Wednesday, September 19, 2007

‘Alguém sabe me dizer o nome da funcionária do Ministério da Magia Inglês que criou uma lei onde exigia que todos os bruxos nascidos trouxas fossem registrados?’ A professora Mira falou de repente, com um tom de voz irritado

‘Desculpa professora, mas o que isso tem a ver com a matéria?’ Georgia perguntou receosa. Era muito raro ver Mira Sakharov daquele jeito

‘Dolores Jane Umbridge’ Micah respondeu sem entusiasmo, como se saber a resposta para aquela pergunta não fosse gratificante

‘Exato Sr. Wade, está correto. E respondendo a pergunta da Srtª Yelchin, não tem nada relacionado à nossa matéria, mas gostaria de abordar um tema fora do contexto hoje’

Os alunos se aproximaram de onde a professora estava sentada e se acomodaram na grama, formando um circulo ao redor dela. Era comum as aulas de Literatura Mágica ocorrerem nos jardins, mesmo quando a neve cobria boa parte da escola. As aulas eram sempre dinâmicas e animadas, mas a de hoje prometia ser particularmente interessante.

‘Acho que antes de começarmos a debater o assunto que tenho em mente, devo uma explicação. Esta funcionária do Ministério Inglês, que voltou a trabalhar depois de ter sido afastada por dois anos e fez um verdadeiro estrago nas leis bruxas até muito pouco tempo atrás, esta desaparecida. DESAPARECIDA!’ Ela gritou e os alunos saltaram de susto ‘E deixou para trás uma lei que classifica centauros como feras. FERAS!’ Ela gritou outra vez e os alunos se encolheram assustados’ Alguém aqui considera um centauro como uma fera?’

‘Um centauro uma vez me atacou...’ Um garoto da Mannaz falou quase que com medo e todos olharam para ele ‘Mas tenho quase certeza que foi porque o provoquei’

‘Tenho absoluta certeza que foi atacado porque o provocou de alguma forma, Sr. Stankovic’ Mira parecia começar a se acalmar e encarou os alunos ‘Mas a questão não são os centauros. O fato é que um grande amigo meu de infância que mora em Londres vem de uma família trouxa, e teve que passar pela humilhação de ser interrogado enquanto tentava provar parentesco com algum bruxo. É claro que ele não conseguiu, então teve sua varinha confiscada e se viu forçado a fugir e se esconder em florestas, como se fosse um criminoso! Essa louca já foi afastada e suas leis começam a serem erradicadas pelo novo Ministro da Magia de lá, mas e as vitimas que foram feitas durante o período de tirania dela?’ Ela parou de falar outra vez e respirou fundo antes de continuar ‘Enfim, o assunto que gostaria de debater com vocês hoje é justamente essa discriminação que ainda existe entre nós, bruxos, com bruxos que não tem sangue puro. Acho o momento muito oportuno, pois pela primeira vez nossa escola está admitindo alunos mestiços e trouxas de nascença. Uma decisão tardia, porém mais do que certa’

A turma caiu em silêncio, e Evie sabia que estavam todos pensando nas mudanças que vinham ocorreram na escola desde o início de mês. Sem dúvida a mais comentada era de que agora Durmstrang abrigava bruxos mestiços e que nasceram trouxas. Ela não via problemas com isso, mas era óbvio que muitos alunos não aceitavam essa novidade. E foram justamente esses alunos que não se pronunciaram durante toda a aula...

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‘Minha roupa está rasgada?’ Micah puxou o casaco para olhar suas costas ‘Ou estou sujo de tinta?’

‘Não tem nada de errado com a sua roupa, por que a pergunta?’ Evie olhou para ele confusa

‘Então por que estão todos me olhando? Desde que saímos da aula de Literatura Mágica, vários olhos estão me seguindo, e não só de pessoas da nossa turma’

‘Ah, é porque você vem de família trouxa, e para eles é uma novidade’ Evie falou despreocupada ‘Acho que a maioria deles nunca sequer teve contato com um bruxo que não tivesse sangue puro. Vovô disse que o novo diretor está enfrentando a ira de muitos pais que não concordaram com essa novidade, que acham que Durmstrang não deveria abrigar esse tipo de bruxo’ ela parou de falar de repente, vendo que Micah estava parado olhando sério para ela ‘O que foi?’

‘Esse tipo de bruxo?’ A voz dele soou fria e ao mesmo tempo magoada ‘É isso que vocês acham que somos, não é? A escória da raça!’

‘Eu não acho isso, só falei o que ouvi e-’ ele a cortou

‘Me avisaram que as pessoas que estudavam em Durmstrang eram preconceituosas, mas eu não esperava isso de você, achei que era diferente’ Micah olhava para ela incrédulo

‘Micah, eu não penso como eles! Se quer saber, tenho muitos amigos trouxas e nunca me incomodei com isso!’

‘Que bonito da sua parte, fazendo amizade com esse tipo de bruxo’ Ele assumiu um tom de deboche que magoava ela ‘Você acha que não, mas na verdade é igual a todos esses esnobes e preconceituosos que estudam nessa porcaria de escola! E não precisa mais me ajudar com a matéria de Alquimia, eu me viro sozinho. Antes só do que mal acompanhado’

Micah virou as costas para ela e saiu andando com raiva em direção a Spartacus. Evie ficou parada olhando assustada e quando ele já estava fora de seu campo de visão, marchou urrando de raiva de volta para sua república. Ela sabia que ele era uma pessoa difícil, mas agora tinha passado dos limites!

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Evie entrou no quarto marchando furiosa e bateu a porta com violência, assustando as amigas. As quatro observaram a garota passar direto por elas e se atirar na cama, com a cara no travesseiro. O grito que ela deu foi tão forte que nem mesmo a almofada pode abafar tudo, e ele foi ouvido em alto e bom som. No mesmo instante elas correram para sentar na beira da cama dela.

‘Evie, o que aconteceu?’ Milla perguntou espantada. Ela nunca tinha visto a amiga agir assim

‘Acho que a pergunta mais sensata a se fazer agora é: o que o Micah fez dessa vez?’ Vina falou tentando não rir

‘O QUE ELE FEZ?’ Evie tirou o rosto do travesseiro e encarou as amigas. Ela estava vermelha de raiva ‘Ele só me chamou de ESNOBE E PRECONCEITUOSA!’

‘Primeiro: acalme-se’ Nina falou esfregando os ouvidos ‘Segundo: explica isso direito, porque está falando sereiano pra gente’

‘A gente estava voltando da aula de DCAT, eu ia ajudar ele com a matéria de hoje de Alquimia, e tinha um monte de gente olhando pra ele’ Evie abaixou o tom de voz e começou a falar

‘Porque ele nasceu trouxa, obvio’ Milla deduziu ‘Os alunos ainda não acostumaram’

‘Sim! Eu disse isso a ele na maior inocência e ele me acusou de ser preconceituosa!’ Ela ameaçou elevar a voz outra vez, mas se controlou ‘Ele nem me deixou explicar que não pensava como os outros, e ainda debochou de mim!’

‘Se ele acusou você de ser assim, só mostra que ele é um idiota que não liga pra ninguém’ Nina falou tomando as dores da amiga

‘Sim, é um imbecil, eu odeio ele!’ Ela urrou outra vez e Annia não conseguiu reprimir uma risada ‘O que foi?’

‘Fala sério Evie, você não odeia ele coisa nenhuma!’ Todas olhavam para ela agora ‘Você ta é gostando dele, isso sim!’

‘Por Merlin, não comece com as teorias mirabolantes, não estou com humor pra isso hoje!’ Evie respondeu revoltada e levantou da cama, respirando fundo antes de sair andando em direção à porta

‘Aonde você vai?’ Vina perguntou

‘Mostrar pra ele que ninguém fala comigo daquele jeito!’

As quatro ficaram observando Evie sair pisando forte pelo quarto e quando ela bateu a porta outra vez, correram para a janela.

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A porta da república Spartacus estava sem tranca e quando Evie entrou abrindo-a com força, Ty saltou assustado. Ele estava recolhendo alguns livros ao lado da porta e um deles voou longe com a entrada repentina da garota. E nem mesmo precisou dizer o que procurava. Ele apontou na direção da escada indicando que Micah estava no quarto e quando ela subiu irritada, ele e mais alguns garotos correndo atrás para ver o show.

‘É falta de educação entrar no quarto dos outros sem bater’ Micah levantou os olhos para ver quem entrava fazendo barulho e fechou a cara ‘Perdeu alguma coisa aqui?’

‘Quero falar com você’

‘Não tenho nada pra falar com você, acho que já deixei isso claro. Dá pra sair do meu quarto?’

‘Não, não vou sair sem antes você me ouvir!’

‘Não quero ouvir nada, vai embora’ Micah levantou para empurrá-la para fora do quarto, mas não chegou a encostar a mão nela

‘Você não me conhece e não tem o direito de falar daquele jeito!’ Ela já havia desistido de tentar se controlar e berrava com ele

‘Eu falo com você do jeito que eu achar que merece, e você não pode ditar isso’

‘Não pode coisa nenhuma! Quem você pensa que é?’ Evie avançou pra cima dele, perdendo a calma de vez

‘Quem VOCÊ pensa que é, pra botar o dedo na minha cara?’ Ele agarrou a mão dela e apertou com força, encarando-a bem perto ‘Deixe-me alertá-la de uma coisa, princesinha... Não é só porque você foi criada sem ouvir alguém contrariar suas vontades ou falar mais alto que vai ser sempre assim’

‘Larga minha mão, está me machucando’ Evie avisou olhando para ele com a mesma raiva que ele olhava para ela

‘Não’ Ele a puxou mais para perto e ficaram a centímetros um do outro ‘Não sem antes você pedir desculpa’

‘Não tenho do que me desculpar se foi você que me acusou de ser preconceituosa e me chamou de esnobe!’ Ela tentou puxar a mão, mas ele era mais forte

‘Está esperando que eu me desculpe?’ Ele riu e a deixou mais irritada ainda ‘Você que invadiu meu quarto e botou o dedo na minha cara, uma falta de educação’

‘Não vou me desculpar, você primeiro’ Ela ainda tinha a mão presa pela dele, mas começava a diminuir o tom de voz

‘Você é irritante, sabia?’

‘E você é um idiota’

‘Formamos o casal perfeito’

‘Nem sonhando’ Ela deu um soco no braço dele com a mão livre e conseguiu se soltar ‘Agora mesmo que você vai ficar sem ajuda com as matérias, procure outra pessoa pra te dar aula!’

‘Você também pode procurar outro otário pra te ensinar DCAT’ Ele alisou o braço e olhou sério para ela ‘E se me bater de novo, eu bato em você’

‘Você não se atreveria’ Ela desdenhou, mas sem muita certeza

‘Vai pagar pra ver?’ Ele deu um sorriso debochado para ela e Evie bufou

Micah ficou observando ela sair fuzilando os fofoqueiros com o olhar e fechou a porta quando Ty começou a rir, recuperando o mau humor e se largando outra vez na cadeira para tentar entender a matéria de Alquimia. Ela definitivamente não ia mais ajudar ele com as fórmulas...