo.
- Não, vai ficar igual e ela vai ver que você colou e me dar zero.
- Não vai nada, só vou copiar a idéia principal, não as suas palavras – e antes que ele pudesse fazer qualquer coisa puxei o pergaminho da sua mesa.
- Parvati, me devolve! – ele tentou puxar de volta, mas debrucei por cima e bloqueei o caminho – A professora vai ver!
- Fica quieto senão não copio a tempo, ela ainda está do outro lado.
- Ela está se aproximando!
- Se continuar me apressando vou atirar pela janela e você vai ficar sem nota.

Ele parou de perturbar, mas quando viu que a professora estava apenas a duas mesas de distancia atirou uma pena em cima de mim. Levantei a cabeça e quando vi a professora de costas na mesa da frente dele entrei em pânico e ao invés de devolver o pergaminho a ele, o atirei pela janela. Em minha defesa, não tinha como devolver a ele sem ela ver. Ele congelou na hora e sentou de frente pro quadro, encarando a professora com os olhos arregalados.

- Cadê o seu trabalho? – ela perguntou quando ele não lhe entregou nada.
- Esqueci na república.
- Esqueceu não, ele foi abrir a mochila e caiu lá embaixo – me meti na conversa, me sentindo culpada.
- Ah foi? E como isso é possível?
- Tinha um bicho, ele se assustou quando abriu e jogou pro alto.
- Srta. Karev, vá buscar o trabalho do Sr. Dobrev que a Srta. atirou pela janela.

Levantei na mesma hora e corri até o pátio para recuperar o pergaminho, enquanto a turma ria. O pergaminho estava ensopado quando o encontrei, perda total. Ainda tentei usar um feitiço para secá-lo e consegui reduzir o dano, mas a tinta já estava toda borrada e só um milagre faria a professora compreender tudo que estava escrito. Voltei pra sala e entreguei a ela o que restou do trabalho dele.

- Foi mal, mas ela vai corrigir com carinho – falei quando sentei no meu lugar outra vez e ele só assentiu, meio pálido.

O incidente do pergaminho não foi mencionado durante o resto da aula e passamos o resto do tempo copiando uma matéria interminável que cairia no simulado de N.I.E.M.s. que teríamos em duas semanas. Ele estava me deixando um pouco tensa. Eu não era uma má aluna, mas Literatura Mágica não era o meu ponto forte. Era muito texto e a maioria deles cansativo demais, não conseguia prender a minha atenção. Só naquela aula ela estava recapitulando cinco coisas diferentes para o simulado e eu precisava tirar uma nota boa nele, ou seria obrigada a fazer aulas de reforço no verão. E aquilo estava fora de cogitação.

- Ok, até sexta-feira e não se esqueçam de estudar – ela dispensou a turma quando o sinal tocou e começamos a sair - já sabem o que vai acontecer com quem tirar abaixo de A no simulado.
- Ai meu Merlin, não posso fazer aula no verão, vai estragar todos os meus planos! – Leo começou a se desesperar quando saímos da sala.
- Também não, mas como vamos tirar uma nota alta com esse tanto de texto? – Robbie começava a entrar em pânico também.
- Muito simples, precisamos do gabarito do simulado – falei tranqüila e eles me olharam meio alarmados – Eu não vou me matar de estudar pra um simples simulado e colocar em risco minhas férias.
- Ah sim, você prefere colocar em risco sua permanência na escola no último ano – Robbie riu nervoso – Parvati, não inventa moda, por Merlin!
- Como você pretende conseguir o gabarito? – Leo perguntou interessada.
- Leonora, não dá corda! – Robbie a repreendeu, em vão.
- Entramos na sala do diretor e tiramos as provas do arquivo. Somos do grêmio, temos acesso à sala dele sem precisar dar uma desculpa à secretaria. E se não estou enganada, ele não está na escola hoje...
- Não, ele está em uma reunião no Ministério da Magia – Leo confirmou sorrindo animada.
- Vocês só podem estar loucas, vão ser pegas e expulsas!
- Ninguém vai ser expulso e se está tão apavorado não precisa ajudar, nós duas damos conta.
- Eu preciso da nota – Robbie estava em pânico.
- Do jeito que você é histérico, vai atrapalhar mais do que ajudar, melhor ficar de fora mesmo – Leo bateu no ombro dele, rindo – Não se preocupe, nós vamos dividir o gabarito com você.
- Não, parem de me tratar como uma menina de 8 anos, posso ajudar. Só me dêem algo simples.
- Vamos encontrar uma função pra você que não exija demais, mas agora vamos pra aula que não podemos nos atrasar pra uma aula da Mesic. Depois do almoço bolamos nosso plano infalível.

ºººººº

Todos os clubes do dia já estavam terminando e aproveitamos que a professora Yelchin estava tirando duvidas de uma aluna antes de dispensar a turma para sair antes de todo mundo. Nosso próximo horário era para reunião do grêmio e eu, como presidente dele, precisava estar lá. O que significava que tínhamos apenas 10 minutos para entrar na sala do diretor, copiar os gabaritos e chegar à sala de reunião. Robbie estava uma pilha de nervos, então o colocamos no final do corredor, vigiando a passagem para o escritório dele. Se alguém passasse por ali e desse sinal de que ia entrar na sala, ele deveria nos avisar.

Entrei com Leo no escritório do diretor Ivanovich sem problema algum. Como presidente do grêmio, e com a maioria das coisas relacionadas a ele guardadas lá dentro, eu tinha uma cópia da chave. A secretária já tinha ido embora, ela só ficava até as 21h, o que não poderia ser mais perfeito. Entramos na sala e iluminamos o local com as varinhas mesmo, para não chamar atenção. Eram muitos arquivos e foi muito difícil não cair na tentação de abrir o que indicava a ficha de todos os alunos, mas nosso objetivo não era esse. Leo encontrou a gaveta certa e puxamos a pasta com o gabarito de todas as provas do simulado. Espalhamos tudo no chão e começamos a copiar as respostas para um pergaminho em branco com um feitiço simples.

- Meninas? – a voz de Robbie saiu do espelho no meu bolso – Meninas, respondam!
- O que houve? Por que sua voz está apavorada? – já levantamos alarmadas.
- Vocês estão demorando demais!
- Tem alguém vindo pra cá? – perguntei ainda de pé.
- Não, mas pode vir alguém a qualquer momento e vocês não vão ter por onde sair.
- Se acalma, James Bond – revirei os olhos e sentei no chão outra vez – Já estamos terminando, vamos sair em menos de dois minutos.

As cópias ficaram prontas e guardamos as provas de volta na pasta, colocando exatamente na ordem que estavam e no mesmo lugar de onde as tiramos no arquivo. Já estávamos de saída quando um bilhete largado em cima da mesa me chamou a atenção. Era um lembrete da secretária do diretor sobre uma reunião com os pais dos alunos, e que ele deveria lembrar aos professores para atualizar a pasta roxa. Não entendi o que aquilo queria dizer, nunca tinha ouvido falar em pasta roxa. Robbie nos chamou no espelho outra vez, ainda mais agoniado, e deixei o bilhete pra lá antes que ele sofresse um infarto.

Ele soltou um suspiro de alivio extremamente dramático quando o encontramos e nos apressamos para chegar à reunião do grêmio sem muito atraso, para não começarem a questionar. Deveríamos discutir sobre os preparativos para a festa de fim de ano letivo, mesmo que ainda faltassem dois meses, mas tudo que conseguia pensar era na tal pasta roxa. Por que algo me dizia que aquilo não era algo bom?