Tuesday, December 11, 2007

Algumas lembranças de Ludmilla Kovac

- Eu não fiz nada de errado, acredite em mim. – dizia Iago me seguindo, enquanto eu andava até o vilarejo. Após uma noite mal dormida, ao me levantar para sair, o encontrei montando guarda na porta da Avalon. Embora estivesse todo arrumado, as olheiras denunciavam que ele não havia dormido. Mas não me importei, pois isso era pouco.
- Deixar-me plantada esperando por você, numa festa surpresa, não é nada sério. E quando você aparece está bêbado e com o colarinho sujo de batom. Não sou tonta Iago.
- Mas está agindo como uma. Quando digo que não fiz nada, eu não fiz mesmo. Só saí com os rapazes para comemorar o aniversário de um amigo.
- Claro, um programa de “homens” do pior tipo. Aposto que a idéia foi sua.
- Não interessa quem teve esta idéia. Mas eu só fiquei lá vendo as garotas dançarem, e pagava como todos, nem percebi quando me beijaram... - ele tentou me segurar, e eu praticamente rosnei de tão irritada:
- Poupe-me dos detalhes sórdidos Iago. – olhei para ele, percebendo algo:
- Então foi por isso que vocês nos atormentaram durante o dia todo para trocar todas aquelas moedas?- e ele ficou vermelho e disse num fio de voz:
- Foi...
- ARGH! Vocês são detestáveis. – eu disse empurrando seu peito.
- Lud, vamos conversar... - ele tentou argumentar, mas eu entrei na livraria e bati a porta com força na cara dele.

Alguns clientes olharam assustados, mas eu não liguei. Se Iago gostava de viver, ele ficaria longe de mim.

A livraria do povoado, tinha um café na parte de cima, onde as pessoas podiam pegar os livros ou revistas da semana para ler ou ficar conversando baixo, enquanto tomavam alguma coisa quente. Era uma área muito agradável e eu resolvi ficar por ali, dando um tempo para que eu me acalmasse e pensasse em algo que fizesse Iago sofrer. Arrumei uma poltrona confortável com dois lugares, perto da lareira e comecei a ler. Algum tempo depois alguém tampou meus olhos e sussurrou ao meu ouvido, me deixando arrepiada:
- Olá!
- Luka! Você é um bobo. – e tirei suas mãos dos meus olhos e me senti estranha.
Desde a nossa “conversa” em Hogwarts, não ficávamos tão próximos. Ele se sentou ao meu lado, e começou a falar sobre o time, discutimos táticas de jogo, e à medida que o tempo passava, e os assuntos iam mudando rapidamente, eu percebi que Luka sabia ser agradável quando queria. Volta e meia ele tocava em meus cabelos ou pegava a minha mão, que eu retirava embaraçada, e mudava de assunto.
- Vou embora, daqui a pouco esfria demais... – comecei a dizer, sem vontade de ir embora, e ele respondeu rápido.
- Eu levo você. - e saímos da livraria, e levantamos nossos casacos para nos proteger do vento frio.
- Acho que seu namorado hoje está descansando depois da noitada, então vou aproveitar pra curtir você. – riu quando fiquei sem graça e perguntei, sem parar de andar:
- Ah é? Quem te contou?
- Moro na mesma república dos novatos e eles têm... Um dom natural pra chamar a atenção. E o fato deles irem para uma noitada é normal, ou você acha que quando o time viaja, ficamos trancados na concentração? Karkaroff já deve ter te contado alguma coisa.
- Iago, não costuma falar do que vocês fazem quando viajam. Só sei que é amigo de Krum. – e a desconfiança que havia começado na noite anterior, agora era presente em mim.
- Ah! Grande Krum, conhece cada... Lugar. - disse rápido e eu estava voltando a ficar irritada. Ficamos andando por um tempo e acabamos mudando o caminho para voltar a república, passando por um beco. Andávamos apressados e de repente, eu tropecei, mas o fato de Luka estar bem próximo fez com que ele me segurasse, estávamos muito próximos. Ficamos nos olhando, e eu sorri, tentando me afastar:
- Pode me soltar, prometo não cair. – não consegui ouvir sua resposta porque ele colou os lábios aos meus. Minha primeira reação foi de choque, depois eu comecei a corresponder ao beijo, e quando me dei conta do que realmente estava fazendo, o empurrei com força:
- Porque você fez isso?- perguntei enquanto recuperava o fôlego.
- Gosto de você! E se você me der uma chance, pode vir a gostar de mim.
- Tenho namorado e gosto dele.
- Você correspondeu ao meu beijo, não negue. - acusou.
- Foi só uma reação instintiva... – falei rápido.
- Pois então não lute contra seus instintos. Fica comigo.
- Não vamos ficar juntos Luka, pare com isso, se gosta de mim. – virei-lhe as costas e saí correndo, como se com isso pudesse apagar os últimos momentos da minha cabeça. Mas eu sabia que não conseguiria mais olhar Luka, sem lembrar do seu beijo ou da sensação intrigante que ele me despertou.

A noite é muito longa,
Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer.
Será que alguma coisa,
Nisso tudo, faz sentido?
A vida é sempre um risco,
Eu tenho medo do perigo.

N.A. Lágrimas e Chuva, Kid Abelha