Estávamos de volta à rotina, mas alguns professores ainda estavam no clima das olimpíadas. Era o caso do professor de TCM, Isaac Assimov. Poucos alunos não gostavam da aula dele, o que fazia com que suas aulas mesmo durante os nossos invernos, contasse com a turma quase completa.
Estávamos na tenda usada para as aulas, próxima á floresta e dentro dela havia fogo perpétuo dentro de grandes jarros de vidro transparente espalhado pelos cantos, para aquecer o ambiente. Desde o final dos jogos, eu e Luka trocávamos palavras normais tantos nos treinos quanto durante as aulas, mas volta e meia eu o surpreendia encarando-me insistentemente, mas eu tentava ignorar. Meu receio era que assim como minhas amigas perceberam o que ele andava fazendo, outros poderiam perceber o mesmo e se esta história chegasse aos ouvidos de Iago, poderia haver confusão. Voltei minha atenção para o professor e prestei atenção na aula:
- Muito bem, meus caros alunos. Os jogos acabaram e nossa escola foi muito bem, graças ao empenho de vocês, mas como disse o sábio... (momento de suspense) A vida continua (rimos), e como sou uma pessoa que gosta de incentivar todas as formas de aprendizado, hoje teremos novidades. Todos se agitaram e ele pediu silencio para continuar:
- Separem-se em grupos e dêem uma volta pela floresta, e observem os animais se preparando para hibernar. Hoje será para observar, não quero que capturem nada (e olhou diretamente para Ty e Micah que sorriram travessos), e depois quero relatórios escritos sobre tudo o que virem, e caso algum de vocês se sinta ameaçado, lance um jato de faíscas vermelhas para o alto, que eu ou os guarda-caças os encontramos. Esta aula não é só para passear e bater papo. Temos o propósito de identificar as áreas onde a comida parece ser mais escassa para os animais, assim antes do inverno poderemos espalhar comida para ajudá-los a sobreviver. Podem ir.
Micah, Ty, Ricard, Victor e Parker, formaram um grupo e foram para a floresta. Eu, Vina, Nina, Annia e Evie fomos atrás deles e íamos conversando baixinho:
- Vina não acha que esta sua briga com Victor e Ricard já durou tempo demais?- perguntei.
- Embora vocês não acreditem em mim, nada disso foi culpa minha. É só eles admitirem seus erros, que eu vou pensar se os desculpo.
- Mas quem tem que pedir desculpas é você Vina, e sabe disso muito bem, por isso anda com um péssimo humor. – disse Annia e Vina olhou feio para ela.
- Não é porque você trocou uns beijinhos com o Ty que você pode dar palpites nos relacionamentos alheios, Anastácia.
- Não posso dar palpites, até porque os tais “relacionamentos” não existem mais. – disse Annia, e Evie se intrometeu, antes que o assunto saísse de controle:
- Garotas não vamos brigar aqui ok? Podemos assustar os animais, e o professor Assimov ficará irritado. – disse tensa.
-É... Vamos deixar pra rolar no chão quando for para fazermos guerra de neve ou andar de trenó. Desta vez com apostas hein? – eu provoquei e Vina fechou mais a cara e as outras seguraram o riso, enquanto continuávamos a andar.
Vimos quando os garotos pararam e observaram por um tempo alguma coisa, e após trocarem idéias, mudaram de rota rapidamente rindo. Vina movida pela curiosidade, acelerou o passo e nos deixou para trás. Achou o que havia atraído a atenção dos garotos e disse:
- Vejam, encontraram alguns animais e parecem amigáveis, estão vindo em minha direção.
Aceleramos o passo e quando vi os animais, abri os braços pára impedir as outras de se aproximarem:
- Vina, afaste-se devagar destes bichos. Não corra, não se agite. - disse devagar. E os bichos estavam a menos de 5 metros de onde ela estava.
- Porque Milla? Eles esta vindo para mim espontaneamente, podemos capturá-lo e ganhar pontos extras... Vem, bichinho fofo, bichinho bonitinho...
- O professor não quer capturas Vina. Especialmente se for um gambá. – eu respondi e Evie, Annia e Nina, deram alguns passos para trás, enquanto víamos uns 4 animais se aproximando dela.
- Sinto informar Milla, mas eu já vi um gambá, e estes aqui não são. Talvez ele seja um furanzão... Veja ele é todo cinza com esta carinha branca... Tão bonitinho...
- É a pelagem de inverno dele. Vina, faça o que estou mandando. Procure se afastar daí lentamente sem correr. Não os deixe nervosos.
- Por quê? Só pra você se aproximar e fazer bonito com o professor depois? - disse desdenhosa e os animais pressentiram a sua mudança de humor e mostraram os dentes, ficaram de costas para ela, levantaram os rabos e fizeram um barulho de bexigas estourando, e o ar se impregnou com o cheiro de ovos podres. - enquanto os animais saíam correndo Vina começava a chorar desesperada:
- Estou fedendo... Vou morrer sufocada com este cheiro... Minha asma... Preciso de uma bombinha... Preciso de um banho... - veio para o nosso lado e gritamos juntas:
- Fique onde está!
Lancei um jato de faíscas vermelhas e logo um guarda-caças nos achou. Ao sentir o cheiro resmungou, e nos mandou embora para a república. O cheiro estava se espalhando rápido. Quando chegamos em casa trancamos Vina num dos banheiros extras e nada do que ela usasse diminuía o fedor. Annia fez algumas poções, mas em vão, já não sabíamos a quem recorrer quando Micah e Ty chegaram.
- Não acreditamos quando falaram que vocês haviam mexido com uma família de gambás. – disse Micah rindo.
- Foi a Vina, achando que tinha descoberto uma nova criatura. Já tentamos sabão em pó, xampus variados, testamos até um para gatos, Annia já fez algumas experiências alquímicas, e nada faz o cheiro ir embora.- disse Evie.
- Vocês têm sopa de tomate?- perguntou Ty.
- Não acredito que numa hora destas, você esteja com fome Ty. - Annia disse incrédula.
- Ah, eu vivo com fome, mas a sopa de tomate é pra Vina. Isso tira o cheiro de gambá, minha avó usou isso quando meus primos mais novos adotaram uns filhotes de gambá contra a vontade da mãe deles. É científico isso, podem acreditar.
Olhamos meio incertas para ele, achando que fosse alguma brincadeira, mas como ele falasse a sério, fomos para a cozinha procurar o que ele queria. Ele achou pouco e saiu com Micah para buscar mais. Com as latas reunidas, enchemos uma banheira de sopa de tomate e tinha uma grande variedade: comuns, com letrinhas, estrelinhas, até em pedaços.Após alguns protestos irados, mergulhamos Vina na banheira, cheia de sopa morna. Depois de uma hora lá dentro ela saiu, e conseguíamos ficar no mesmo ambiente que ela, que disse menos irritada:
- Devo ter batido com a cabeça. Nunca fui aventureira com os animais que não conheço.
- Agora sabemos o que a gatinha sente quando Pepe Lê Peau a agarra nos desenhos. – zombou Micah e rimos. Depois mais animados, fomos para o castelo jantar, e embora Vina exalasse o cheiro de tomate, e Ty a chamasse de 'Bloody Mary', para atormentá-la, ela estava mais calma e não estava mais procurando briga.
Definitivamente, Vina estava numa maré ruim, e se ela não tomasse providências logo, a coisa iria se espalhar...